quinta-feira, setembro 22, 2005

Antes

Eu tinha ido ontem ao Congresso, mas acabei passando longe de CPIs e outros que-tais. Logo ontem, que seria um dia bom pra essas coisas. Craig Barrett, presidente do conselho da Intel, veio aqui dizer o que os brasileiros devem ou não devem fazer para se tornarem tecnologicamente competitivos. (Tenho desconfiança de quem vem de fora dizer o que é e o que não é para fazer, quase como se aquilo fosse um dogma. Mais ainda quando o setor privado vem dar pitaco no setor público. Posso estar errada, mas acho meio inversão de valores, de perspectivas. Mas até que ele deu umas opiniões legais, então valeu a pena).

Formando a mesa junto com o Craig, quem eu vejo? O presidente da comissão de ciência e tecnologia da Câmara. Que vem a ser... Jader Barbalho. Aquele mesmo que era senador e renunciou, acusado de corrupção no Banpará e na Sudam. Renascido no Congresso, ele agora posa de defensor do FUST, a verba que deveria ser usada em projetos de inclusão digital – mas, por enquanto, só faz alimentar o superávit primário.

Eu não acreditei. Jader, defensor do FUST, presidente da comissão de C&T. Questionado apenas por meia dúzia de gatos pingados (ops, setoristas de tecnologia), diferentemente do que aconteceu há uns três anos. Esse cara se comparou a Jesus Cristo. Renunciou, claro.

A gente se aproximou dele para perguntar mais sobre uma reunião que ele supostamente vai convocar, para a semana que vem, com parlamentares e ministros, para teoricamente cobrar uma utilização mais apropriada para os tais recursos. Não agüentei.

- E aí, deputado, tá com a vida mais tranqüila agora na comissão de C&T? Só essa turminha vindo fazer perguntas...
- Hã? (ele faz uma cara de foto da capa da Veja. Cumprimenta um assessor. Olha pra cima)
- A comissão tá bem longe desse furacão que a Câmara virou, né? Severino renunciando hoje, o senhor deve estar acompanhando...
- Tô... tô acompanhando. Huahuahuahuahuahuahuahuahuahua Hahahahahahahahahahahahahahaha Hehehehehehehehehehehe. Boa pergunta essa sua, hein? (e vazou, puxado por um assessor)

A risada do ex-senador não dava sinais de deboche. Antes: de alívio.
Moral da história: pimenta nos olhos dos outros é refresco.

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