Duas coisas sempre me intrigaram na televisão brasileira. Uma delas era o porquê de certos jogos de futebol serem transmitidos para todo o planeta, à exceção da cidade onde estavam sendo realizados. Afinal, quem em Brasília (por exemplo) quereria saber de um jogo de futebol ocorrido no Rio Grande do Sul? A que carioca interessa uma partida organizada na Bahia? Etc., etc. Aí, descobri os torcedores distantes, como meus irmãos (gaúchos, crescidos em Brasília e torcedores do Palmeiras). Esses não vão poder ir ao estádio e não vão se contentar com os gols dos melhores momentos do Globo Esporte. Estão no direito de ver o jogo.
E, depois, alguém me contou que, se transmitirem o jogo no cidade da partida, ninguém vai ao estádio. Mas e se o ser humano quiser fugir da roubada que é ir ao estádio, se meter entre torcidas organizadas, se arriscar a levar copinho de xixi na cabeça e por aí vai? Ele não tem esse direito? Acho que tem. Mas não sou eu que vou reivindicá-lo. Afinal, futebol é um assunto irrelevante (essa foi a única coisa inteligente que Diogo Mainardi disse até hoje).
A outra coisa que provoca a minha curiosidade é: quais os critérios usados pela galera da programação da Globo para escolher os filmes exibidos sábado à noite? Tenho a impressão de que há alguém meio sádico por trás disso. Um pensamento do tipo "Viu? Quem mandou ser pobre, quem mandou não ter $ para sair à noite, para comprar um DVD, nem para alugar um DVD? Agora geeeeeeeeela, vai ter de assistir a um filme horrível no Super Cine".
Só esse tipo de lógica pode sustentar a exibição de uma gama tão limitada de títulos. Ontem, eu e meu irmão mais novo (que vê um monte de filmes na TV, embora passe longe de Super Cine) ficamos tentando delimitar o tipo de história que rola nos títulos exibidos sábado à noite. Chegamos aos seguintes argumentos:
1. Mulher bonita, porém solitária, conhece um homem bonito, inteligente, gentil e ótimo amante, praticamente um príncipe encantado. Eles saem, viajam, transam, trocam declarações de amor e se casam. Um belo dia, ele surta e se revela um porco insensível, um poço de ciúmes e obssessão. Ela não entende a razão e tenta fugir dessa roubada. Começa a perseguição, que sempre envolve pessoas correndo com cara de sofrimento, facas, revólveres, cordas e etc. Mas tudo acaba bem (com o cara preso para sempre ou morto). As cenas finais (sempre à noite) normalmente incluem viaturas policiais, pessoas enroladas em cobertores e muita chuva.
2. Homem forte, porém afetuoso, recebe uma notícia: seu irmão / pai / sobrinho / filho foi violentamente (e injustamente) assassinado pela máfia italiana / russa / coreana / japonesa. Ele jura, sobre o corpo do parente morto, que fará justiça com as próprias mãos. Afinal, a NYPD e a LAPD (ou qualquer outra polícia que o valha) são muito fraquinhas. Ele vai à caça usando suas armas e sua grande força física. Luta contra vários homens e, no final, não sem antes correr o risco de ter a mesma sorte que seu parente, consegue que os meliantes sejam presos, julgados, condenados ou simplesmente mortos. Opcional no roteiro: nesse meio tempo, ele conhece uma mocinha e eles se apaixonam.
3. Uma família vive feliz e contente numa casa até que, por um acaso do destino, descobre que há monstros / assassinos / assaltantes / almas penadas rondando o local. As crianças, sempre mais sensíveis, tentam alertar sobre o problema, mas são ignoradas a princípio. Depois, tudo degringola. Acho que posso pular essa parte da descrição, né? O importante é que, no final, acaba tudo bem. Pode ser numa noite de chuva, com várias viaturas policiais e pessoas enroladas em cobertores.
Eu queria muito saber porque há tão poucas exceções à essas histórias. Por que o cinema de sábado à noite (não só na Globo) tem de ser o depositório de toda a porcaria produzida por Hollywood? Raramente a gente vê na programação um filme brasileiro legal, uma comédia fera ou mesmo um clássico americano dos anos 40 / 50 / 60. De madrugada tem tanta coisa interessante – dia desses, eu assisti a Nove rainhas na TV aberta, e direto verifico que há obras bacanas passando às 3h, 4h da manhã.
Será que não dava para transmitir isso um pouco mais cedo? Não bastasse a pessoa não querer ou não poder sair no fim de semana, ela ainda tem que ficar se martirizando por isso... credo.
Ou será que os programadores das TVs fazem isso de propósito para as pessoas desligarem o aparelho e ir fazer algo mais interessante, como aproveitar a hora vaga para namorar um pouquinho? ;-)
4 comentários:
Não só o Super Cine, mas a programação da Globo pro sábado à noite é de matar. O que é aquele "Zorra Total", meu pai????
O pior é que a TV por assinatura também não ajuda em nada. Pelo menos a #@&%* da TVA, que teve como 'destaque' do mês passado "A Fantástica Fábrica de Chocolate". Me poupe.
Temos duas opções no sábado à noite: aproveitar os dias chuvosos pra dormir mais cedo ou simplesmente caçar o que fazer na rua. Ficar em casa vendo TV realmente não dá. Como o amigo anônimo disse, se não bastasse o Super Cine, ainda tem aquela porcaria de Zorra Total. Uia! Será que os programadores dos filmes são obrigados a trabalhar no sábado à noite? Sei lá, às vezes é uma maneira de descontar a raixa em cima de nós, pobres telespectadores da tv aberta! hehehe
Bjos
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
O negócio dos filmes é assim mesmo! Aquelas produções Made for TV com atores e atrizes decadentes como Rebecca De Mornay e Darryl Hannah (pós Splash e pré Kill Bill). Ah, sempre tem um com o sex symbol da terceira idade e figura preferida das psicopatas de plantão: MICHAEEEEEEL DOUUUUGLAS!
Os dramas familiares também merecem destaque. Sempre tem uma que é espancada pelo marido e foge de peruca para o interior numa versão bem tosca de Dormindo com o inimigo.
E os desastres da Sessão da Tarde? Enchente - Quem salvará nossas crianças? O carro desgovernado? O RESGATE DE JÉSSICA!!! Aquela menina imbeciiiil q pula num poço!
Mas sabia que de vez em quando até tem alguma coisa q se salva? Qndo nas quintas fico aki fazendo o resumo dos filmes as vezes me deparo com grandes surpresas na TV Brasília. E o melhor: Legendadas!
Pq o filme as vezes até desce mas dublado... Só novela mexicana!
=)
PS: Pior é minha mãe q é FÃ de Domingo Maior. Super eclética! Canta e dança vestida de cortina com a Noviça Rebelde e vibra com Charles Bronson e Chuck Norris em Desejo de matar 927³ ou O grande dragão branco, amarelo, de bolinhas etc.
Converse com a Luciene Soares sobre a teoria dela para o Supercine. Foi uma das melhores coisas que ouvi na vida.
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