Não entendo, nunca compreendi (nem pretendo) o prazer que a cultura escolar norte-americana tem na humilhação de quem é apenas um pouco diferente da média.
Que dirá, então, ser tímida, paranormal e de berço ultrarreligioso... em qualquer época. Se Carrie White fosse real e contemporânea, sua vida não se tornaria muito mais fácil do que em outros tempos.
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(Obs.: antecipar esse detalhe não estraga a emoção do filme; vocês vão ter que assistir para saber qual é a do baile, que raio de corda é esse e o que ele desencadeia).
No momento em que a língua de Hargensen é enquadrada lentamente em close, eu, que já não gosto de conversar com os filmes, explodi.
- Bitch! Que parte você não entendeu de "Não é para mexer com a Carrie"? Larga a guria de mão, #$%^&*(*.
Naturalmente, a vaca não me obedece.
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Antes do tal baile, chega a ser comovente o jeito como a protagonista tenta deixar de lado seu jeito de patinho feio, apesar da resistência que encontra por parte da mãe. Esse confronto dá origem a um dos diálogos mais legais do filme (os outros vocês veem aqui):
Margaret White: [referindo-se ao vestido de formatura da filha] Vermelho. Eu deveria saber que ele era vermelho.
Carrie: É rosa, mãe.
(...)
Margaret White: Dá para ver daqui as suas tetas imundas.
Carrie: Seios, mãe. Eles se chamam seios, e toda mulher os têm.
Mas criaturas assim parecem não ter direito nem sequer à auto-aceitação. Pelo menos não nos filmes e nos livros (o roteiro, que não deixa ponto sem nó, foi baseado numa obra de Stephen King) sobre as high schools e sua bizarra divisão entre populares e perdedores.
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Seria a história de Carrie algum tipo de alegoria para uma questão maior, como a da libertação da mulher ou da revolução de costumes nos Estados Unidos? Por motivos que talvez dariam um blog (e não só um post pequeno), fiquei viajando nisso. Mas só pode responder quem viu o filme na época do lançamento.
Se tiver alguém com esse perfil lendo o blog agora, fique livre para comentar.
(E quem não tiver pode escrever também...)
2 comentários:
A sorte que nós, freaks e geeks da mesa-que-ninguém-quer-sentar, muitas vezes temos é que os reis do futebol e as rainhas do baile ficam gordos, feios, álcoolatras e frustrados. Te mete. HAHAHAHAHAHA.
Falando em cinema, "Carrie" é do caralho mesmo. A cena que antecede o banho de sangue é uma das mais tensas que já vi na vida. They're all gonna laugh at you MY ASS. Acho pouco.
O livro também é incrível. O Stephen King faz uma montagem quase cinematográfica misturando os fatos presentes no filme com inquéritos de polícia, trechos de matérias de jornal da época, depoimentos, citações sobre ocultismo... - tudo fictício, claro, mas bem amarradinho. Se não me engano, o King era um fudido: casado, morando num trailer e de repente teve a ideia de Carrie. Pretty cool, uh?
Sei que bullying é coisa séria, mas se quiser ver esse fenômeno de um ângulo mais cômico, não deixe de ver (ou rever, sei lá) "Meninas malvadas". É um dos melhores teen movies que já vi - boboca, sim, com orgulho, mas com muita substância. Roteiro de Tina Fey (SNL, 30 Rock), inspirado no livro "Queen bees and wannabes".
Beijo!
Arthur,
Freak é quem não quer se sentar à mesa comigo e com você, que somos phynos e elegantchys. :o)
Desses filmes de escola, adoro o Todo Mundo em Pânico e o Não é Mais um Besteirol Americano.
No primeiro deles, só a direção de arte já seria o suficiente para me fazer rir. Exemplo disso é quando os personagens estão na cantina e o painel mostra o menu do dia: "Same old shit". Hehehe.
Do segundo, não me lembro de detalhes, mas sei que ri muito quando vi no cinema.
Sobre a nossa paranormal querida: parece também que o Stephen King quis desistir do livro, jogou-o fora e ele só foi publicado porque a mulher dele pegou os papéis no lixo. Não é louco???
Como diria meu pai... mais surreal do que essa história, só a própria Carrie.
Beijo!
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