sexta-feira, dezembro 30, 2011

De gôndolas e tchauzinhos

Talvez não dê para ver bem na foto, mas tentei fotografar o momento em que um gondoleiro dá um megakick na parede para ganhar impulso e continuar navegando pelos canais de Veneza. Difícil dizer quantas vezes por dia eles fazem isso, mas imagino que sejam muitas, porque há embarcações à beça na cidade e o espaço é sempre estreito.

Desta vez, não rolou de eu pagar os 100 mangos necessários (no mínimo) para passear do jeito mais tradicional. Pão-durice pura, minha gente. Preferi usar os quase sempre lotados vaporetti e os meus pezinhos para escarafunchar a cidade. Mas vai que da próxima vez eu volto mais corajosa -- e rykah, claro -- e decido embarcar, né?


Por ora, me contentei com tirar milhões de fotos de gôndolas e seus condutores. Todos, aliás, uns supermalandros, uma bandidagem só. ;-) Não podem ver uma moça sozinha (ou dois passos adiante do marido/namorado) que começam a dar uns tchauzinhos, a mandar beijos pelo ar, a fazer elogios, etc., etc. Afinal, estamos na Itália, certo?

Por essas e outras, deixo uma dica valiosa aqui: foto dos caras, só se eles estiverem de costas, viu? A não ser que você esteja sozinha e queira receber acenos e outros que-tais.


Gente, talvez eu esteja sendo só mal-humorada, mas essa sinalização não merecia entrar para aquele rol de placas estúpidas? Tipo: estamos em Veneza, só gôndolas e outros barcos circulam por essa cidade, e tal. Ou tem alguma regra de ordenamento urbano -- para proibir ou permitir a passagem de gôndolas em certas partes, por exemplo -- que não entendi?

(Dia 1º de janeiro tem mais, gente. Beijos.)

quarta-feira, dezembro 28, 2011

A vida além do parque temático


Ver esse toco de gente -- vestido de minijogador de futebol -- ir para a escola, pertinho dos jardins onde rola a Bienal, acompanhado do avô (o de calça vermelha e colete) foi um dos momentos em que melhor pude comprovar: existe vida cotidiana em Veneza! Uhuhuhu. ;-)

Falo assim porque quem fica apenas nas áreas mais turísticas pode ter a impressão de que a cidade se resume a um mundo de gente espremida em paisagens de cartão-postal.

E de que Veneza, depois de séculos de existência, virou uma espécie de parque temático histórico do mundo: lindo, perfeito, mas com suvenires ruins (tipo camiseta do Che Guevara ou avental com o David de Michelângelo), restaurantes pega-turista e imigrantes vendedores de bolsas Prada falsificadas.

Mas basta se afastar um pouco dessa muvuca para descobrir ruas absolutamente silenciosas (afinal, não há carros) e preços bem mais baixos do que os cobrados na parte mais central de Veneza. Nas feirinhas de bairro, encontram-se coisas inacreditáveis: até banana por 1 euro o quilo (vinda da África) eu vi. E olha que essa cidade é a mais cara e de logística mais complicada da Itália.

Também por um 1 euro, ou pouca coisa a mais do que isso, você pode comprar um sorvete de pistache numa das sorveterias nos arredores desses jardins e do Parco delle Rimembranze, bem na ponta do bairro de Castello. Só cuide para que o dito cujo não seja da Antica Gelateria del Corso, uma marca presente em todo o país, mas que faz um gelato bem bobinho.


Não tenho muita paciência para ver missas e não falo italiano, de modo que a minha vontade de acompanhar essa da foto foi zero. Mas adorei ver as velhinhas locais e o padre reunidos no meio da rua, numa praça bem distante das mais famosas da cidade. Se não me engano, fica perto do Museu Peggy Guggenheim.


As fontes estão por toda a cidade e normalmente são usadas para encher garrafinhas d'água ou lavar o rosto. Mas essa aí da foto é dos cães venezianos, e ninguém tasca!

Na sexta-feira eu continuo. :-*

segunda-feira, dezembro 26, 2011

A minha Veneza


Veneza é uma cidade que -- como várias outras na Europa -- dá enormes mostras de todas as loucuras que o ser humano já fez para se proteger.

Em algum momento entre os séculos 5 e 6 d.C., quando se viram acuados pelos bárbaros, os então habitantes da região fizeram o quê? Refugiaram-se nas ilhotas (118, no total) de uma lagoa que desemboca no Mar Adriático, espremeram-se em todos os espaços possíveis e lá construíram um megaimpério marítimo.

(Uma enciclopédia conta bem melhor do que eu as coisas que vieram depois.)


Hoje, cada vez menos gente se anima a morar por lá: apenas 59 mil pessoas, contra os 175 mil registrados em 1951, segundo uma matéria que achei na web. Me passaram a impressão de ser gente de dinheiro antigo; muitos parecem estar só terminando de tocar os negócios da família ou esperando o imóvel valorizar satisfatoriamente para pegar as trouxas e ir embora.

É também uma turma difícil de interagir quando se está fora dos locais de maior fluxo turístico. Faz cara feia quando vê algum turista incauto (= Mari e cia.) chegar aos bares, restaurantes e sorveterias que, informalmente, são de uso "exclusivo" da população local.

Mais ou menos como se os turistas fossem os bárbaros modernos, de quem o atual povo do Vêneto se protege como pode.


Viajei para lá este ano e fotografei umas cenas do dia a dia (as turísticas vocês encontram nas boas publicações do ramo). Queria fazer uns posts para fechar o blog com dignidade (dramática! rsrsrs) e acho que vão ficar bacanas. Espero que gostem. Na próxima quarta tem mais.