quarta-feira, setembro 02, 2009

Proibido desacelerar

Faltar ao trabalho? Se você vive no Brasil e é da iniciativa privada, provavelmente vai concordar comigo: só em caso de fratura exposta, trabalho de parto já rolando ou câncer em estágio terminal.

Tenho a impressão de que ninguém mais deixa de ir ao trabalho porque está gripado, soltando muco por todos os poros, com febre, infecção intestinal ou amigdalite pultácea (se o nome é horrível, imagine a dor). Simplesmente porque há coisas demais a fazer.

Da mesma forma que ninguém dá um tempo na malhação porque está machucado, nem perde a balada porque tirou os sisos. Faltar à sessão de exercícios deixa a pessoa gorda no minuto seguinte, e não ir para a noite é coisa de... bom, deixa pra lá.

Proibido desacelerar. Proibido perder qualquer coisa desse nosso dia a dia. Parar é para os fracos, para os sensíveis demais aos apelos do corpo -- essa máquina que, afinal, está sempre a nosso serviço.

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Eu poso de defensora do movimento slow-qualquer-coisa, mas já trabalhei gripada mil vezes, já malhei machucada e só não fiz ainda a cirurgia para remover os quatro sisos porque sei direitinho: isso vai me tirar do ar por um fim de semana inteiro. É tempo demais.

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Daí que atualmente, com esse negócio de gripe suína, a ordem de um monte de empresas -- privadas e públicas -- é mandar todo mundo ficar em casa. Pelo menos nas empresas de que tenho notícia, claro. Gripou? Então, vai para o estaleiro até que o vírus (H1N1 ou não) suma do corpo.

Ou seja, pelo menos por enquanto, tem gente aliviada por não precisar ser um convalescente em meio a um monte de gente saudável e por não ter de encarar alguém gribado perto de si.

Update: as mil coisas para fazer vão continuar lá, para serem feitas, mas não é possível que não possam esperar nem um pouquinho.

Legal que de vez em quando as coisas sejam feitas da forma certa, não?

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A onda de paranoia coletiva instalada pela nova gripe também é interessante de observar. De repente, todos nós ficamos iguais ao Sr. Burns, dos Simpsons, que (em alguns episódios) não toca em nada por medo do que ele chama de "micróbios invisíveis" "germes microscópicos".

Me pergunto se o chefe da usina nuclear de Springfield conhece álcool em gel.

4 comentários:

Silvio Garcia Martins Filho disse...

OI!!!!
Nunca torci tanto pra ficar gripado... mas nada, saúde de ferro! HuMPFT!
E trabalho de 8 escravos concentrados em um só branquelo aguado. :(
Pára (caiu esse acento?) que eu quero descer!
Beijão com saudade!

Homi disse...

Post muito divertido!

A preocupação do Burns são os "germes microscópicos"...

Muita saúde pra todos nós!

Felipe disse...

Eu acho que esse negocio de gripe suína é coisa da televisão. Não existe não. É mentira.

Acho que em dez anos de correio, faltei um dia porque fiz cirurgia de miopia, mas mesmo assim durou um dia só.

O masi engraçado do jornal é que, se vc tiver morrendo e nao tiver jeito, se tiver faltando, mesmo assim nao pode adoecer no fim de semana. tipo dia de semana vc pode ate faltar, ficar de cama. Mas no fim de semana, se for seu plantao, vc faz um esforço pra vir, mesmo que continue faltando em seguida. E se alguem vier no seu lugar enquanto vc tava doente, vc vai ter de pagar esse plantao depois, como se tivesse "matado aula".

Deus me livre!!!

Mas nao posso falar nada, nao falto nunca ao trabalho tambem...

beijocas

solin disse...

mulher de Deus, pensei tanto essa semana na H1N1..
pensei em fazer um post, quem sabe, sobre os novos hábitos adquiridos na tentativa de prevenir a mesma rs
ai ai