segunda-feira, dezembro 14, 2009

Os labradores de Bogotá

(Eu tenho contado tanto essa história que, para não ficar me repetindo por muito tempo, prefiro registrá-la logo aqui.)

Atenção, fãs de labradores fofos: Bogotá é uma cidade cheia deles.

Há tantos, e de tão diversos tamanhos, que eu pirei. Adoro. Mas eles não estão lá somente para serem lindos: também servem para ajudar no combate às drogas, já que são facilmente treináveis e têm um olfato muito desenvolvido.

Os cachorros podem ser encontrados em prédios e empresas de todos os tipos. Havia uma “equipe” de cães no hotel onde fiquei, por exemplo – e digo “equipe” porque eles se revezam e cumprem horário (agora me esqueci quanto dura o turno). Um deles ilustra as fotos deste post.

E eles são também protagonistas de um rito pelo qual todo mundo passa ao sair do país. É estranho, mas necessário, considerando-se o drama todo que a Colômbia viveu nas últimas décadas.

O rito

Funciona mais ou menos assim: depois fazer check-in e de passar pelo raio-x e pela imigração, os passageiros deixam no chão, uma a uma, as bagagens de mão numa fila. Todas têm que ficar bem unidas umas às outras.

Quando todo mundo terminou de colocar a bagagem no chão, tem que se afastar (calculei um metro de distância) das malas. Nesse momento, vêm dois oficiais do Exército. Um segura o labrador pela coleira. O outro chega perto das malas sacudindo devagar e perto delas uma coisa parecida com uma toalha branca enrolada. Depois de fazer uns sons e dizer umas instruções para o bicho, o homem da toalha grita:

-- Suuuup!

Nesse momento, o cachorro vem a mil por hora, seco para farejar as bagagens. Inspeciona uma por uma, canto por canto. Depois que o bicho já seguiu um pouco em frente, o oficial sacode a toalha perto de outras malas e continua:

-- Suuuup!

O labrador fareja, fareja e fareja. Dá a volta para cheirar o outro lado das malas. O clima no ar é tenso. Pela última vez, o cara de verde diz:

-- Suuuup!

Quando chega perto do fim, o cachorrinho preto (com uma mancha branca no peito) invoca com uma sacola azul-escura. Cheira. Cheira de novo. Cheira mais uma vez. Dá uma cavadinha. Mas não chega a latir como quem encontrasse porcaria. Só fareja as últimas bagagens, ganha um carinho e vai embora.

O oficial da toalha recolhe a mala de que o doggy suspeitou e libera os donos das demais para seguir para os respectivos portões de embarque. Eu fui adiante, sem querer imaginar se o dono da sacola azul conseguiu seguir viagem ou se ficou por lá mesmo.

2 comentários:

Arthur H. Herdy disse...

Ô coijinhas maiji fofuxas, mô-Deuzu! ^^

Não dou conta de labrador, cara!

Mari Ceratti disse...

Amanhã eu ponho mais uns, então! ;-)