domingo, janeiro 25, 2009

Léo

Meu primeiro personagem masculino. Enjoy.

Não repara não, hoje eu tô meio devagar, me deu uma dor de cabeça estranha mais cedo, e olha que eu nem estou para ficar menstruado. Huahuahauhauahuahuahuahauhauahuahauhauhauahuahuahuahuahauhauahuahuahuahauauhauhauhauhauahuaua... arf, arf, arf. Foi mal, eu tinha que fazer essa brincadeira. É nisso que dá ter três irmãs, mãe, primas, uma sobrinha, namorada, duas cunhadas, uma sogra supernova e umas 30 amigas. Já saí muito para comprar absorvente interno, externo, pequeno, médio, grande e até o hospitalar, que é gigante. Fiz tanto isso que perdi a vergonha. Fiquei mais sem-vergonha do que já era. Também conheço os efeitos colaterais do Ponstan, do Buscopan e de todos os remédios para cólica. Sei na prática o efeito de cada uma das alterações hormonais pelas quais a mulher passa num mês. Praticamente tirei um ph.D. em ginecologia.

Não virei ginecologista, mas esse negócio de viver com um monte de mulheres em todos os lugares, com todas elas chamando Léééo pra cá, Léééo pra lá, me mostrou uma série de coisas importantes, que vão muuuuito além do papo médico e daquele conselho de dar um tempo pra moça quando ela estiver com TPM.

Tenho formação de programador e desenvolvedor para a web e, curiosamente, fui parar numa empresa onde esse setor é 100% masculino e coalhado de nerds que, apesar de serem pessoas de caráter excelente, não pegam nem gripe. Num dia em que a minha namorada foi comigo a uma festa de fim de ano do povo do trabalho, deu o diagnóstico completo.

- Mô, tá explicado. Olha o visual deles! Já vi sapato social com meia esporte branca, camisa xadrez azul pra dentro da calça, com camiseta amarela por baixo, zíper aberto... Eles acham isso bonito? – ela me disse, segurando o riso.
- Você ainda não viu nada – retruquei.
- Eles sabem conversar, pelo menos?

Tive de explicar: não, não sabem. Esses aí precisavam de, sei lá, um curso de convivência com as mulheres. Primeiro, para sentir que elas não mordem. Basta saber observar, chegar, perguntar, falar, escutar, responder e não ser mala. Segundo, para aprender que usar meia esporte branca com sapato de trabalho, pagar cofrinho, ter pelos saindo pela gola da camisa e limpar o ouvido com tampinha de caneta Bic não são opções válidas. Sobre isso, qualquer uma vai saber orientar. Ninguém precisa ser metrossexual – a propósito, ô, palavrinha ridícula – para entender. Terceiro, para aprender que há mais na vida do que conversar sobre CVS, SVN, MVC, TDD, games, RPG, putaria online e outras coisas nerds bem típicas. Aliás, de putaria online esses caras entendem. De vida real, zero.

Outra coisa que o convívio com mulheres me ensinou, e na porrada, foi a diferença básica entre ser um cara maneiro, com quem tanto dá para bater papo numa boa quanto dar uns pegas, e virar um irmão ou um amiguinho gay. Porque existem diferenças entre esses dois últimos. O amigo bonzinho é aquele apaixonado que ouve todas as agruras da menina com o maior amor e só. Nunca vai ter uma chance real com ela, a não ser num momento de carência louca da moça – e olhe lá. Mané total. O outro é aquele com quem dá para falar de homem, fazer fofoca e compras no shopping, ir numa balada de electro cheia de drags, dançar até o chão e sentar no colinho porque nada acontece. Comigo não tem essa não. Sentou no colo, já era.

Mas até eu entender essas diferenças levou um tempo. É preciso saber a hora certa de falar e de ouvir, não ficar babando, fazer rir e, quando necessário, saber ter uma certa... Uma certa malandragem, não sei se essa é a palavra. Tem que saber a hora de encerrar o assunto quando ela começar a se lamuriar por causa do cara que você quer que saia de cena. Muita gente que eu conheço está acordando para essas coisas. Outros ainda nem se deram conta e estão virando irmãozinhos. Eu ainda penso que, um dia, se eu perder a paciência com o trabalho e não quiser fazer um concurso, ainda posso ganhar uma grana dando noções de sobrevivência a pessoas como aquelas lá da empresa. Posso dar umas palestras, umas aulas. Taí uma idéia. E o mais legal é que aprendi tudo isso de graça.

6 comentários:

Anônimo disse...

Valeu, Mari! Muito bom!
Adendo: nada vem de graça nem se aprende nada de graça. Se o Leo tem essa malemolência com as mulheres atualmente é pq um dia, lá atrás na história dele, foi à luta, teve q se vestir sozinho pra sair, tomou tocos, sobrou e ficou de amiguinho. E agora sabe se comportar, e sabe q não pode mais repetir certas coisas.
Pra concluir o comentário, espero e torço pra que um rapaz em especial leia este post, se identifique com os "colegas nerds" e aprenda a virar um "cara maneiro".

Mari Ceratti disse...

Oi, Bosco! Obrigada pelo comentário! Fico feliz que tenha gostado.
Por que você não manda o link deste blog para o rapaz em questão assim, como não quer nada? Aí ele vai poder ler e refletir. :-)

Anônimo disse...

Acho que não tem como alguém ler e não se divertir com essas crônicas.

caracol menina ~° disse...

uma dúvida: tens qualquer parentesco com o cantor Gustavo Ceratti?

:D

Mari Ceratti disse...

Solin, mi amor,
No lo tengo... :-(
beijos! :-D

Carol disse...

Mari!!!
Que beleza seu blog! Tá nos favoritos, já!
Amei os textos, hiper divertidos!
Beijos e saudades
Carol L.