sexta-feira, abril 30, 2010

Tonight the streets are ours




Quem passa pelo blog de vez em quando vai entender rápido por que fiquei muito a fim de ver este documentário (na verdade, o vídeo que está no site linkado é mais elucidativo).

Banksy é um grafiteiro que fez um monte de obras legais (e outras nem tanto) de street art na França e alhures (como na Palestina). Exemplos disso são os space invaders que se espalham por Paris e até por algumas cidadezinhas do interior. Fotografei uns quando estive por lá.

Além disso, é uma figura supermisteriosa. Por motivos óbvios, não se deixa fotografar nem filmar (a não ser que esteja de capuz e com a voz disfarçada). Mas um maluco francês chamado Thierry Guetta fez um milhão de vídeos de Banksy em ação e aproximou-se dele para tentar fazer um documentário sobre grafite e street art.

Guetta não contava com a possibilidade de tornar-se objeto do filme, mas foi isso que aconteceu em Exit through the Gift Shop. Se bem entendi os comentários todos espalhados na web, o documentário acaba tratando muito mais sobre como e por que o francês largou tantas vezes a família para seguir grafiteiros por aí.

Parece divertido. Tomara que estreie logo por aqui.

PS: o título deste post vem da canção de mesmo nome cantada por Richard Hawley e usada em um dos vídeos de divulgação do filme. Uma música muito bonitinha, por sinal.

quarta-feira, abril 28, 2010

Tevelisão - 2

Novelas são narrativas visuais tão primárias que não é preciso muito para entender a história.

Basta saber o nome dos personagens e alguns conflitinhos básicos -- mas isso consegue-se lendo os jornais (em papel ou online).

Semana passada, descobri que dá para ver tevê pela tela da esteira da academia. Na falta de algo melhor, fui ver novela, claro.

Me propus a assistir sem som porque: 1) A música no tocador de MP3 estava ótima; 2) Queria ver o quanto conseguiria captar da trama sem ouvir os diálogos.

Dá para entender tudo, é incrível.

Como ela é assinada pelo Manoel Carlos, naturalmente que a protagonista se chama Helena. Ainda há outras personagens que têm tido uma participação gorda na trama: Dora (Giovanna Antonelli), que é (ou era) empregada de Helena; e Luciana (Alinne Moraes), uma modelo que ficou tetraplégica depois de um acidente.

Em síntese, o capítulo reunia tomadas românticas com Helena e seu namorado (Thiago Lacerda) na praia (em Búzios), passeios e armações de Dora (grávida) na mesma praia e, no Rio de Janeiro, cenas de Luciana ouvindo conselhos edificantes para segurar a onda.

Ouvir diálogos pra quê? Completamente desnecessário. Já sei que são todos uma droga mesmo.

Em tempo: o Thiago Lacerda é uma porta como ator, mas como é bonito esse menino. Quem não vê novela não se lembra dessas coisas.

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Dia desses, dei carona ao Soroh, o ex-diagramador mais figura da redação.

- Tô seco pra assistir à última temporada de Lost. Uns amigos meus estão baixando - ele me contou.

- Nunca vi Lost. Todo mundo que vê fica escravizado, e eu adoro a minha liberdade - provoquei.

Como previ, meu carona ficou exaltado, lógico.

- Liberdade é o #$%^&*, Mari! Ser escravizado por Lost é muito bom!!!!!! - ele respondeu assim, com um monte de exclamações.

-
Companheiro, ninguém nunca me convenceu de que eu precisava de Lost. Tô fora! - enfatizei.

Ah, e não pretendo mudar de idéia tão cedo.

segunda-feira, abril 26, 2010

Tevelisão

A tevê daqui de casa não gosta de mim.

Sábado à noite foi a segunda vez que estivemos sozinhas, uma de frente para a outra, quando ela de repente deu um pipoco espetacular, seguido de queda de luz no apê inteiro.

Como andaram rolando umas faltas de luz na cidade e na quadra nos últimos meses, pensei logo se tratar de uma Hora do Planeta patrocinada pela companhia energética local. Mas aí olhei para os blocos da frente: tudo normal.

Ai, caceta (como diria uma professora lá da faculdade). Será que o marido pagou a conta de luz? Apavorei.

Resumindo a ópera, o porteiro veio ajudar e descobriu que o disjuntor da casa caiu porque a tevê queimou. Religou o bichinho e eu fui feliz para sempre. Sem tevê por alguns dias agora, mas tudo bem. Ela quase não me faz falta.

Ah: antes do tal pipoco, eu estava vendo a novela das oito. Não acompanho nenhuma delas há uns quatro anos, mais ou menos.

Será que tem a ver? hehe.

domingo, abril 25, 2010

Museu

Historinha atrasada, mas ainda boa.

Há pouco mais de uma semana, o DJ e cantor Moby deu um show superlegal em Brasília, ao lado do Museu da República, na Esplanada dos Ministérios. O museu, para quem não conhece a cidade, é a mais nova cuia invertida projetada pelo Oscar Niemeyer (ai, maldade). Está ao lado da Biblioteca Nacional, que nasceu sem acervo.

Ambos ficam numa pracinha onde sempre têm rolado uns eventos. De vez em quando, contratam um VJ para projetar imagens na cúpula do museu. Muito bonito.

Daí que estou dançando quando começo a observar dois meninos meio distantes, ambos bailando e se encarando longamente.

De repente, um caminha em direção ao outro (o que estava mais perto de mim), agarra-o pelo braço e convida:

- Bicha, vamos lá pro museu?

E não é que o outro foi?

sexta-feira, abril 16, 2010

Guents dy Rincon



Dica da Gabi, minha irmã cazaque: o Guents dy Rincon, formado por dois cabo-verdianos, um brasileiro e uma espanhola, faz apresentações bem animadas nas ruas de Lisboa.

O vídeo é giant, mas vale a pena pela música e pela reação da galera, que se empolga muito!

quinta-feira, abril 15, 2010

Fragmento de papo feminino

(Ouvi ontem. É sério!)

- E ele usa cueca com enchimento na frente e atrás.
- Jura?
- Juro.
- Uau, propaganda é mesmo a alma do negócio, hein?

segunda-feira, abril 12, 2010

Margaret and me

A maratonista queniana Margaret Okayo, 34 anos, é um toquinho de gente: tem 1,52m de altura e um percentual de gordura corporal compatível com quem passa a vida correndo. Vencedora das maratonas de Nova York e Boston e da Corrida de São Silvestre (em SP), só para citar algumas, ela chama atenção também pela simpatia. Sorri muito, quase o tempo todo, enquanto conversa.

Talvez isso seja natural dela. Talvez seja pelo fato de adorar o Brasil. Já veio aqui várias vezes e passou por Brasília ontem, para correr a meia maratona da cidade. Achou o clima da cidade parecido com o de Nairóbi, capital do Quênia.

- Os brasileiros são tão legais, tão doces, nos tratam tão bem. Vir aqui é uma oportunidade boa de trocar idéias e absorver técnicas, os atletas da África adoram - contou.

Eu queria ter conversado mais com ela, mas foi difícil. Bem ao lado do camarote onde os atletas esperavam pela premiação (Margaret ficou em segundo, atrás da etíope Zelalem Bekele), um Dinho Ouro Preto wannabe berrava (conseguiu estragar This Love, do Maroon 5, que amo).

Apesar da barulheira, ainda consegui comentar que o Quênia e a África estão nos meus planos de viagem e quis saber como era ser mulher no país. Ela riu.

- Acho que é melhor você ir lá e ver com os próprios olhos - despistou.

No Quênia, estupros, casamentos forçados e mutilação genital são ameaças com que as mulheres aprendem a conviver desde pequenas. E o esporte, claro, representa uma chance de ter uma vida um pouco melhor.

- Vá mesmo - insistiu ela.

Eu vou, Margaret. Apareço lá em Nairóbi qualquer hora dessas.

quinta-feira, abril 08, 2010

Na fila da vacina

Moça,

Eu bem sei que aparência não é tudo na vida, mas esse tufo de cabelo grisalho que brota da pinta do seu queixo está me dando nos nervos.

A gente podia fazer o seguinte, diga-me se você concorda: primeiro, passa-se uma tesourinha. E o resto se elimina com cera quente, que não dói nada.

Pode ser? Você parece ser simpática e agradável e coisa e tal, mas vai ser difícil eu sustentar uma conversa de muito tempo contigo, porque meu olho de revisora vai direto na sua pinta.

Valeu, companheira.

domingo, abril 04, 2010

Cozinha da alma


Soul Kitchen é mais do que o nome de um ótimo filme dirigido por Fatih Akin: é também o nome do restaurante "comandado" pelo greco-alemão Zinos Kazantsakis, interpretado por Adam Bousdoukos (à direita na foto), um cara que lembra um pouco o Selton Mello, só que de cabelo liso.

Escrevo comandado entre aspas porque o restaurante Soul Kitchen está mais para Kitchen Nightmares -- aquele programa do chef-celebridade Gordon Ramsay -- do que para qualquer outra coisa. Para começar, a cozinha é um nojo. Da comida, então, o que dizer? Já sei: tudo o que você imaginar congelado e temperado por quantidades industriais de creme de leite.

Mesmo assim, tem gente que vai lá, come, paga, acha o lugar uma maravilha e assim o jovem Kazantsakis segue a vida. Na verdade, o que ele quer saber mesmo é quando vai conseguir fechar o restaurante para acompanhar a namorada, Nadine, que está de mudança para a China e zero a fim de ficar sozinha do outro lado do mundo, transando via Skype.

No entanto, numa dessas reviravoltas que a vida dá, nosso anti-herói tem a chance de transformar o Soul Kitchen num local com (perdoem a obviedade) um bocado a mais de alma. De tosco, o restaurante se transforma em um lugar aonde eu adoraria ir na vida real: um galpão enorme com um chef maravilhoso, música boa (black music e rock) e publicidade em stencil grafite. Mais: começa a dar dinheiro e conquista até as autoridades sanitárias de Hamburgo, que antes queriam fechá-lo.

Seria tudo uma maravilha se Kazantsakis não tivesse, a milhares de quilômetros de distância, uma mulher loira e brava pressionando-o para que ele largue a Alemanha e vá para Shangai. Nessa situação de dúvida se apóia todo o filme -- que, além de dar uma fome danada, ainda revela trilha sonora incrível e diversas críticas à suposta eficiência do Estado alemão.

Para apoiar (ou sabotar) as escolhas do protagonista, surgem uma série de personagens: um amigo de infância um tanto quanto suspeito; o irmão de Kazantsakis, presidiário; uma garçonete meio doidinha... E não dá para esquecer o chef que salva o restaurante das ruínas, uma figuraça.

Essa turma, tão na corda bamba quanto o próprio dono do Soul Kitchen, dá ainda mais gosto a um roteiro que só peca pelo excesso de soluções fáceis, instantâneas, como os pratos do antigo restaurante. Sabe coincidência, grana que aparece milagrosamente, etc.? É por aí.

Mas isso não pode ser motivo para deixar de ver o longa, que ganhou o prêmio especial do júri no Festival de Veneza em 2009 e, em Brasília, está sendo exibido em apenas dois horários na Academia de Tênis. Se puder, corra e vá ver, que a obra merece.
Quer mais informações sobre o filme? Clique aqui.

sexta-feira, abril 02, 2010

Na 25 de Março - Último post da série


Enquanto F., meu amigo cearense, procurava botas para trilha numa loja da Rua 25 de Março, dei de cara com esse par horrendo de Crocs -- sem os olhos do pé esquerdo e, mesmo assim, ainda à venda na porta, ao lado de um monte de sandálias engraçadinhas.

Quando ele voltou para irmos embora (as botas da 25 de Março custavam o mesmo que as de Fortaleza), comentei:

- Detesto trazer máquina para cá, mas hoje era um dia bom. Vi uns Crocs que davam um post pro blog.

- Eu trouxe e te empresto. Mas será que não vão brigar contigo por tirar fotos da loja? - respondeu ele.

- Por tirar foto de um Crocs? Até parece. Se eles não venderem, não é porque eu tirei foto, é porque esse sapato é horrível.

Daí que peguei a máquina emprestada e fiz três fotos correndo! A qualidade não está lá essas coisas, mas pelo menos consegui... e ninguém pegou no meu pé.

Pra vocês verem que até Crocs visually impaired a gente encontra na 25 de Março.