sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Ora, as modas

Um jovem punk torna-se menos correto e gentil que os outros só porque gosta de raspar o cabelo em estilo moicano e usar piercings pelo corpo?

Uma garota nos seus 20 anos é menos inteligente do que as outras simplesmente porque gosta de alisar os cabelos e usar strass espalhado pela roupa?

Certos políticos deixam de ser corruptos (ou corruptíveis) pelo simples fato de usarem terno, gravata e cabelos alinhados com gel?

Não creio. Não creio.

Então, o que explica a decisão do pessoal do colégio Galois de criar aquele ridículo uniforme de gala para a molecada da 7a e 8a séries?

Bom, o uniforme em si não é ridículo. Parece até com aqueles que nossos pais e mães e avós usaram lá pelos anos 40 e 50. E que até hoje é usado na Argentina, na Europa e no Japão. Ridículo é impor a moda em uma cidade árida como Brasília. E ainda fazer os pais pagarem entre R$ 380 (o masculino) e R$ 420 para vestirem seus pimpolhos de saia de pregas, colete e gravatinha.

Desnecessário dizer que os moleques ficaram putos. A partir de agora, a nova moda fica valendo durante um dia da semana. Nada de usar as baby-looks modernosas, que a gente vê aos montes quando eles vão almoçar lá no Pátio Brasil. Daqui a alguns anos, no máximo, cinco, a coisa vira permanente e eles terão de usar isso todos os dias.

Isso porque a direção da escola acha que o uniforma ajuda a promover um retorno aos "valores tradicionais" (ai, meu Deus, sempre eles). Tá bom, eles podem fazer isso. Dá para incutir valores familiares levando os garotos para a fazenda (como eles fazem uma vez por semana) e ensinando certas noções de mecânica, cuidados domésticos, etiqueta, etc., o que aliás é superlegal. Mas precisa impor essa moda assim?

Se a moda vai dar certo ou não, se as outras escolas vão gostar da idéia ou não, se os alunos vão queimar o uniforme ou não, isso só o tempo vai dizer.

A única coisa certa é que as colegiais do Galois deverão se tornar o próximo fetiche dos tiozões-velhos (e outros nem tão velhos assim) da cidade.

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Feliz era eu, que ia lépida e fagueira pra escola de camiseta cinza com um minúsculo logotipo do CEAN. Viva! :-)

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