segunda-feira, junho 29, 2009

Sabe translineação?

Lembra de quando a tia da escola ensinou a fazer translineação? É aquela separação de sílabas necessária quando você está escrevendo algo e vê que, embora a margem do papel já tenha terminado, a palavra não acabou ainda. E, portanto, ela precisa ser continuada na linha seguinte.

Quem trabalha com revisão de texto em veículos impressos toma um cuidado danado -- ou deveria tomar -- com a translineação de alguns termos. As minhas preocupações consistem na palavra disputa e em todas que comecem com c+u: curioso, cúpula, Cuba e por aí vai.

Alguém me disse em algum momento que leitor tem duas reações quando vê que o revisor dormiu num desses casos. A primeira é dar aquele risinho safado. A segunda é ficar indignado, entrar em contato com o veículo de comunicação, etc., etc., etc. Como não gosto sequer de pensar em nenhuma das duas possibilidades, redobro o cuidado na leitura das margens do papel.

E minha última frase antes de mandar qualquer página para a gráfica é normalmente algo do tipo: "Deixa só eu ver se não ficou nenhum c+u nem nenhuma dis-puta no texto". Isso virou uma espécie de piada minha e de quem trabalha mais perto.

Vou te contar: nunca, mas nunca de verdade, eu vi c+u nem dis-puta em nenhuma página que li.

Não que eu não tenha procurado: eles jamais apareceram mesmo. Quer dizer, jamais apareceram até a semana passada.

Num dia em que estava eu linda, loira e japonesa lendo umas páginas quaisquer, minhas translineações tortas favoritas surgiram plenas e reluzentes. Não no mesmo texto -- aí já seria loucura demais. Era c+u numa página, dis-puta na outra. A caneta foi voando marcar as sílabas que deveriam ser corrigidas.

Obviamente, eu e o diagramador (que monta as páginas para publicação) fizemos piadinhas a respeito da dupla descoberta. Não é reconfortante saber que certas preocupações têm a sua razão de ser?

4 comentários:

RC disse...

Pô, agora confesso que fiquei cu-
rioso para saber como, afinal, cu-
rar esse problemão que é o cú-
mulo da angústia elevado ao cu-
bo, sem minha paciência ir pra cu-cuia.

Mari Ceratti disse...

Isso é algum tipo de dis-
puta para ver
quem faz o texto mais cu-
tuba?

RC disse...

O visitante nunca ganha esse tipo de disputa. Achei que esse assunto já havia dado o que tinha para dar. Seguir em frente é uma lição que deve ser assimilada por cada um de nós.

Mari Ceratti disse...

RC,
Ainda bem que eu não trabalho nem em rádio nem em TV. Ou já teria desmaiado diante dos seus cacófatos. rsrsrsrs