terça-feira, maio 11, 2010

É dia de festa no Kensington Oval


Bem, amigos da Rede Globo, é dia de festa no Kensington Oval, a meca do críquete em Barbados.

O estádio (branquinho e lindo) recebe até o próximo dia 16 o campeonato internacional da modalidade, o ICC World Twenty20, com 27 times participantes do mundo todo.

No campeonato, Barbados integra a equipe das Índias Ocidentais (West Indies), nome que me faz voltar uns 300 anos no tempo. O uniforme é cor de vinho. Muito bonito.

O Brasil ficou de fora, claro. Críquete por aqui é uma coisa meio alien, né?
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Como soube do convite para ver o jogo meio em cima da hora, não deu para pesquisar sobre as regras -- o que faz uma diferença enorme.

Para falar a verdade, o grupo com quem eu estava só foi saber realmente a que partida assistiria uns cinco minutos antes de entrar no estádio.

Até lá, a gente jurava que iria ver Austrália versus Zimbábue. E achei por bem torcer pela equipe africana (sei lá o que o Robert Mugabe faz com quem perde jogo). Os meninos da turma, flamenguistas roxos, até criaram uma musiquinha de torcida. Passei mal de rir.

Na verdade, o nosso jogo era África do Sul versus Afeganistão. A primeira equipe vai bem, obrigada; a outra tenta se recuperar depois que anos de guerra e instabilidade política acabaram com o país.

Antes da partida, rolou um security check.

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Dizem que os psicólogos são aqueles que, quando entra uma gostosa na sala, observam não a mulher, mas a reação dos homens que ficam olhando para ela.

Me lembrei da frase porque acabei observando muito mais a torcida (animadíssima) do que o jogo propriamente dito. Cada um responde aos lances da partida de uma forma diferente.



Sim, críquete tem emoção, caro leitor. A galera berra, canta, bate aquelas salsichas de plástico (não sei o nome desse negócio; os japoneses usam muito quando vêem jogo de futebol), dança e agita bandeiras. Eventualmente, levanta umas plaquinhas com os números 4 e 6.

Mas qual é o momento em que se deve ficar emocionado? Por que diabos as pessoas erguem plaquinhas? Chega uma hora em que não dá mais para não entender.

Foi aí que eu conheci a Pam, uma senhorinha inglesa muito loira e cor-de-rosa, meio gordinha, filha e neta de jogadores profissionais de críquete. Me sentei ao lado dela, que me deu uma aula no mais perfeito Queen's English.

A modalidade tem regras difíceis de dominar logo de cara. Mas pelo menos consegui entender o andamento geral da partida -- e, mais importante, decifrar o que estava no telão. Para quem nunca viu o placar de um jogo, ele parece tão complexo quanto uma tabela do Banco Central.


A África do Sul jogou primeiro. Depois, veio um intervalo. E, em seguida, seria a vez de o Afeganistão começar a somar seus pontos.

A turma islâmica orou virada para Meca entre um tempo e outro.


Como só reza não fatura jogo, a África do Sul permaneceu com o placar maior quando a partida acabou. Fiquei com pena porque a torcida afegã era muito mais animada -- e contava com o apoio da galera de Barbados. Mas, de qualquer forma, foi bacana ver algo a que dificilmente eu teria acesso no Brasil. Acho que agora encaro até futebol no estádio.

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