Segunda-feira, perto das 19h em Brasília. No trabalho, o burburinho típico desse horário (pessoas falam, telefones tocam, tevês transmitem a programação de mil canais diferentes) ganha um novo ruído.
- Buéééééééééééééééééé!!!!!!!!!!!!!!!!!
Dou um pequeno pulo na cadeira. De vez em quando, alguns colegas que se tornaram pais ou mães trazem os pacotinhos para conhecer o jornal. Mas, dessa vez, não é nada disso. Percebo que é só alguma coisa rolando na tevê (não sei exatamente o quê). Volto à labuta.
Horas depois, com o ambiente já mais calmo, o doce som volta a ecoar.
- Buééééééééééééééééééééééé!!!!!!!!!!!!!!!!!
Como já estou cansada, meu ouvido processa com mais força a estridência do choro. Eu, a menina que trabalha perto de mim e algumas outras pessoas que ficaram tomamos outro susto.
- Che catzo è questo? - pergunto.
- Acho que é um comercial de tevê - ela esclarece.
Quando a gritaria acaba, uma moça morena, de meia-idade, diz:
- Isso é o que a sua mãe vai fazer se você não der a ela um presente das Organizações Tabajara (nome fictício).
Eu e minha amiga nos entreolhamos e demos um suspiro daqueles de desânimo.
Na bowa, o ser humano que fez essa propaganda não deve nem de mães nem de outros tipos de mulheres. Não só o comercial não é engraçado como ainda consegue suscitar uma série de desconfortos.
Minha mãe-leoa-forever, se o ouvisse de longe, ficaria preocupadíssima. Tenho certeza de que as outras mães que conheço também iam ligar as antenas. E não iam achar a menor graça no textinho e no risinho da modelo no fim do comercial.
Minha colega de trabalho, que não tem filhos, pouco antes de descobrir que se tratava de uma propaganda, chegou a perguntar:
- Cadê a mãe dessa criança?
Eu, que também não tenho filhos nem pretendo, odiei mais ainda. Para mim, o barulho de choro de criança se enquadra nas mesmas categorias irritantes de cortador de grama, secador de cabelo e obra no sábado de manhã.
Parece que as outras pessoas que ainda estavam trabalhando compartilharam da nossa opinião, porque rapidamente a tevê foi desligada.
Incrível a quantidade de publicidades horríveis que surgem nas semanas anteriores a essas datas feitas para movimentar a economia (as do Dia dos Namorados são sempre as mais toscas, acho).
Imagina o que não deve ter sido a reunião em que os donos da marca tiveram a ideia de botar um bebê para berrar em pleno horário nobre?
- Genial!!!!! - os caras devem ter pensado.
Vamos ver se o baby volta mais tarde. Espero que não.
Agora eu quero saber se vocês conhecem mais comerciais horríveis de Dia das Mães e de outras datas... não se acanhem.
5 comentários:
Boa noite Mari!
No Distrito Federal, as propagandas de lojas de sapatos e também as de móveis / eletros são sempre as piores: slogans ruins, efeitos cagados, sorrisos forçados das garotas que passam a impressão de que estão mordendo e não a imagem de simpatia (se eu for listar todos os defeitos, meu comentário será maior que o seu texto! rs...).
Enfim, são situações tão espontaneamente mal-forjadas que dá náuseas de ver.
Não sei exatamente o que acontece. Às vezes, imagino que pode ser culpa dos ‘sérios cortes orçamentários’, o que levaria, em tese, ao resultado de baixíssima qualidade. Sendo este o motivo, a galera da publicidade deveria repensar a estratégia utilizada, afinal, um comercial que é exibido em horário nobre poderia ir para um possível portfólio, mas devido ao mau gosto, deveria ser engavetado para sempre, jogado no esquecimento.
Ótima postagem!
Kiso.
Porpaganda horriveis tem aos montes e em todos os lugares.
Isso tipo de propaganda é terrivel!
Metodos que o comercio usa para ludibriar as pessoas.
Eis a cena: Um publicitário está enterrado em uma vala com cimento até o pescoço. O que falta?
R: Mais cimento!
Como ex-representante, posso fazer essa piadinha, e achei interessante sua crítica à mídia televisiva brasileira. Realmente existem argumentos de compra que de tão esdrúxulos, chegam a irritar.
Abraços
http://bauhausleben.blogspot.com
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