domingo, fevereiro 12, 2006

Trapo humano

Como faz muito tempo que não dou as caras aqui (não em um esquema regular), fiquei com a necessidade de contar as histórias de semanas atrás. Vamos lá, então:

Duas coisas me chamaram a atenção no desfile da Zapping na São Paulo Fashion Week: a primeira delas foi o cenário, que dá para ver razoavelmente na foto acima. Para quem não conhece, encheram uma parede com aqueles cartazes de shows que existem aos montes por São Paulo (adoro, acho a cara da cidade). Amo essa cara de pop arte (vejam as bananas ali atrás, tipo Andy Warhol naquele disco do Velvet Underground), as fontes que normalmente são usadas para o texto e a mistura de cores. É algo que antecipa a coleção que virá vestindo os modelos – a Zapping é uma grife essencialmente urbana, jovem e pop. Suas peças de outono e inverno, portanto, seguem essa linha.

O que também me cativou foi a música com a qual os rapazes e moças ressurgiram na passarela quando o desfile acabou. Chama-se This charming man e é uma das melhores do The Smiths. Em um de seus versos, a música diz "I could go out tonight, but I haven't got a stitch to wear". Algo mais ou menos assim: eu queria sair hoje à noite, mas não tenho nenhum mísero trapinho para vestir (pobre Morrisey, ohhh). Como não curti a coleção e não tenho rabo preso com ninguém, posso dizer à vontade que Thaís Losso (estilista da Zapping) levou a frase às últimas conseqüências.

Os looks usam muitas sobreposições – claro, é inverno. Blusinha com camisa com casaco; camisa com suéter com colete; saia com calça e por aí vai. Mas como é que se sobrepõe tudo quando as peças são mirradas do jeito que são, e quando as pessoas que vão vesti-las têm tamanho e forma de gente normal? Para piorar, as calças jeans estão cada vez mais baixas, o que definitivamente só fica bem em meninas... bem, não é caso de ninguém se preocupar, né? Afinal, uma ínfima parte das mulheres brasileiras tem coxas grossas, bumbum grande e quadris redondos. Justésimas, as calças vieram com uma espécie de fru-fru em cores fluorescentes marcando as barras.

Para ninguém dizer que eu sou uma comentarista ranzinza, vou ressaltar que amei os sapatos. Ah!!! Mas eles não são da Zapping. São da Schutz, que se não me engano são gaúchos.

Pois é, caros amigos: se alguém aí reclama que quer sair à noite, mas não tem um trapo sequer para vestir, melhor nem procurar uma das lojas da marca. Vai continuar sem roupa mesmo...

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