sábado, julho 31, 2010

How can I tell you?



Como de praxe, não me lembro mais como descobri a cantora Liz Durrett e seu incrível cover de How Can I Tell You?.

A canção é de Cat Stevens, mas prefiro a interpretação de Liz por ser muito mais doce. Mas vocês podem ver aqui Mr. Stevens -- quando ainda não tinha mudado o nome para Yusuf Islam -- defendendo sua versão.

Enjoy!

quinta-feira, julho 29, 2010

Cantada no cartão


Sempre defendi que, a rigor, cantada boa é aquela que vem de quem você está a fim.

O resto corre automaticamente o risco de ser rebaixado à categoria de sub qualquer coisa, com todo o ridículo que faz parte do pacote.

Me ocorreu dizer isso porque sempre me lembro de duas amigas queridas e campeãs de receber uma modalidade peculiar de cantada. Não sei se isso ocorre em outras cidades... leitores de fora de Brasília, mandem-me o briefing, por favor. :o)

É o seguinte: quando saem para almoçar, às vezes recebem de desconhecidos uns cartões de visita corporativos com bilhetinhos atrás ("Notei como você está elegante hoje", por exemplo). A idéia fica clara. Se a menina gostar do comentário, retorna para o gentil mancebo.

O lance é que os cartões nunca são de lugares bobinhos. Quem deixa cartão na mesa é sempre analista de quelque chose em alguma instituição estatal de orçamento polpudo. Tem status. Ou quer parecer que tem.

Mais uma vez, a mensagem é óbvia: se você retornar a ligação para este número, encontrará um servidor público concursado -- de salário provavelmente inflado nos últimos oito anos --, estável e provedor.

Ou seja, praticamente um leão-macho-alfa nessa savana de prédios públicos modernistas, né?

Não que isso convença ou deslumbre as duas personagens principais desse post.

A mim também não convence...

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Outra amiga comentou ontem:

- Mari, toda vez que vou lanchar, um tiozão fica me secando. Ele é um velho babão e desproporcional, sabe? Deve ficar pensando que eu acho isso superlegal.

Até entendo que tiozões desproporcionais gostem de meninas formosas com um terço da idade deles. Mas continuo sem entender essa história nojenta das olhadas. Eu teria de voltar à vida velho e salivante para compreender. Argh.

O que me faz lembrar de outra coisa: os melhores olhares, aqueles que não incomodam nunca (não importa quão babões sejam) são sempre aqueles vindos de quem você está a fim.

Todo o resto implica num risco. Devo dizer: num grande risco.

segunda-feira, julho 26, 2010

Rodô

Na última sexta-feira, peguei um ônibus naquela que é provavelmente a estação rodoviária mais feia do mundo: a antiga Rodoferroviária do Plano Piloto.

Quando digo que ela é a mais feia do mundo, não estou exagerando. Ela é encardida e entupida -- de todas as formas em que esses dois adjetivos puderem ser aplicados.

A única coisa que eu salvaria nela são uns azulejos de Athos Bulcão, numa parede para onde quase ninguém deve olhar. Cada peça tem uma estampa preta no formato que pode ser o de um telefone (mais exatamente daquela parte curva que se usa para falar, sabe?), de uma casinha ou de um hexágono. Veja aqui e me diga o que acha.

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Saí de Brasília na rodoviária mais feia do mundo e voltei para outra novinha, muito legal, inaugurada ontem. Nela há uma livraria de verdade, lanchonetes limpinhas, metrô na porta e, importantíssimo, espaço.

Depois fui ler no jornal que vários brasilienses tiveram dificuldade para achar o lugar e não gostaram da separação feita entre as áreas comum e de embarque. Como eu consegui encontrar tudo rápido -- principalmente o táxi para ir embora --, não vou reclamar de nada agora.

Uma das minhas torcidas é para que não deixem tudo abandonado e borrado de sujeira, como sói acontecer em várias outras construções daqui.

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A antiga estação foi desativada e deve ser reformada para abrigar instituições públicas. Só que não há nenhuma previsão para que essa restauração aconteça.

Daí vem a minha torcida número 2: para que os azulejos não apodreçam com o prédio original. O abandono sofrido hoje pela obra já seria de fazer qualquer artista chutar a tumba.

Athos não merece isso.

sexta-feira, julho 23, 2010

Momento de Decisão

Houve um dia nessa semana em que jurei pra mim mesma que só veria cinco minutinhos de televisão, porque estava com um sono abissal e precisava dormir cedo.

Mas todo mundo sabe que essas promessas de cinco minutinhos são as mais fajutas, né? É, eu também sei.

Comecei a ver um filme na tevê e ele era tão bom que só fui dormir duas horas depois.
A razão da minha insônia forçada se chama Momento de Decisão, ou The Turning Point, de 1977, vulgo tempo da mamãe mocinha.



Vamos desconsiderar a cafonalha que é esse trailer, pois naquele tempo eles eram simplesmente diferentes. Importante mesmo é a história, que lida com uma pedreira de sentimentos.

Em síntese, é a história de duas mulheres (interpretadas por Shirley MacLaine e Anne Bancroft) que, na maturidade, reavaliam os caminhos que tomaram na vida.

A primeira delas larga a carreira de bailarina quando engravida. E, anos depois, passa a ver a filha adolescente tornar-se o que a mãe nunca conseguiu ser. A outra consagrou-se profissionalmente, mas às custas da vida pessoal.

Simplesmente não há nada mais que elas possam fazer na vida. Nenhuma correção de rota é possível nas trajetórias das duas. E daí surge a tal paulada emocional. Vou falar de arrependimento e inveja só para ficar em sentimentos bem básicos.

O resto se desdobra ao longo do roteiro e por meio da atuação da dupla, que é incrível e deixa o coração apertado mesmo.


Não bastasse ter uma história complexa, Momento de Decisão tem cenas lindas de aula de balé, espetáculo de balé, ensaio de balé e o que mais você quiser ver relacionado à dança.

E tem o Mikhail Baryshnikov (tive de dar ctrl+c ctrl+v no nome dele) quase adolescente dando uns pulos incríveis! Recomendo demais.

Confesso que não entendi bem a indicação que ele recebeu ao Oscar de ator coadjuvante, porque o bailarino basicamente atua como ele mesmo e quase não fala. Mas... cada um com seus critérios. Não foi a primeira nem a última vez que a Academia fez umas manobras estranhas.

Não sei se o filme vai ser reprisado (deve ser), mas há de ser fácil encontrá-lo em DVD.
Basta procurar na prateleira de preciosidades antiguinhas.

segunda-feira, julho 19, 2010

C'est le nord



O prof de francês me falou algumas vezes do filme Bienvenue Chez les Ch'tis, traduzido no Brasil como A Riviera não é Aqui. Disse, entre outras coisas, que era ótimo, engraçado e campeão de bilheteria na França.

Fui assistir no fim de semana e comprovei: é bom mesmo!

Em resumo, é a história de um funcionário dos Correios que, para agradar à mulher, tenta ser transferido para a Riviera Francesa, no sul. Mas a única coisa que ele consegue é uma vaga em Bergues, no outro extremo do mapa.

O norte é retratado como uma espécie de inferno na Terra: gelado e cheio de gente estranha, que não fala a língua nacional, mas o ch'tis, uma espécie de francês chiado e torto.

As versões do título para o português e para o inglês não são lá essas coisas, mas ao mesmo tempo é difícil traduzir um detalhe cultural tão específico, né?

Gostei de tudo no filme, em especial de uma sequência em que o protagonista bate um papo não muito animador com um tio da esposa. Tem um pedacinho desse papo no trailer... reparem no jeito como ele diz "C'est le nord". Sensacional.

Tem muito filme ruim feito na terra de Godard e Alain Resnais, mas esse dá para ver sem medo. Vejam.

sábado, julho 17, 2010

Macabre

Vi uma coisa muito sinistra hoje: uma carroça pequena com todos os pertences de um mendigo.

O detalhe é que ela era cheia de estacas cobertas por cabeças de bonecas. Sério, eram várias.

Podem dizer que é arte ou reciclagem -- e até é --, mas antes de tudo o negócio tem uma aparência supermacabra.

O dono, para completar, estava bebaço e gritava umas coisas desconexas para quem passava na rua.

Daí que nem cogitei tirar fotinho. Melhor fazer o registro por escrito. Se eu um dia escrever alguma história que inclua um mendigo e sua carroça de bonecas degoladas, vocês já sabem de onde tirei a idéia.

Vamos esclarecer um negócio

Mulher também fala palavrão -- e quem é assim não tem muito problema de ouvir quando outras pessoas dizem um.

Acho esquisito esse negócio de homem fazer a respeitosa quando passa uma moça.
Tem um machismo aí no meio. E acontece direto.

Hoje, por exemplo, estava passando na rua no exato momento em que um cara, muito puto, resolveu mandar o outro tomar no meio do olho do alvado, anilha, apito, ás-de-copas, berba, boga, bogueiro, cagueiro, centro-das-convicções (hã???), centro-do-oiti, cesta, diferencial (hã??? -- parte 2), feofó, finfa, fiofó, fiota, fiote, fioto, foba, frasco (hahaha), fueiro, furico, loto, oritimbó, panela, pêssego, pevide, quiosque, rosa, rosca, roscofe, sim-senhor, tutu, viegas, zé-de-quinca.

Só que aí ele me viu, muito menininha, muito loirinha, etc., etc.
Aí, já era.
- Vá tomar no meio do seu... do seu... do seu ziriguidum.

Oi?????????????????????????

Amigo, essa foi frustrante até para mim, que teoricamente sou uma mocinha delicada, com ouvidinhos de flor, e não tenho nada a ver com a sua briga.

Juro que pensei em autorizá-lo, porque há horas na vida em que a gente tem de mandar o outro tomar no cu mesmo e não tem nada mais na língua portuguesa que expresse esse sentimento com tanta precisão.

Mas me deu uma pressa, uma preguiça, sei lá.

segunda-feira, julho 12, 2010

War Child



Aos 7 anos, o sudanês Emmanuel Jal se perdeu da família e virou soldado na guerra civil que arrasou o sul do país.

Hoje, com mais ou menos 30 (ele nunca soube exatamente em que ano nasceu), é um rapper que corre o mundo fazendo shows e palestras falando sobre o que viveu e sobre o que a terra de origem ainda passa.

A história do artista é comprida demais para contar num post. Por isso, vou deixar só a dica do documentário War Child -- que o GNT traduziu como Guerreiro da Paz -- e vocês vão atrás, ou não, se quiserem. :-)

Acho que o canal não vai reprisar o filme, mas dá para saber tudo sobre ele e fazer o download clicando aqui.

O clipe que abre este post é de Gua, música que lançou Jal em vários países. A gravação original parece ser bem mais bonita, mas o vídeo tem uns problemas. De qualquer forma, aproveitem...

Update / Esqueci de dizer: o filme é, como não poderia deixar de ser, triste pra caramba, mas tem momentos divertidos também. Como no momento em que o rapper volta ao Sudão e encontra uma espécie de versão pastoril do 50 Cent. É o cara que canta "Sou foda / Tenho centenas de bodes e exibo para a mulherada, etc.". Dá para não rir com uma figura dessas?

sábado, julho 10, 2010

Vazou


Não sei quanto a vocês, mas eu só recentemente soube da existência do Wikileaks, uma página em que qualquer pessoa pode divulgar documentos secretos contendo material de denúncia.

Leak, em inglês, é o verbo que se usa para falar do vazamento de informações.

Vou fazer um comentário rápido e megassuperficial porque ainda preciso fuçar mais e, principalmente, porque estou na correria!

O sujeito publica o material ali... e vê quem será o primeiro jornalista a prestar atenção no caso.

Para quem tem uma denúncia a fazer, pode ser muito bom, porque os riscos de exposição e de ameaças diminuem consideravelmente.

Para quem está na mídia, pode ser sensacional ou péssimo. Agora, informações quentes teoricamente chegam mais rápido para todo mundo, mas o gosto de ter uma notícia exclusiva e um material único se esvai.

Sem contar que a possibilidade de anonimato torna o processo de verificação dos dados uma droga, e fica mais difícil responsabilizar alguém que divulgue uma bobagem.

A seção About Us do site garante que nunca foram publicados dados incorretos ali, mas nem por isso dá para confiar 100%, né?

Por ora, ele tem dado origem a umas histórias interessantes, como esta.

Em síntese, é o seguinte: nos Estados Unidos, um soldado foi acusado de vazar um vídeo em que colegas atiram em iraquianos civis como se estivessem brincando de videogame. Nessa brincadeira, mataram também um fotojornalista e o motorista que trabalhava com ele.

Desde então, nada mudou muito no jeito como o grande país do norte conduz a guerra. Em compensação, o militar vai responder a um processo quilométrico.

E acho que vêm aí mais uns mil casos como esse.

Pergunte ao polvo

Depois de acertar quase todos os vencedores da Copa do Mundo na África, o polvo Paul ganhou um aplicativo na web!

Basicamente, dá para você perguntar qualquer coisa, desde que tenha apenas duas opções de resposta. Tipo sim x não, Dilma x Serra, casar-se x comprar uma bicicleta, etc.

Achei também uma boa solução para todas as almas perdidas que vêm a este blog porque não sabem se estão ou não apaixonadas.

O polvo responde, minha gente. É só clicar aqui.

quinta-feira, julho 08, 2010

The old fashion way


Ontem precisei ir a um dos vários incríveis shoppings da capital federal.

De longe, avistei uma loja de sapatos e o aviso de liquidação. Ou melhor, sale, para ficarmos na língua de Camões, né?

Pô, eu (bem como 99,9% da população feminina) adoro sapatos. Principalmente porque qualquer mulher pode comprá-los a qualquer tempo, esteja ela bonita ou feia, magra ou mais cheinha, desde que se tenha $$$, claro.

Fui olhar os preços: de R$ 150 para cima.

Me deu saudade de uma certa terra onde as liquidações são para valer...

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Chegou para mim um envelope cujo remetente estava escrito a carimbo.

Quer dizer, quem mandou provavelmente envia uma quantidade tal de cartas que deve dar uma certa preguiça de escrever os próprios nome e endereço 1 milhão de vezes.

Dentro, um texto jornalístico datilografado na máquina de escrever. Detalhe: não é o original, mas sim uma cópia em xerox. Fosse em mimeógrafo, eu provavelmente cairia pra trás (amo, ou amava, cheiro de papel que passou pelo mimeógrafo).

A fotocópia dá um ar ainda mais rústico às inúmeras marcações feitas à caneta: parágrafos, correções ortográficas, trocas de palavras e por aí vai. Isso sem contar com as anotações e recomendações ao editor escritas na margem.

Para completar, veio também uma foto recortada de outra revista, para ilustrar a matéria. Engraçado pensar: ainda tem gente que faz jornalismo desse jeito.

Ainda estou decidindo se acho a tal da correspondência comovente ou surreal. Só sei que não vou conseguir jogá-la fora tão cedo.

quarta-feira, julho 07, 2010

Desabafo rápido



Cansei desse cornetório de Copa do Mundo na minha orelha.

Ainda bem que já está quase acabando.

Numa hora dessas, só uma musiquinha beeeem tranquila salva a gente.

segunda-feira, julho 05, 2010

sexta-feira, julho 02, 2010

As duas crônicas que eu poderia ter escrito, mas não escrevi


Duas coisas aconteceram ontem e poderiam ter virado crônica, mas isso não rolou porque simplesmente não presenciei nenhuma das cenas -- o que é meio frustrante.

A minha primeira não crônica é a do menino da cantina que vive o momento de prazer supremo quando coloca chantili em todas as bebidas quentes servidas por lá.

Uma amiga descreveu a cena:

- Menina, é uma alegria, você vê no rosto dele. Ele sacode aquele negócio (como vêem, não temos a menor idéia do nome do utensílio usado para aplicar chantili no café) e faz a porção com o maior capricho do mundo.

Coincidentemente, eu estava tomando um capuccino naquele momento.

- Preciso ver isso AGORA.

Só que o chantilly guy estava ocupado no momento, e quem se ocupou de adicionar mil calorias ao meu capuccino foi um outro funcionário, que o fez sem grandes manobras.

Quem sabe eu não dou mais sorte na minha próxima ida lá?

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A outra história chegou mais tarde, por meio de uma outra colega:

- Gente, tinha uma mulher lá embaixo vestida de noiva, com uma placa nas costas escrita "Quero casar" e mexendo com todos os homens.

- Sério? - respondi.

- Sério. Mas ela já foi embora...

Pô, minhas crônicas não podem ficar fugindo de mim desse jeito.