sábado, maio 13, 2006

ñññññ...

Estou de plantão e com muita, muita preguiça mesmo. Até de escrever. Uáááááááááá :-D
Tive a idéia de fazer dois supercomentários sobre CDs que escutei recentemente, mas acho que até isso vou deixar pra lá.

Posso dizer o seguinte: o CD Libertango, lançado por um grupo homônimo de tangueiros cariocas, não vale a compra. Achei legalzinho eles quererem ressaltar o lado mais jazzístico do Astor Piazzola, e só. O problema é que muitas das músicas do álbum têm letras, e não é nada fácil interpretá-las. Acho que o vocalista errou a mão em todas as faixas cantadas. Não sei se esse comentário se faz necessário aqui, mas eu detesto Balada para un loco. Urrgh.

E acabei de ouvir um lançamento do gaitista Toots Thielemans (clique aqui para acessar o site oficial. Ele tem um autógrafo stáile!), que eu não conhecia. Foi o que pude fazer para tirar uma música que ouvi na TV enquanto passava pelo setor de transporte daqui do jornal: abalou, tic tic tic tum, tic tic tic tum, tic tic tic tum, estou apaixonaaaaaaaaaadaaaaaaaaaaaa... É um CD com vários standards de jazz, gravados por nomes igualmente desconhecidos por esta blogueira (à exceção de Madeleine Peyroux, que canta superbem). E aí entra o Toots com uns arranjos de gaita. Não obstante algumas das faixas terem a maior cara de música-de-tiozão-sukita, o disco no geral é gostoso de ouvir. Bacana o suficiente para fazer a gente se esquecer dos refrões grudentos da Companhia do Calypso.

quarta-feira, maio 03, 2006

Os sentidos da arte

Soube ontem: a exposição Erótica – os sentidos da arte, que passou pelo CCBB do Rio de Janeiro, não vem mais a Brasília.

Não sei se está todo mundo sabendo sobre a mostra, ou sobre a polêmica com relação a algumas das obras exibidas ali, então vamos lá: Erótica reúne peças de todos os tempos, de diferentes técnicas (pintura, escultura, fotografia, etc.), tendências e criadores. Uma delas, em especial, causou a ira do grupo católico conservador Opus Christi, que chegou a usar um mandado de segurança para retirar a obra da exposição. Ela se chama Desenhando com terços e mostra vários órgãos sexuais masculinos desenhados com o objeto usado nas orações dos católicos. A autoria é da artista plástica Márcia X (1959-2005), que dedicou os últimos anos da carreira a retratar o pênis – de todas as formas que conseguisse. No site dela dá para ver a obra.

Outra peça que deu o que falar foi o homem por trás de uma imagem de São Jorge, retratado por Alfredo Nicolaiewski. No final das contas, a obra também foi retirada da exposição. Foi combinado entre os artistas que eles não deixariam a mostra vir a Brasília caso as duas criações não fossem reintegradas. Sendo assim, nós do Planalto Central perdemos a oportunidade de ver obras instigantes e diferentes.

Vários artistas, como a fotógrafa Rosângela Rennó, condicionaram a cessâo de suas obras à reintegração de Desenhando com terços ao acervo da exposição. Como isso não aconteceu, Erótica não virá mais para cá. A exposição foi vista por aproximadamente 55 mil pessoas em São Paulo e por mais de 90 mil no Rio de Janeiro.

Todo esse imbróglio me faz pensar em um poder de veto importantíssimo que está em nós – e que não tem nada a ver com os mandados de segurança, nem com a figura do censor que existia durante os anos de ditadura militar. Esse poder é muito mais simples: se uma obra qualquer nos desagrada esteticamente ou filosoficamente, podemos simplesmente virar a cara e não vê-la. O programa de TV está ruim? É só mudar de canal. A música desagrada os ouvidos? Há milhares de outras estações para ouvir. A obra de arte ofende os valores? É só não olhar para ela, pois.

A organização religiosa enalteceu a democracia que a permitiu ser ouvida – e que levou para longe dos olhos de seus integrantes as peças consideradas blasfemas. E, enquanto isso, por causa de um grupo limitado de pessoas, milhares de outras tantas vão deixar de ter acesso a várias produções artísticas – poder ver uma obra de arte, analisá-la, gostar ou não dela, também é um direito.

Particularmente, acho que nenhuma das duas obras pode ser considerada uma criação extraordinária. Essa do terço… entendo que a Márcia X quis chocar – e há quem tenha visto algo interessantíssimo ou megarepulsivo no desenho. Em mim, ela estranhamente não provoca nada. Já para a do Nicolaiewsky, tenho duas palavras: é kitsch e é agressiva. Dá uma sensação de flagra que eu não gosto muito. É uma pessoa desconhecida, fazendo algo íntimo, não é para todo mundo ficar vendo, né? (Se a visse na exposição, com certeza passaria para o próximo quadro. Poder de veto é isso, gente!).

Não sei como foi a exposição nas outras cidades (alguém viu? Deixe um comentário), mas o ideal seria que o CCBB deixasse uma sala separada para essas obras mais controversas (já que o pessoal topou bancar todas as escolhas do curador). Pelo menos o do Rio e o de Brasília têm estrutura mais do que suficiente para isso. Aí, era só botar um superanúncio dizendo que aquelas peças poderiam ser consideradas ofensivas, etc., etc., e que a pessoa estaria naturalmente livre para vê-las ou não. E botar uma censura etária para a exposição inteira, né não?

Mas com mandado de segurança não deve dar para fazer muita coisa. E certamente o banco não quis nem pensar na possibilidade de perder vários correntistas por causa de duas criações artísticas – sim, houve quem ameaçasse cancelar as contas no BB por causa da exposição.

É uma pena. Uma grande pena.


(Viu as obras de arte? Quer deixar um comentário sobre elas? Fique à vontade!)