Hoje faz um ano que aconteceu o atentado aos metrôs de Madri. Eu estava no espanhol no comecinho da manhã, e só quando cheguei ao trabalho fiquei sabendo.
Era para ter sido uma tragédia de proporções muito, muito maiores, mas por uma falha algumas vidas ainda foram poupadas.
Na época, um brasileiro morreu, se não me engano era um paranaense que vivia ilegalmente em Madri. Consegui falar com a mãe dele por telefone. Nunca tinha conversado com uma pessoa que tivesse acabado de viver o que essa mulher viveu. Claro, um horror.
O estranho é que, se não fossem as notícias e calendários, a gente não se lembraria tanto dessa história quanto lembramos o 11 de setembro, por exemplo. Posso arriscar uma explicação?
Quase não há imagens que mostrem o atentado. É diferente da queda das torres gêmeas, quando a gente viu milhões de ângulos (repetidos à exaustão) dos aviões perfurando o prédio. E, depois, a atitude de Bush – primeiro atônita, depois histérica – e sua caçada pelos representantes do eixo do mal.
Em Madri, não. Não houve câmeras de vídeo, e a maioria dos jornais foi bastante discreta ao mostrar imagens do que restou. Não lembro de ninguém que tivesse revelado, sei lá, pedaços de braços, olhos saídos da órbita e coisas do tipo. Sem a angústia provocada pelas imagens, a história parece perder força, o que é péssimo.
A atitude dos governantes espanhóis, pelo menos no meu ponto de vista, foi mais sóbria, efetiva e muuuuito mais louvável do que a de seus companheiros de tragédia. Com eleições marcadas para o fim de semana seguinte, foi simples desse jeito: tira-se o suposto responsável pela ira dos terroristas, coloca-se no poder um novo primeiro-ministro.
Zapatero removeu as tropas espanholas do Iraque e parou de só obedecer o que Washington mandava. Melhor assim. Resposta – repito – louvável, mas que acabou suavizando a história no imaginário coletivo. Que ela não seja, jamais, esquecida.
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