Escancaradas por um vestido frente-única, as gordurinhas das costas da moça formaram uma dobra polpuda no momento em que encostaram no banco da igreja.
Era um dia de casamento. Templo cheio. Um mundo de olhos vidrados nos noivos.
Todos, menos dois: os do convidado que se sentava logo atrás e parou de fotografar a cerimônia para se concentrar unicamente, por um instante, no montinho de carne à sua frente.
Ele foi rápido. Mirou na dobra, esperou a luz verde no visor e, na impossibilidade de afundar os dedos em seu objeto de desejo, apertou demoradamente o botão da máquina.
Mais tarde, o fotógrafo levou a imagem foi da câmera para o computador, do computador para a impressora e da impressora para uma parede repleta de pequenos fetiches. Todos clicados assim, quase no susto, sem que ninguém em volta reparasse.
Já sem o terno do casamento, ele fez um estrago diante de sua mais nova aquisição.
7 comentários:
aramba, acho que esse foi o texto mais diferente que encontrei na blogsfera.
Gostei da forma simples e objetiva que você escreveu, não gosto de textos grandes na net.
Parabéns!
XD
E que estrago foi esse? Fiquei imaginando coisas tensas aqui!
depois que cagou, é foda!
Mister, o que quer que você tenha imaginado... foi exatamente o que aconteceu.
Realmente é interessante, diferente e intrigante. Gostei!
Sra. Jornalista gostei muito deste artigo. Vou ver os outros.
:)
Beijo de Portugal
Adoro textos com possibilidades. Textos [assim como esse] que me permite plural.
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