domingo, abril 04, 2010

Cozinha da alma


Soul Kitchen é mais do que o nome de um ótimo filme dirigido por Fatih Akin: é também o nome do restaurante "comandado" pelo greco-alemão Zinos Kazantsakis, interpretado por Adam Bousdoukos (à direita na foto), um cara que lembra um pouco o Selton Mello, só que de cabelo liso.

Escrevo comandado entre aspas porque o restaurante Soul Kitchen está mais para Kitchen Nightmares -- aquele programa do chef-celebridade Gordon Ramsay -- do que para qualquer outra coisa. Para começar, a cozinha é um nojo. Da comida, então, o que dizer? Já sei: tudo o que você imaginar congelado e temperado por quantidades industriais de creme de leite.

Mesmo assim, tem gente que vai lá, come, paga, acha o lugar uma maravilha e assim o jovem Kazantsakis segue a vida. Na verdade, o que ele quer saber mesmo é quando vai conseguir fechar o restaurante para acompanhar a namorada, Nadine, que está de mudança para a China e zero a fim de ficar sozinha do outro lado do mundo, transando via Skype.

No entanto, numa dessas reviravoltas que a vida dá, nosso anti-herói tem a chance de transformar o Soul Kitchen num local com (perdoem a obviedade) um bocado a mais de alma. De tosco, o restaurante se transforma em um lugar aonde eu adoraria ir na vida real: um galpão enorme com um chef maravilhoso, música boa (black music e rock) e publicidade em stencil grafite. Mais: começa a dar dinheiro e conquista até as autoridades sanitárias de Hamburgo, que antes queriam fechá-lo.

Seria tudo uma maravilha se Kazantsakis não tivesse, a milhares de quilômetros de distância, uma mulher loira e brava pressionando-o para que ele largue a Alemanha e vá para Shangai. Nessa situação de dúvida se apóia todo o filme -- que, além de dar uma fome danada, ainda revela trilha sonora incrível e diversas críticas à suposta eficiência do Estado alemão.

Para apoiar (ou sabotar) as escolhas do protagonista, surgem uma série de personagens: um amigo de infância um tanto quanto suspeito; o irmão de Kazantsakis, presidiário; uma garçonete meio doidinha... E não dá para esquecer o chef que salva o restaurante das ruínas, uma figuraça.

Essa turma, tão na corda bamba quanto o próprio dono do Soul Kitchen, dá ainda mais gosto a um roteiro que só peca pelo excesso de soluções fáceis, instantâneas, como os pratos do antigo restaurante. Sabe coincidência, grana que aparece milagrosamente, etc.? É por aí.

Mas isso não pode ser motivo para deixar de ver o longa, que ganhou o prêmio especial do júri no Festival de Veneza em 2009 e, em Brasília, está sendo exibido em apenas dois horários na Academia de Tênis. Se puder, corra e vá ver, que a obra merece.
Quer mais informações sobre o filme? Clique aqui.

3 comentários:

solin disse...

Oi Mariiii!!!!!
quanto tempo né não?!

Então, num pequeno tempo livre vi teu post, rapidamente, sobre jornais populares. Aqui na PB tem um chamado 'Já'. O considero super tosco. Custa ¢ 0.25
Muita gente o compra por causa do preço,claro. É engraçado como existem jornais que não requer muita compreensão para ser entendido.

Em Janeiro de 2010 choveu bastante aqui em João Pessoa. Firam super trovões e relâmpagos. No dia seguinte tava a manchete: "Reboliço no céu";
Ôo sem noção demais, viu!
rs

Não esqueci de tu não, mulher.. Saudades ♥

Beijos e tdo de bom!!!!

Helga disse...

Gordon Ramsay é ótimo. :)

Gosto é dele salvando as finanças dos restaurantes pela Inglaterra. É preciso alguém muito bruto pra fazer o povo acordar. Assim como Esquadrão da Moda daquelas duas inglesas.

Mari disse...

Também adoro os dois programas!