domingo, outubro 29, 2006

Frase do dia

"Eu demorei dois segundos para votar. Mas aí demorei porque fiquei lendo os textos da tela, fiquei olhando a carinha do Lula mais um pouco..."
(De uma moça não-identificada na escola onde eu fui votar)

Obcecada por espirais



Hoje à tarde faltou luz em um dos pavilhões do CCBB e não consegui ver Ascension, obra que deu nome à exposição de Anish Kapoor no distinto local. Por isso, elegi como peças preferidas as de espelhos côncavos e convexos, que sempre produzem umas imagens muito doidas (me fazem lembrar de Uzumaki, a louquésima história em quadrinhos em que a população de uma cidade inteira é arrebatada por espirais).
Devo ter ido para essa exposição com um pouco de expectativa demais, porque cheguei lá e achei que certas peças nem eram lá essas coisas. Sim, o trabalho do indiano mexe mesmo com as referências que temos de material e imaterial, ilusão e realidade. Mas a brincadeira acaba rápido – como um alucinógeno que tivesse um efeito fraquinho. Perde a graça. Estou até na dúvida se volto lá na semana que vem para ver a espiral-mor de Kapoor – uma coisa feita de fumaça, que faz cachos no ar. Beijos a todos.



sexta-feira, outubro 27, 2006

quinta-feira, outubro 26, 2006

To do list

Reproduzo abaixo um e-mail que recebi hoje e adorei... Sim, é um grande exagero, mas também não deixa de ser verdade. O legal (hã?!) é que cada pessoa tem exigências pessoais a acrescentar a essas todas da lista. As minhas, entre tantas outras, incluem LER (jornais, revistas, sites incríveis, livros, etc., etc.), aprender a falar francês direito e malhar igual a uma louca (meia horinha de caminhada é pooooouco, gente). Qual é a sua?


Exigências da vida moderna (quem agüenta tudo isso??)

Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro.

E uma banana pelo potássio.

E também uma laranja pela vitamina C.

Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.

Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água.

E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.

Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão).

Cada dia uma Aspirina, previne infarto.

Uma taça de vinho tinto também.

Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso.

Um copo de cerveja, para... não lembro bem para o que, mas faz bem.

O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.

Todos os dias deve-se comer fibra.

Muita, muitíssima fibra.

Fibra suficiente para fazer um pulôver.

Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente.

E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada.

Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia.

E não esqueça de escovar os dentes depois de comer.

Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax.

Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.

Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma.

Sobram três, desde que você não pegue trânsito.

As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia.

Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).

E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando.

Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.

Ah! E o sexo.

Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina.

Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução.

Isso leva tempo e nem estou falando de sexo tântrico.

Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação.

Na minha conta são 29 horas por dia.

A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo!!!

Tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes. Chame os amigos e seus pais.

Beba o vinho, coma a maçã e dê a banana na boca da sua mulher.

Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésio.

Agora tenho que ir.

É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro.

E já que vou, levo um jornal...

Tchau....

quarta-feira, outubro 25, 2006

Bom dia!


Duas visões da Catedral de Brasília. Pode não ser a mais bonita do mundo, mas é bela, graciosa e nada opressiva. Já não era sem tempo de começarem a reformá-la...

terça-feira, outubro 24, 2006

Dois filmes


Um filme que me encantou e um que não considerei grandes coisas:
O maravilhoso é Pequena Miss Sunshine, que estreou no último fim de semana. É sensacional porque fez sucesso no Festival de Sundance, ou fez sucesso em Sundance porque é sensacional? Não sei, mas recomendo assim mesmo. Para quem ainda não leu, é a história de uma família absolutamente buscapé e freak, que vai de Kombi do Novo México até a Califórnia para que a caçula participe de um concurso de beleza mirim. Não sei por que, mas quando vi o trailer, me pareceu um filme meio deprê. Nada disso. A história diz muito sobre a importância da autenticidade em um mundo cada vez mais cheio de gente poser, e as atuações são bem engraçadas. Tem Toni Collette (bem mais magra do que em O casamento de Muriel), Abigail Breslin (a fofa que participa do concurso) e Alan Arkin, no papel de um avô tão surreal que ensina à neta uma coreografia... bom, melhor não comentar. E o filme ainda tem um site fantástico! Para ver, clique aqui.
O mais ou menos é Dália negra. O filme me impressionou tão pouco que, uma semana depois, eu já não lembrava mais o que tinha assistido na minha última ida ao cinema (hehe!). Em contrapartida, não o achei tão ruim quanto o repórter d'O Globo que fez a resenha para o Festival do Rio. As atuações, por exemplo, me surpreenderam positivamente (à exceção da atriz que interpreta a mãe da grande Hillary Swank). Scarlett Johansson está fera, mas essa é hors-concours, né não? O roteiro, em compensação, tem um quê de obra literária mal-adaptada. A narrativa é completamente picotada e, em alguns momentos, apresenta soluções vindas do lugar nenhum (como quando um dos policiais descobre o local onde a jovem atriz foi morta). Tenho certeza de que, no livro, esse caminho está muito mais bem apontado do que no filme. Esse descompasso entre o que se conta no filme e o que se lê no livro, aliás, também senti quando assisti a Moça com brinco de pérola – outra história protagonizada pela linda Scarlett. Minha cotação pro filme? Duas estrelas. E meia ;-)

segunda-feira, outubro 23, 2006

Horror e pânico

Recebi dia desses, lá no jornal, um disquinho que me pareceu muito bacana: Contos, cantos e acalantos, da Biscoito Fino (oba!), com produção musical do Tim Rescala, vocais de José Mauro Brant e participações especiais de Bia Bedran (que eu amo), Mônica Salmaso (idem) e Soraya Ravenle (quem?). A proposta, diz a contracapa do álbum, é fazer "uma aventura musical pelo folclore brasileiro". A capa era linda, o livreto também, ou seja, tudo para ser uma graça! Pensei: "vou propor uma matéria, fazer umas entrevistas fantásticas com esse povo, etc., etc.".

Quando começo a ouvir a música, no entanto, dei um passo para trás. A primeira diz assim: "Esse menino não é meu / Me deram para criar / O consolo de quem cria / É saber acalentar". À medida que fui ouvindo, começo a ouvir histórias sobre "tangolonomangos" que vão tomando conta de menininhas até que uma geração inteira de irmãs morre; meninos que choram de frio enquanto Nossa Senhora lava roupas no riacho e por aí vai. E, daí para a frente, o que a gente tem é uma sucessão de acalantos que envolvem seres das trevas, punhais, lágrimas em profusão, etc. Não que todas as faixas sejam assim, mas são quase todas. Tipo um roteiro de filme de terror, só que com a linda voz da Mônica Salmaso a embalar tudo.

Todos os cânticos, vale observar, são retirados do folclore brasileiro e, pelo que entendi, são cantados desde os séculos dos séculos da formação da nossa sociedade.

Admito que fiquei meio apavorada (por motivos óbvios) com as letrinhas contidas no disco. Eu não sei direito em que idade a criança começa a ter o entendimento das coisas ditas ali. Ao mesmo tempo, não sei se um pai ou mãe se incomodaria de contar esse tipo de história para o filho, ainda que ela esteja embalada numa melodia suave.

No fim das contas, desisti da propor a matéria. Afinal, como é que eu vou recomendar para o leitor uma coisa que não me desce de jeito nenhum?

Alguém, então, me sugeriu que eu discutisse o teor das músicas de ninar cantadas para as crianças brasileiras – o que também não gostei. Primeiro, porque isso é assunto para uma tese sociológica, antropológica ou pedagógica. Segundo, porque o terror dos acalantos não é exclusividade dos brasileiros. Uma das minhas melhores amigas trabalhou de baby-sitter na Alemanha e me contou algo do tipo: "No escuro, moram dois carneirinhos; um branco e um negrinho; se a criança não vai dormir, eles vão lá e mordem" (eita!!). Terceiro, porque se eu sair descendo o sarrafo em um disco de cânticos populares voltado para crianças, provavelmente serei linchada pelos aguerridos defensores do folclore nacional (bom, não que eu não seja uma, mas achei o CD um absurdo, e ponto final).

De onde se tem que anda difícil criar as crianças (foi o que disse outra amiga quando mostrei a ela o álbum). Pelo que tenho visto, os pais têm tido poucas opções de entretenimento inteligente para os filhos – tipo Sítio do Picapau Amarelo, Turma da Mônica, Daniel Azulay, Castelo Rá-tim-bum, etc. No mais das vezes, é optar por isso ou por ícones que não têm muito a ver com a nossa realidade. Essa amiga me falou de uns: Teletubbies, Barney, Backyardigans, aquele pingüim, o koala, a turminha do gelo, etc., etc. Eu, hein...

P.S.: Eu sei que essa foto de cima não tem nada a ver com o texto, mas eu queria botar uma imagem aqui. A foto foi tirada em São Miguel dos Milagres (AL). Clique sobre ela para ver uma versão maior no Flickr ;-)

Lembrando

Hoje é um dia muito importante. Há quatro anos, eu recebia meu diploma de jornaleira. Hehe :-)

Sim!

Meu primeiro post nesse novo template maravilhoso. Que delícia! :-)

teste

Acabei de mudar o meu blogger para o blogger beta. Será que muda alguma coisa ou é tudo falcatrua? ;-)

domingo, outubro 22, 2006

A tosqueira do sábado à noite

Duas coisas sempre me intrigaram na televisão brasileira. Uma delas era o porquê de certos jogos de futebol serem transmitidos para todo o planeta, à exceção da cidade onde estavam sendo realizados. Afinal, quem em Brasília (por exemplo) quereria saber de um jogo de futebol ocorrido no Rio Grande do Sul? A que carioca interessa uma partida organizada na Bahia? Etc., etc. Aí, descobri os torcedores distantes, como meus irmãos (gaúchos, crescidos em Brasília e torcedores do Palmeiras). Esses não vão poder ir ao estádio e não vão se contentar com os gols dos melhores momentos do Globo Esporte. Estão no direito de ver o jogo.

E, depois, alguém me contou que, se transmitirem o jogo no cidade da partida, ninguém vai ao estádio. Mas e se o ser humano quiser fugir da roubada que é ir ao estádio, se meter entre torcidas organizadas, se arriscar a levar copinho de xixi na cabeça e por aí vai? Ele não tem esse direito? Acho que tem. Mas não sou eu que vou reivindicá-lo. Afinal, futebol é um assunto irrelevante (essa foi a única coisa inteligente que Diogo Mainardi disse até hoje).

A outra coisa que provoca a minha curiosidade é: quais os critérios usados pela galera da programação da Globo para escolher os filmes exibidos sábado à noite? Tenho a impressão de que há alguém meio sádico por trás disso. Um pensamento do tipo "Viu? Quem mandou ser pobre, quem mandou não ter $ para sair à noite, para comprar um DVD, nem para alugar um DVD? Agora geeeeeeeeela, vai ter de assistir a um filme horrível no Super Cine".

Só esse tipo de lógica pode sustentar a exibição de uma gama tão limitada de títulos. Ontem, eu e meu irmão mais novo (que vê um monte de filmes na TV, embora passe longe de Super Cine) ficamos tentando delimitar o tipo de história que rola nos títulos exibidos sábado à noite. Chegamos aos seguintes argumentos:

1. Mulher bonita, porém solitária, conhece um homem bonito, inteligente, gentil e ótimo amante, praticamente um príncipe encantado. Eles saem, viajam, transam, trocam declarações de amor e se casam. Um belo dia, ele surta e se revela um porco insensível, um poço de ciúmes e obssessão. Ela não entende a razão e tenta fugir dessa roubada. Começa a perseguição, que sempre envolve pessoas correndo com cara de sofrimento, facas, revólveres, cordas e etc. Mas tudo acaba bem (com o cara preso para sempre ou morto). As cenas finais (sempre à noite) normalmente incluem viaturas policiais, pessoas enroladas em cobertores e muita chuva.

2. Homem forte, porém afetuoso, recebe uma notícia: seu irmão / pai / sobrinho / filho foi violentamente (e injustamente) assassinado pela máfia italiana / russa / coreana / japonesa. Ele jura, sobre o corpo do parente morto, que fará justiça com as próprias mãos. Afinal, a NYPD e a LAPD (ou qualquer outra polícia que o valha) são muito fraquinhas. Ele vai à caça usando suas armas e sua grande força física. Luta contra vários homens e, no final, não sem antes correr o risco de ter a mesma sorte que seu parente, consegue que os meliantes sejam presos, julgados, condenados ou simplesmente mortos. Opcional no roteiro: nesse meio tempo, ele conhece uma mocinha e eles se apaixonam.

3. Uma família vive feliz e contente numa casa até que, por um acaso do destino, descobre que há monstros / assassinos / assaltantes / almas penadas rondando o local. As crianças, sempre mais sensíveis, tentam alertar sobre o problema, mas são ignoradas a princípio. Depois, tudo degringola. Acho que posso pular essa parte da descrição, né? O importante é que, no final, acaba tudo bem. Pode ser numa noite de chuva, com várias viaturas policiais e pessoas enroladas em cobertores.

Eu queria muito saber porque há tão poucas exceções à essas histórias. Por que o cinema de sábado à noite (não só na Globo) tem de ser o depositório de toda a porcaria produzida por Hollywood? Raramente a gente vê na programação um filme brasileiro legal, uma comédia fera ou mesmo um clássico americano dos anos 40 / 50 / 60. De madrugada tem tanta coisa interessante – dia desses, eu assisti a Nove rainhas na TV aberta, e direto verifico que há obras bacanas passando às 3h, 4h da manhã.

Será que não dava para transmitir isso um pouco mais cedo? Não bastasse a pessoa não querer ou não poder sair no fim de semana, ela ainda tem que ficar se martirizando por isso... credo.

Ou será que os programadores das TVs fazem isso de propósito para as pessoas desligarem o aparelho e ir fazer algo mais interessante, como aproveitar a hora vaga para namorar um pouquinho? ;-)