terça-feira, junho 30, 2009

Vota lá

Reza a lenda que as mulheres pequenininhas geralmente são as mais brabas. A Naiobe Quelem, do Blog do Consumidor, está aí para comprovar o mito. Aguerrida, a garota publica quase diariamente uns textos e umas discussões legais sobre o assunto.

Ela convida a blogosfera para votar na seguinte enquete: em que circunstâncias você reclama pelos seus direitos?

Participe aqui. Eu já dei o meu voto. É facinho, gente: não precisa nem fazer cadastro.

segunda-feira, junho 29, 2009

Sabe translineação?

Lembra de quando a tia da escola ensinou a fazer translineação? É aquela separação de sílabas necessária quando você está escrevendo algo e vê que, embora a margem do papel já tenha terminado, a palavra não acabou ainda. E, portanto, ela precisa ser continuada na linha seguinte.

Quem trabalha com revisão de texto em veículos impressos toma um cuidado danado -- ou deveria tomar -- com a translineação de alguns termos. As minhas preocupações consistem na palavra disputa e em todas que comecem com c+u: curioso, cúpula, Cuba e por aí vai.

Alguém me disse em algum momento que leitor tem duas reações quando vê que o revisor dormiu num desses casos. A primeira é dar aquele risinho safado. A segunda é ficar indignado, entrar em contato com o veículo de comunicação, etc., etc., etc. Como não gosto sequer de pensar em nenhuma das duas possibilidades, redobro o cuidado na leitura das margens do papel.

E minha última frase antes de mandar qualquer página para a gráfica é normalmente algo do tipo: "Deixa só eu ver se não ficou nenhum c+u nem nenhuma dis-puta no texto". Isso virou uma espécie de piada minha e de quem trabalha mais perto.

Vou te contar: nunca, mas nunca de verdade, eu vi c+u nem dis-puta em nenhuma página que li.

Não que eu não tenha procurado: eles jamais apareceram mesmo. Quer dizer, jamais apareceram até a semana passada.

Num dia em que estava eu linda, loira e japonesa lendo umas páginas quaisquer, minhas translineações tortas favoritas surgiram plenas e reluzentes. Não no mesmo texto -- aí já seria loucura demais. Era c+u numa página, dis-puta na outra. A caneta foi voando marcar as sílabas que deveriam ser corrigidas.

Obviamente, eu e o diagramador (que monta as páginas para publicação) fizemos piadinhas a respeito da dupla descoberta. Não é reconfortante saber que certas preocupações têm a sua razão de ser?

sábado, junho 27, 2009

Piadinhas dos velhos tempos


De vez em quando, amigos com mais tempo de jornalismo que eu adoram contar histórias de quando as redações eram maiores e mais pândegas. Algumas delas me deixam pensando como é que as pessoas arrumavam tempo para fazer coisas básicas como escrever, revisar, diagramar e cia. enquanto tocavam a zona.

Não sei se esse tipo de coisa acontece em outros ambientes profissonais porque a minha experiência fora de redação inclui apenas dois escritórios supersérios e uma escola de inglês (onde eu passava mais tempo com os alunos do que com qualquer companheiro de trabalho). Vocês podem esclarecer a minha dúvida deixando um comentário logo ali. Agora, vamos aos truques das novas/velhas redações, companheiros.

Fulano de tal? É aquele ali, ó
É o seguinte: profissional novo pergunta ao colega veterano quem é o Fulano de Tal. Colega veterano aponta uma pessoa nada-a-ver-com-nada e manda o novato ir lá falar com ela(e). A tal pessoa nada-a-ver-com-nada poderia, a depender da própria personalidade:

a) Ficar titica da vida;

b) Encarar numa boa e apontar quem seria, na verdade, o Fulano de Tal correto;

c) Entrar na brincadeira e apontar uma outra pessoa nada-a-ver-com-nada como o sujeito a quem o novato estava de fato procurando.

Novato sofre, né não?

O Fulano de Tal é aquele ali. Cuidado, que ele é supergrosso
Essa é quase autoexplicativa, né? Quem é crédulo (ou medroso) e ouve uma dessas chega perto do outro falando fininho e quase pedindo desculpas por existir. Normalmente, o grosso em questão é um superquerido ou um fanfarrão (às vezes, os dois).

Fala bem alto com o Fulano de Tal porque ele é surdo
Essa também é autoexplicativa. Pense na quantidade de gente que não deve ter ouvido uns gritos proferidos por focas em todo o mundo...

Outras histórias - de pandeguice nas redações e de bom e mau jornalismo - estão em O Repórter e o Poder, de José Carlos Bardawil. Divertidíssimo sob um monte de aspectos, o livro inspirou esse post.

sexta-feira, junho 26, 2009

Busca

É tão esquisito entrar na televisão de blogueiro e ver que alguém (que não sou eu) digitou o meu nome no Google e veio parar aqui.

Só no Brasil, existem (que eu saiba) mais três mulheres com o nome igual ao meu: uma pesquisadora em Lavras, uma cantora de Passo Fundo e outra cuja atividade não me lembro agora.

Será que procuram por elas? Ou por mim?

E o que podem estar querendo saber de uma de nós quatro?

quinta-feira, junho 25, 2009

Mais ou menos assim

Três posts começados e nenhum terminado.
Dias de trabalho longuíssimos. E a morte de Michael Jackson no meio de tudo isso.
Que semana!

terça-feira, junho 23, 2009

De música e distância

Chegou agora há pouco, às 22h49, o seguinte e-mail:

Cat Power se apresenta dia 19 de julho na HSBC Arena – RJ

"A extraordinária cantora e compositora norte-americana volta ao Brasil depois das consagradas apresentações em 2007 e do sucesso de seu oitavo CD, Jukebox, em 2008. Chan Marshall, nome verdadeiro de Miss Power, nasceu em Atlanta, no estado da Georgia, em 1972. Passou muitos anos acompanhando o pai, também músico, pelo sul dos Estados Unidos, o que explica a influência do blues em seu trabalho. Reconhecida por suas canções angustiantes, calcadas no folk (...), fez seu primeiro show em Nova York em 1992 num pub no Brooklin. (...)

No Brasil, será acompanhada pela The Dirty Delta Blues, banda que também acompanhou a cantora em sua ultima passagem pelo Brasil. As guitarras de Judah Bauer (Blues Explosion), o teclado de Gregg Foreman (Delta 72), o baixo de Erik Paparozzi (Lizard Music) e a bateria de Jim White (Dirty Three) inserem referências de jazz, blues, folk e country no trabalho de Cat. O vocal marcante e quente da cantora dá uma roupagem encantadora a canções famosas e desconhecidas."

Amo a Cat Power. Das mulheres de voz triste da atual cena pop, nenhuma deixa o coração tão retorcido. Quando ela diz "My friend" em American Flag, então... a situação fica grave.

Um grande fã qualquer que não morasse no Rio de Janeiro provavelmente faria muitas coisas para vê-la de perto. Eu prefiro ficar longe, bem longe.

Temo os ídolos que vêm ao Brasil, criam aquela expectativa gigante (na mídia, nos fãs ou nos dois) e dão um show ruim ou sem-noção. A lista é tão grande que seria necessário um post só para ela. Ao que parece, a Cat (olha a intimidade) fez shows bem legais quando veio para cá no Tim Festival. Mas, ainda assim, acho melhor não me arriscar. Acho que faço melhor se deixá-la distante e altiva no meu altar pop.

A Cat Power que ecoa no meu MP3 ou no fone de ouvido do computador é perfeita e infalível. Não desafina, não perde o fôlego e repete a canção que eu quiser quantas vezes eu estiver a fim de ouvir. É bizarro gostar de alguém dessa forma, mas é assim que adoro aquela que há um bom tempo está entre os meus mais-mais.

Se o show for ótimo, vou ficar feliz pelos que foram. Se não for, não vai ter problema. Simples desse jeito.

segunda-feira, junho 22, 2009

Não tem champagne no biscoito de Champagne

Há uns mil anos (tá bom, foram só uns 20), logo depois que a minha família mudou de apartamento, eu acordei num dia chuvoso e feio e resolvi ir direto no pacote de biscoitos de champagne que mamãe comprou em algum lugar aí.

Naquele momento, aqueles biscoitinhos me pareceram a maior criação da história da arte: dourados, arredondados, com aquela crosta delicada feita de açúcar a cobrir a massa quase por completo. E ainda por cima o nome do produto indicava que havia champagne e glamour de verdade na receita. Tudo o que alguém pode querer num dia cinza.

O primeiro gosto, no entanto, foi totalmente aquém do esperado. O tal biscoito de champagne era uma coisa meio doce, seca, massuda. Comi por mais um tempo por pura teimosia. Mas nunca mais fiz questão dele.

E passei mais um tempão sem me lembrar dessas coisas até o dia em que me vi cara a cara com os tais dos biscoitos rosa de Reims (na região de Champagne).

O propósito deles é servir de acompanhamento para as taças de champagne que o pessoal toma (o biscoito é tão doce que deve ajudar o sujeito a não ficar tão bêbado). E a massa tem a incrível propriedade de não se desmanchar quando entra em contato com líquidos (uau). De modo que os usos e costumes locais mandam a pessoa mergulhar o doce no champagne de vez em quando e... bom, não é preciso mais nada, né? Basta ser feliz.

Os biscoitos rosa de Reims são assim. Vejam e vocês acreditarão que eles são bons.

Pois é, mas não são nada demais. Eles têm o mesmo sabor do meu biscoito de champagne da manhã chuvosa dos meus 7 anos. A diferença é que há um corante na massa. Pura aparência.

E, antes que eu me esqueça, não há champagne nos biscoitos de Champagne. A massa é a mais básica que se pode imaginar para um biscoito: farinha, ovo, leite, açúcar e fim.

O reencontro com a iguaria foi tão chocho que nem me dei o trabalho de tentar experimentá-la como manda o figurino. Melhor não.

O gosto da decepção é mesmo uma coisa muito esquisita.

domingo, junho 21, 2009

Champagne bom, champagne indie

Existem duas formas de conhecer a fabricação do produto que dá nome à região de Champagne, na França. A primeira delas é visitar as grandes caves, cujas sedes ficam nas cidades de Reims e de Epernay.

Moët & Chandon, Veuve Cliquot e Taittinger são as principais delas. Lotam de turistas do mundo inteiro (inclusive eu, rsrsrsrs). Por 10 euros, entrei na Taittinger, assisti a um vídeo em francês do qual entendi lhufas, fiz um tour guiado numa caverna (já usada pelos galo-romanos nos primeiros séculos depois de Cristo) cheia de garrafas, tirei umas fotos e... desejei loucamente o momento final da visita.

Aliás, acho que todos na turma estavam na mesma ansiedade.

Dá para imaginar o que acontece nesse momento, né? Depois de subirmos uns 600 degraus para voltar da caverna galo-romana à superfície, todos nós, turistas, bebemos uma tacinha de Taittinger ao pé da vaca.

E, depois, fomos gentilmente convidados à passar à lojinha, onde poderíamos adquirir mais daquele saboroso líquido a preços módicos (40 euros a garrafa mais barata, a de demi-sec).

Preferi tirar fotos da garrafona usada para batizar navios (imagem acima).

Dizem que quem visita uma grande fabricante de champagne fica sabendo automaticamente como são todas as outras. Por isso, resolvi partir para outro esquema, que, no fim das contas, me pareceu muito mais jogo: o dos Vinheiros Independentes. Batizei-o de champagne indie.

Os afiliados a essa associação são pequenos vinheiros pouco comprometidos com a criação de uma champagne que vá agradar desde o sultão de Brunei até o banqueiro paulistano (para isso, existem as grandes caves). Ao fabricar suas milhares (e não milhões) de garrafas anuais, se metem em cada etapa da produção e dão um sabor muito mais pessoal às próprias bebidas.

Esse espírito 'mão na massa' se percebe facilmente na visita a qualquer vinha indie. Estive em duas: a Laurent Gabriel e outra cujo nome não me lembro de jeito nenhum (atenção, engraçadinhos: a culpa não é do champagne).

A primeira é superfamília. Quase morri de timidez quando soube que as explicações sobre a vinha seriam dadas na sala de estar da turma, em meio a retratos de bebês. Quando a guia (uma moça mais ou menos da minha idade) veio trazendo a filha pitizenta, pensei: "Ferrou. Se o produto dela for uma merda, não vou conseguir disfarçar e ainda vai rolar aquela pressão básica pela compra".

Tudo melhorou depois que Marie, a guia, entregou a pitizenta para a mãe e contou a história dos pais. Em poucas linhas, é o seguinte: a mãe era dona de casa (acho) e o pai consertava o maquinário das vinhas dos outros. Um dia, resolveram ir atrás dos retalhos de terra das duas famílias e abrir a própria cave, que atualmente produz 20 mil garrafas por ano.

Eventualmente, Marie e o pai têm uns arranca-rabos porque ela prefere colocar mais uva chardonnay na composição, enquanto monsieur Laurent prefere a pinot noir.

A fábrica não é glamourosa. Mas o produto é tãããããããããão melhor. Constrangimento zero. E preços bem mais camaradas: cada garrafa custa 13 euros em média. Quase o preço do ingresso que a Taittinger cobra para te dar direito a uma taça. Comprei, claro.

A outra era um pouco maior e mais arrumadinha. Mas o tratamento não mudou muito. Rolou um papo com a dona da vinha, que ofereceu biscoitos cor de rosa para acompanhar a bebida. Champagne gostoso e barato também. Recomendo demais.

sexta-feira, junho 19, 2009

A cidade dos patos

Langeais é uma cidade minúscula na região de Indre-et-Loire, na França. Tem no máximo mil habitantes. Alguns turistas dormem lá antes ou depois de ir visitar o Castelo de Chenonceau, de onde a rainha Catarina de Médicis governou a França durante um tempo.

Quando cheguei lá, tipo umas 17h30, 18h, os moradores já estavam quase todos recolhidos em casa. Ao que parece, a partir desse horário, a cidade fica entregue a esse casal de patos. Reparem no garbo com que eles desfilam na rua principal de Langeais, que deve ter uns 500 metros.


Os motoristas que ainda circulam no vilarejo param pra dar passagem às aves, lógico. Elas, por sua vez, nem sequer se dão o trabalho de voar para fugir dos carros.

O passeio da dupla continua abaixo.




Cansados de fugir, os patos buscam abrigo num regato cheio de plantas.

E depois percebem que talvez seja melhor andar na calçada normal, de pedestres. O da direita ainda dá a impressão de gostar de olhar vitrines.

quarta-feira, junho 17, 2009

A imprensa e o absurdômetro

Cal McAffrey é um jornalista tosco e algo antiquado, porém brilhante. Entre seus hábitos de repórter, estão usar o próprio carro para apurar matérias e beber um uísquezinho na redação ("vinho irlandês", ele diz) para relaxar.

Cal McAffrey é o personagem de Russell Crowe em Intrigas de Estado, que estreou aqui em Brasília na última sexta-feira e reflete sobre a promiscuidade nas relações entre a imprensa e o poder. Gostei, mas não vou tecer grandes análises aqui porque elas já foram feitas por uns mil colegas.

Prefiro falar de outro tema sobre o qual sempre quis escrever aqui: a total inverossimilhança dos personagens jornalísticos na maior parte das obras de ficção. Pode ser que algum dia tenha sido normal fumar ou beber (como faz McAffley) dentro das redações, mas hoje o negócio não é bem assim.

Você vai me dizer: ora, Mari, se você quer verossimilhança, veracidade ou qualquer outra dessas coisas, assista a um documentário ou corra de volta para o trabalho. A intenção aqui, no entanto, não é execrar totalmente (hehe) as obras de ficção, mas sim apontar o quanto pode ser divertido reparar em certos absurdos. (Médicos e enfermeiros devem pensar nisso também quando assistem a programas como ER e outros.)

Por isso, vou lembrar de alguns personagens que impactaram o meu absurdômetro. Adoraria botar imagens aqui, mas o tempo está supercurto. Farei isso quando tiver mais uma folga.

Carrie Bradshaw, de Sex and The City
Vamos lá: na primeira temporada da série, Carrie tem uns 33, 34 anos, se não me engano. E já ganha uma grana suficiente para comprar sapatos carésimos apenas escrevendo coluninhas semanais rédéculas sobre sexo no jornal The New York Star. Os textos não têm nada de pesquisa, só falam da própria vivência afetiva da moça. Nas temporadas seguintes -- não sei se algum fã andou questionando o fato dela trabalhar de menos --, os roteiristas inventaram uns frilas para a moça, inclusive na Vogue. Mas, ainda assim, nunca foi possível dizer que ela pertencesse ao rol dos jornalistas estressados. E, claro, a série nem sequer mostra como ela fez para chegar a tal nível de estrelato.

Maddie Bowen, de Diamantes de Sangue
A personagem de Jenniffer Conelly provocou, pelo menos na sessão em que assisti ao filme, uma série de gargalhadas por parte da galera. Para quem não viu, deixa eu dar uma resumida: a moça é correspondente de uma revista importante (tipo a Time) em Serra Leoa e foi para lá a fim de investigar o esquema de tráfico de diamantes que rolava no país. Mais: era uma das últimas profissionais da imprensa estrangeira a permanecer (so-zi-nha) ali depois que a situação apertou.
Quando ela conhece um gatinho oportunista (Leonardo di Caprio) e um garimpeiro, encontra os grandes personagens de sua matéria. Antes disso, ela já havia feito coisas do tipo cobrir a vida dos talibãs no Afeganistão sozinha e sem burca. "Voltou com 3 mil palavras e mais linda do que nunca", diz um cinegrafista ao personagem de Di Caprio. Aliás, os diálogos do filme são fantásticos. As tais risadas despontaram na sala depois de uma explosão nervosa da moça, que diz algo do tipo: "Eu não vou descansar enquanto souber que, toda vez que um americano compra um anel de diamante, vidas estão se perdendo. Quero nomes, números, contas bancárias!". Ah, Jennifer Connelly...


Andie Anderson, de Como Perder um Cara em 10 Dias
É até sacanagem querer alguma veracidade num filme como esse, mas tudo bem. Me pareceu um exemplo perfeito de como o jornalismo é avacalhado nos filmes de Hollywood -- e, pior, é capaz de ter gente acreditando que a profissão é assim mesmo. A mina trabalha numa revista bem mulherzinha e é especializada em elaborar listas (como deixar seu cabelo perfeito, como perder um cara em 10 dias, etc.). Claro que ela faz isso contra a vontade, porque seu desejo é se tornar uma correspondente internacional. E aí, entre uma matéria fútil e outra, ela faz uma matéria edificante sobre as dificuldades do povo do Tajiquistão... sem nunca sair da redação climatizada em Nova York, naturalmente. E espera que a editora publique. Oh, céus.

Se alguém se lembrar de mais algum caso de filmes, novelas, séries, etc., fique à vontade para comentar.

segunda-feira, junho 15, 2009

Vídeo velhinho



Como o tempo hoje está curto para blogar, fico com o vídeo desta música que descobri ontem nos recônditos do meu MP3.

A música é Hit, do Sugarcubes, banda que revelou a cantora Björk. Aqui, ela aparece quase adolescente e em roupas relativamente normais.

domingo, junho 14, 2009

O que realmente interessa

Esses dias, pensei o seguinte: eu fico falando aqui de coisas pretensamente engraçadinhas do sul da Espanha - tipo o burro táxi de Granada e os distribuidores de abraços grátis em Málaga - e me esqueço de mostrar por que me apaixonei pelas ruas das cidades andaluzas, pelos palácios que os árabes ergueram e por outras coisas de que turistas normais gostam.

Daí que resolvi fazer uma galeria para fechar (por ora) a minha falação sobre a Andaluzia e começar a mostrar outras paragens. Espero que gostem.

Um prédio tipicamente andaluz refletido num parabrisas. Bairro de Santa Cruz, Sevilla.

A Catedral de Sevilla, cuja construção começou no início do século 15, não deixa ninguém ter dúvida do poderio da igreja católica naquele tempo.

Casinha linda no Albaycín, o bairro árabe de Granada. Ótimo lugar para quem sonha em comprar um imóvel, já que há várias casas decrépitas esperando por reformas ou já sendo reconstruídas. Só não se pode ter medo de subir morro (e ter carro por lá não é uma opção sábia).

Uma das 14.182 (estou chutando o número) paredes maravilhosas na Alhambra, a "fortaleza vermelha" que um dia serviu de morada para a corte real de Granada. O lugar é tão bonito que merecia um blog só para ele.

O porto de Málaga visto de uma das sacadas do Castillo de Gibralfaro, que pertenceu aos mouros e ao qual se tem acesso depois de, claro, subir um supermorro.

Málaga num dia maravilhoso. Bom fim de domingo!

sábado, junho 13, 2009

Abraços grátis

A Calle Laríos, em Málaga, abriga o calçadão mais chique e muvucado da cidade.

Chique porque seu piso é feito de mármore, meu bem. Már-mo-re. Diariamente, de madrugada, máquinas incríveis de limpeza (pertencentes à prefeitura) vão lá dar um trato no chão. Lavam, fazem polimento (não sei se é permitido polir mármore, estou chutando, rsrsrsrs), secam, etc.

Muvucado porque a quantidade de gente que passa por lá é inacreditável. Trabalhadores comuns. Turistas. Malucos. Pedintes. Artistas de rua (tipo o homem-jornal, na foto abaixo, que não ficou muito boa). Arrecadadores de dinheiro para a ONU. Distribuidores de abraços grátis. E por aí vai.

Como a rua é supercentral, impossível não passar por ela algumas vezes por dia. O legal é que a paisagem sempre muda. Sempre vai ter uma figura que obriga a gente a fazer uma foto.

sexta-feira, junho 12, 2009

Eros e Psiquê


Eros e Psiquê: para os que namoram, para os que estão solteiros, para os que têm um avec/tico-tico no fubá/etc. e para todos que, independentemente do estado civil, gostam de fotografia e escultura. :o)
Foto: feita em Azay-Le-Rideau, França, em maio de 2009.

quinta-feira, junho 11, 2009

Burro Táxi

Já tinha visto moto táxis e bici táxis, mas burro táxi era uma novidade para mim, ser urbanóide, até visitar o centro histórico de Granada.


Adoraria comprovar a existência do serviço, mas não consegui e continuo no escuro. Não vi nenhum burro em ação na cidade. Também não tinha como ligar para os telefones acima. Agora, neste momento, tento acessar o site mostrado na foto e ele simplesmente não funciona. O domínio está inclusive à venda.


Seria isso simplesmente um grafismo de parede, como tantos outros que existem em Granada? Tipo assim, algo feito somente para atrair e divertir fotógrafos e blogueiros dados a surrealidade?


Não pode ser. Encontrei esta matéria de 2004 do Telegraph sobre o serviço. Segundo a reportagem, a Burro Táxi constitui (constituía?) a melhor forma de andar pelas ruas de pedra do centro histórico e subir a bairros altos, como Albaycín (o bairro árabe) e Sacromonte (o antigo reduto dos ciganos).


Não que os burricos fizessem corridas normais, como as de táxi. A idéia era que os bichos conduzissem os turistas em passeios de uma hora por lugares bacanas.


O site apresentado pela matéria, http://www.burrotaxi.com/, também não aparece para mim de jeito nenhum. Se bem que a minha internet está cheia de frescuras no momento.


O que terá acontecido com a empresa?


Teria se transformado em mais uma das empresas espanholas tragadas pela crise econômica mundial? Ou extintas pela necessidade/paranóia de exercícios e emagrecimento que cada vez mais toma conta das pessoas?


(Me explico: para queimar todas as calorias ingeridas numa viagem a Granada, é preciso deixar de lado o burro e subir a pé os morros da cidade.)


Não saber a resposta me deixa numa agonia danada.

quarta-feira, junho 10, 2009

terça-feira, junho 09, 2009

Coca-Cola andaluza


Granada, Andalucía, maio de 2009.

Alguém sabe por que diabos o Blogger insiste em colocar na vertical uma foto que é horizontal?

Agradeço antecipadamente. Beijos.

Update! Finalmente consegui colocar a foto na horizontal. A solução não era mexer com o HTML, e sim compactar a imagem original, que era gigantesca.

Deixa eu aproveitar e acrescentar umas coisinhas.

O estilo dessa placa busca inspiração na arte feita pelos árabes muçulmanos que viveram na Andalucía durante uns oito séculos.

Depois que os cristãos reconquistaram a Península Ibérica, muitos desses árabes ainda permaneceram na região e foram apelidados de mudéjares ("aqueles que puderam ficar devido a um acordo", numa tradução bem livre).

Mudéjar também é o nome do estilo de arte e arquitetura praticado por esse povo. Entre suas características, estão os resultados belíssimos conseguidos com o uso de materiais muito baratos, como azulejos, madeira e pedras.

Os grafismos rebuscados (que a gente vê na placa da Coca-Cola) são igualmente inconfundíveis.

segunda-feira, junho 08, 2009

A crise entrou pela janela

Quem acompanha bastante o noticiário econômico sabe que a recente crise econômica mundial pegou a Espanha de jeito. O Produto Interno Bruto do país encolheu consideravelmente. Muitas pessoas (1,14 milhão, segundo li aqui) perderam seus empregos no último ano.

Vários imigrantes que antes conseguiam viver com um conforto razoável no país e ainda mandar um dinheirinho para casa agora mal chegam ao fim do mês. Numa reportagem de tevê, vi vários deles falando em voltar para as terras de origem.

Dá para observar outras evidências da crise no cotidiano das pessoas.

Na rua, folhetos de propaganda anunciam investimentos e cursos que prometem transformar o investidor/aluno em uma dessas pessoas que não só vão sobreviver ao caos como também ficar ricas enquanto as outras penam. Que medo!!!!

Nos cardápios dos restaurantes, bares e lanchonetes, pipocam menus e produtos rotulados de "anticrise". Geralmente, são combinações de entrada + prato ou prato + sobremesa por um preço menor. Ou pode ser também um produto único oferecido a um valor mais baixo.

Nos hotéis, dá para conseguir umas ofertas legais.

E, numa galeria de arte no centro de Sevilla, vários criadores aproveitaram para manifestar-se sobre o momento difícil da economia. As três fotos que ilustram esse post mostram um pouco dessas, digamos, obras. O resultado não é exatamente belo, mas merece o registro pela franqueza e pela irreverência.

Meu cartaz preferido é o que está a seguir: "Compre um dos meus quadros. Ou convide-me para comer um sanduichinho". Humor total.

Os textos da foto abaixo são mais rasgados. Na cartolina rosa, lê-se "Nos deixamos enganar. Aproveite você também". Em outro, "Arte + crise = fome".

domingo, junho 07, 2009

Querida, cheguei



Galera, estou de volta ao Brasil e às postagens diárias do blog. Vou começar a sessão fotográfica com três imagens de Sevilla: laranjas, loja de instrumentos musicais no bairro de Santa Cruz (ex-gueto judeu e atual reduto da balada e da gastronomia) e teto dos Reales Alcázares (misto de fortaleza e palácio supercomum nas cidades espanholas antigamente ocupadas pelos árabes).
Quem ler as postagens mais antigas verá que também coloquei as fotos que prometi há alguns dias...
Beijos!

sábado, junho 06, 2009

Só um mês?

O próximo post que escreverei aqui já será feito no Brasil.

É, estar aqui foi bom, mas preciso voltar. Fiquei aqui por quase 30 dias, que valeram por uns 200, tamanha a quantidade de coisas que fiz, vi e fotografei.

Por falar em fotos, me aguentem. Vou encher esse blog de imagens assim que ligar o computador aí do outro lado do oceano.

quinta-feira, junho 04, 2009

Com voces, o editor de pães

Descobri que na França ninguém é simplesmente padeiro, doceiro, queijeiro, chocolateiro, açougueiro ou criador de casacos de pele.

Como assim?

Simples, ora: bote na frente de cada métier mencionado acima as palavras "artesão" ou "artista" e você descobrirá o que esses profissionais realmente fazem. Perdi as contas de quantos letreiros com os dizeres artisan boulanger (padeiro), artisan chocolatier, artisan boucher (açougueiro) e outros vi por aqui desde que cheguei.

Perto de onde estou, tem até um artisan fourrier, que nada mais é do que um sujeito que faz e conserta casacos de pele. Chiqueza ou tiraçao de onda? Vou deixar para voce decidir.

Numa cidade onde todo mundo compete para ver quem vende mais chocolates, pães, queijos e outras delícias, não basta fazer o pão mais macio, o queijo mais degenerado ou o chocolate mais delicado. Também é preciso mostrar a todos quem é capaz de elevar a producao de qualquer coisa a um nível próximo do êxtase.

Tem gente que vai mais além na criacao de formas para deixar as profissoes mais glamourentas.

Um artista chocolateiro pode se cansar da denominacao e decidir que ele é um "inventor de ideias em chocolate".

Tambem perto daqui ha um florista que se define como "criador em vegetais".

O melhor caso de todos, no entanto, e o da padaria que fica em frente a floricultura (ops, espaco de criacao em vegetais). É o do "editor de pães bio". Tenho fotos comprovando que realmente vi isso.


Bio, aliás, é outra palavra que anda super na moda por aqui. É bio pra cá, bio pra lá, uma loucura.
É uma dessas palavras que podem significar tudo ou nada, sabe?

Normalmente, designa alguma coisa produzida de forma organica, sem agrotóxicos ou substancias prejudiciais a natureza. E, de preferencia, vendida pelo sistema de comércio justo (ou fair trade ou commerce équitable), de forma a promover uma vida melhor entre aqueles que nao deram a sorte de nascerem franceses e chiques.

Existem queijos bio, cosméticos bio, camisetas bio, bolsas bio e o que mais voce imaginar.

A adicao da palavra bio também pode ser só uma forma de deixar um produto qualquer (mesmo que ele nao tenha as qualidades que descrevi acima) 2000% mais caro que sua versao normal. Mas nao vou botar isso em discussao.

Prefiro fazer como meu amigo que diz que "bio", na verdade, é apenas uma sigla para "biodegradável". É bem mais divertido.

terça-feira, junho 02, 2009

O mais legal e o mais triste das rádios francesas



O clipe acima (agradecimentos ao Bruno, que mandou o link do Youtube!) é o da música Ayo Technology, originalmente do rapper americano 50 Cent e regravada pelo belga Milow. Já tinha falado um pouco sobre a música no post imediatamente abaixo deste. A nova versao é legalíssima e toca direto nas rádios daqui da França (Paris e interior). Junto com Jai-ho!, do filme Quem quer ser um Milionário?, virou hit dessa primavera de tempo maluco do lado de cá do Atlantico. Espero que gostem.

O ruim da programaçao das rádios é, claro, o noticiário sobre a queda do voo da Air France. Tenho evitado prestar superatençao a muitos detalhes porque fiquei bem triste ao ouvir a notícia ontem. Das pessoas que estavam no aviao, só conhecia de nome o Silvio Barbato (ex-regente da Orquestra Sinfonica do Teatro Nacional), mas... uma tragédia assim deixa todo mundo meio que de coraçao partido.

Beijo pra todos.