sexta-feira, setembro 24, 2010

... e tomar banho de sol

Se Deus quiser, um dia eu morro bem velha, plastificada e direitinha, colecionando carimbos de passaporte, jóias, propriedades pelo mundo, cães exóticos, cartões de crédito e amantes novinhos (ops). Igual às senhoras aristocráticas paulistanas que almoçam na enorme mesa à minha frente, todas com seus cabelos moldados a secador e laquê.

A mais nova delas deve ter uns 60 e poucos anos.

A mesa é quilométrica, dessas organizadas para comemorar aniversário, e nenhuma ali tem cara de que vai precisar largar o prato ou a taça de champagne para labutar daqui a pouco. Pelo contrário: o negócio ali vai pela tarde toda.

Engata-se uma taça na outra, depois vem um docinho, um vinho do porto, uma agüinha com gás, um chocolatinho, mais uma taça de champagne e fim. Dali todas vão para o spa -- ou pelo menos gostaria de acreditar nisso.

Parece um episódio do Sex and The City em versão melhor idade, e ele é uma delícia de assistir! Principalmente quando se está acompanhada de dois colegas que também a-do-ram a cena toda.

Lá pelas tantas, confirmo que trata-se de uma mesa de aniversário porque rola um parabéns coletivo. Minha amiga fica bege.

-- Noooooossa, que desânimo... -- ela repara, com um vozeirão.

Não precisamos nem combinar: começamos a cantar junto com as senhorinhas e elas se voltaram para nós mais ou menos como Carrie Bradshaw e cia. ante a visão de um sapato caríssimo.

Se nos chamassem para a mesa, eu também não acharia de todo mau. Ou melhor: provavelmente, tentaria fazer a polida, mas sem me esforçar muito para isso, sabe?

Mas elas não convidam, só sorriem. E bebem mais champagne enquanto o dia avança, o sol queima e eu me junto mais uma vez à massa na cidade de São Paulo.

terça-feira, setembro 21, 2010

Contos do siso - Panorâmica

Primeiro, livre-se de tudo em você que contenha metais: presilhas de cabelo, brincos, piercings, correntinhas e anéis. Deixe de lado também aquele elástico de cabelo com aquela pecinha safada de metal. Tudo isso atrapalha.

Ponha-se de frente para o aparelho de raios-x, na distância exata entre você e ele. Segure as duas mãos nas barras. Um passinho para a frente, por favor. Não, não é necessário pular ou ficar na ponta dos pés para alcançar o apoio de queixo. Ele vem até você.

Próximo passo: morda o palitinho. Assim não, pô. Um pouco mais para a direita. Está vendo essa linha de luz vermelha? Ela tem que passar bem no meio do seu nariz. Isso.

Agora, coloque a ponta da língua no céu da boca e respire normalmente (?!). A partir deste momento, é proibido mexer, engolir saliva e -- principalmente -- passar mal de rir do patético que é se ver de cabelo bagunçado, nariz listrado e palitinho na boca em frente ao espelho da máquina.

Se você sobreviveu a essa maluquice, parabéns. Em pouco tempo, terá uma linda radiografia panorâmica em mãos. Pode ir para casa e escrever o seu post. Está liberada.

sábado, setembro 18, 2010

A cerveja está te vendo


Fotografei esse grafite (está mais para desenho feito a canetinha) na Avenida Paulista, na última terça-feira. Bizarra essa mensagem, mas eu gosto do jeitão meio cubista do desenho.

quarta-feira, setembro 15, 2010

Now that the day is over







Foi muito louco chegar de São Paulo e dar de cara com esse sol vermelho radioativo. Sou mezzo brasiliense, mas não me acostumo com esse céu nunca.

domingo, setembro 12, 2010

Nubentes - 2

Caraca! Ainda ficou faltando uma história para contar sobre o casamento narrado no post abaixo.

Depois da cerimônia, no começo do arrasta-pé, um garçom passou com petiscos quitutes do coquetel volante na frente de um amigo.

MEU AMIGO - De que sabor é esse salgadinho?
GARÇOM - Do que você quiser.

Era de queijo.

Nubentes

Num fim de tarde em Brasília, sentei-me na cadeira da moça que ia dar um jeito no meu visu para um casamento mais tarde.

ELA – Você gosta de maquiagem forte?

EU – Gosto.

ELA – Tá certo...

EU – Moça, eu só não quero entrar para a história como a mulher que foi a um casamento maquiada igual à Lady Gaga.

Ela riu.

Quando saí, senti que estava pronta para me candidatar a socialite na coluna social mais próxima. É por isso que adoro casamentos: eles são uma ótima desculpa para a gente fazer essas maluquices e tirar os vestidos e os saltos do armário.

No dia a dia, morro de preguiça de tudo isso: vestidinho, salto, maquiagem. Ser mulher dá uma trabalheira absurda.

............................................

Casamentos também são legais porque só neles a gente ouve palavras aparentemente caducas, como nubentes. Sério: em que outra circunstância você vê nubentes dita ou escrita por aí? Nem na Caras, que chama casamento de boda para só encurtar os títulos e as legendas...

............................................

Outra palavra que daqui a pouco morre por desuso é pajem -- que designa aqueles moleques de miniterno que entram na igreja para... Para quê mesmo? Para levar as alianças para a noiva, acho.

A festa aonde fui tinha um pajem superlindo, de 2 anos, no máximo. Um toco de gente, cuja fofura era inversamente proporcional ao seu tamanho. Desnecessário dizer que rolou um ooooooh coletivo, né?

Pois o garoto quase dá um piti e se recusa a entrar para cumprir sua missão matrimonial. Só muda de idéia quando a bandinha toca Meu Ursinho Pimpão.

Os convidados agradeceram soltando vários outros oooooohs!

............................................

PADRE - ...Assim encerro esta cerimônia desejando muita felicidade aos noivos e um fim de semana abençoado a todos os convidados. E que aqueles postulantes ao concurso do MPU consigam passar na prova...

Gente, essa foi inédita! Não sabia que a cultura concurseira de Brasília tinha chegado até as bodas.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Onça

Não sei ainda o que vou fazer com essa informação (um conto?), mas acabei de ver uma mulher vestida de onça, com maquiagem e tudo, andando numa calçada daqui de Brasília.

Eu estava com uma amiga, que não me deixa mentir: a figura estava de fantasia de oncinha e chinelo.

Adoro os personagens bizarros que surgem na noite!

quarta-feira, setembro 08, 2010

segunda-feira, setembro 06, 2010

... E do cor-de-rosa

Posted by Picasa
Nem gosto muito de fotos pelo celular, mas essas até que ficaram legais. Ipês amarelos e rosas devem ser as únicas coisas de que TODOS os brasilienses gostam nessa época de umidade relativa do ar a 12%.
As duas árvores ficam na Esplanada dos Ministérios.

Tem do amarelinho...

Posted by Picasa

sábado, setembro 04, 2010

Achei Dalziza



Geeeeeente, minha busca por Dalziza chegou ao fim. O nome se escreve desse jeito mesmo, com dois Zs, se é que é possível alguém real se chamar assim.

Dalziza é a antimusa do cantor maranhense Júlio Nascimento, autodenominado o furacão do brega (calma, essa história só piora).

Hoje voltei à cantina do trab só para tentar perguntar aos meninos a origem da música que eles dançavam tão animadamente ontem.

EU - Esse cara é famoso?
MENINO DA CANTINA - Nooooooooooossa, famoso demais!
EU - Mas onde?
MENINO DA CANTINA - Ah, no Nordeste todo.
EU (incrédula) - E ele tem vídeos no Youtube?
MENINO DA CANTINA (empolgadíssimo) - Tem muuuuuuuuuuuuuuitos!

E tem mesmo, todos postados por fãs tão fervorosos quanto o colega da lanchonete.

Quando surgiu um tempinho, comecei a assistir aos vídeos. E a chorar de rir.

Primeiro, porque Júlio Nascimento incorpora a figura do amante sofredor di cum força -- de longe, o que há de mais divertido entre os cantores do gênero. Nas músicas, ele é assumidamente seduzido, dominado pela mulher, passado para trás, seduzido de novo, traído em público, embebedado e assim por diante. É corno, mas em seguida veste o chapéu de viking e desfila na rua, tá ligado?

Depois, porque ele é, como vários outros companheiros de mundo brega, um ótimo cronista (a seu modo). Repare, se você for assistir ao vídeo e ouvir as letras, que Dalziza é prima de Leidiane. Essa última, por sua vez, é filha de uma mulher, digamos, danada.

Ou seja, na casa de Dalziza, é tutti buona gente! E cada membro da família tem uma música especialmente feita para ele. Genial.

Preciso só fazer uma correção: no texto abaixo deste, escrevi que a antimusa de Júlio Nascimento fugiu com a grana do garimpo. Ele até canta isso, mas em outra música -- e eu julguei que fosse tudo a mesma coisa.

É isso, gente. No próximo post eu volto à minha programação musical normal. Ou não.
Beijos.

sexta-feira, setembro 03, 2010

À procura de Dalcisa


A cantina lá do trab poderia ser uma fonte de histórias inesgotáveis para este blog se eu frequentasse mais o local.

Eu não deixo de ir lá por nojinho não, pô. É que eu pareço criança e gosto de ir trabalhar de lancheira. E gosto de lanchar vendo a marolinha do espelho d'água que fica na frente do prédio, por exemplo. Daí, não passo nem perto da -- como dizem os americanos -- cafeteria.

Mas voltando ao tema deste post: quando tenho de ir lá, quase sempre volto com uma história, como a do menino do chantili. Ontem, por exemplo, saí encasquetada com a música da Dalcisa.

Mermão, Dalcisa é uma pistoleira do pior tipo. Seduziu, corneou e ainda fugiu com o dinheiro que o namorado/amante/peguete juntou trabalhando arduamente no garimpo. E o cara ainda estava sentindo saudades dela.

Oh, céus!

Essa história é contada num forró/calipso sofriiiiiiiiiido que os meninos estavam ouvindo enquanto preparavam cafés, mistos-quentes, sucos, vitaminas e outros que-tais.

Assim que pude, procurei por Dalcisa no Youtube e no Google para tentar apresentar a música para vocês, mas não encontrei. Aparentemente, a saga da pistoleira-mor ainda é um fenômeno informal, pré-internet, disponível nas melhores casas do ramo bancas de camelô das cidades brasileiras onde ainda há garimpo.

Hoje quero voltar lá só para saber quem é o cantor que entoa essa história de amor tão malfadada. Com sorte, consigo a música para postar aqui.