domingo, junho 13, 2010

Quatro histórias nova-iorquinas

No começo da tarde de hoje, uma densa nuvem de fumaça subiu vinda do Madison Square Park, entre a Rua 23 e a Broadway.

Numa situação dessas, seria natural que os nova-iorquinos ficassem superparanóicos, certo? Pois nao estavam. Isso porque a fumaça vinha de um enorme churrasco coletivo que ja virou tradição por aqui. A New York BBQ Block Party, que chegou à oitava edição em 2010, reuniu um monte de quiosques que serviam todas as carnes amadas pelos americanos.

Pensem em hambúrgueres, costelinhas pingando de molho, kebabs (para os mais exóticos).

O negócio faz tanto sucesso que, semanas antes, são vendidas credenciais para a galera não precisar pegar fila nos quiosques. Na quarta passada, elas já estavam todas esgotadas -- sold out.

Quem não conseguiu pegar o fast pass (nome da credencial) encarou filas enomes. Quando as vi, pensei: ainda bem que comi antes de vir para cá.
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Foi muito engraçado o momento em que uma processão hinduísta (ou hare-krishna, agora não sei, mas era uma dessas religiões vegetarianistas) passou numa das avenidas que rodeiam o parque.

Havia uns carros alegóricos lindos e dois cordões de segurança, um de cada lado, a proteger um monte de mulheres de sári e uns caras com roupa de monge. Mais gente de sári segurava os cordões. Parecia uma versão Himalayan do Círio de Nazaré. Ou uma micareta hindu.

De repente, surge um carro alegórico com uma menina meio asiática fazendo pole dancing. Foi aí que não entendi mais nada. Tirei umas fotos para garantir que esse relato meu não é maluquice.

A guria subia, descia, girava, uma coisa inacreditável. E a procissão rolando junto com ela.

"Como assim????", pensei.

Lá pelas tantas, a rua bifurcou e ela foi para outro canto. E a turma hindu seguiu seu desfile. Cada um na sua. Isso é NYC.

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Noutro canto do sul da cidade, uma prestigiosa marca de artigos esportivos montou um superespaço para a galera assistir aos jogos da Copa do Mundo. Também contratou umas mocinhas para divulgar o lugar.

Uma delas pulava e gritava animadamente para divulgar o esquema. Quando viu um senhorzinho atravessar a rua em sua direção, disparou:

- Vem pro quiosque! Tem jogo! Tem comida! Tem música! Tem bebida grátis! O que mais você pode querer?

Ele não perdeu tempo:

- Money, baby.

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No metrô de volta para o hotel, tinha um cara bem estiloso de pé do meu lado. Mas só reparei nele porque um grupo de meninos latinos pra lá de assanhadinhos pediu para tirar foto com ele.

Menos de um minuto depois, outro grupo -- dessa vez, de jovens senhoras latinas -- pediu para fazer o mesmo. Uma criança igualmente hispânica também apareceu com sua câmera.

Em síntese, um assédio só. Mas acho que ele não estava gostando muito. Quando a galera agradecia, ele fazia apenas um sinal tímido com a cabeça.

Foi por esse motivo que segurei minha língua e não perguntei se ele era famoso ou algo do gênero.

Quando o trem chegou à Grand Central Station e a porta se abriu, ele correu feito um louco e se perdeu por aí. Talvez quisesse se livrar das chatices da fama. Ou podia apenas estar com pressa.

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