Porque é julho e estamos fritando aqui em Brasília!
quinta-feira, julho 30, 2009
quarta-feira, julho 29, 2009
Pára tudo
Depois de circular pelo jet set, acho que vou sair na Caras. É sério.
Ou pelo menos fiquei acreditando nisso depois que um amigo escreveu no meu Facebook:
- Aguarde Caras!!!!!!!!!!!
O que fiz exatamente? Bom, infelizmente não me pediram para falar do blog (droga), nem do meu momento de vida, nem me convidaram a mostrar as lindas reformas da portaria lá do bloco. Provavelmente vou estar na revista porque fui a um evento profissional, porque havia uns fotógrafos lá documentando e porque, devido a alguma razão inexplicável, não saí correndo como normalmente faço (jornalista não é notícia, ora).
Como a gente nunca faz esse tipo de coisa sozinha, garanti que pelo menos estaria com outras pessoas na foto. Tipo o Lula Lopes, que é um fofo e uma figura, e foi também quem me deu a notícia da nossa (hehe) celebridade.
Vai sair em que parte da revista? Ah, sei não.
Você não compra nem assina Caras? Não se preocupe. Daqui a uns oito meses, quando estiver fazendo as unhas, é bem provável que ainda consiga ver as imagens daquele dia.
terça-feira, julho 28, 2009
Adoramos uma reforma
Legenda: A Acrópole, na Grécia, também precisa de uma reforma. Mas ela existe há um pouco mais de tempo que a capital brasileira.
Já falei e vou repetir: tem horas que Brasília, inaugurada em 1960, dá a impressão de estar caindo aos pedaços. Não sei se falei isso, mas também tenho a sensação de que as coisas aqui não são erguidas para durar.
Tipo assim: no projeto do lugar, parece já estar prevista a decrepitude rápida, de modo que muitas e muitas pessoas possam ganhar uns reais com projetos de arquitetura, reformas, materiais de construção, etc., etc. Pelo que vejo e pelas fofocas que ouço por aí, isso acontece em todo lugar. Em prédios públicos e privados, do mesmíssimo jeito.
Nesses últimos tempos, duas histórias me chocaram particularmente. A primeira, de uma amiga que comprou apartamento numa região novinha da cidade (chamada de Sudoeste Econômico). Pouquíssimo tempo depois de se mudar, descobriu que o prédio tinha uma ultramegahiperinfiltração estrutural plus. Tudo bem maquiado no momento da venda, naturalmente.
O lugar tem uns cinco anos de inauguração. Se Brasília, aos 49 anos, está para a arquitetura assim como os bebês estão para os seres humanos, imagine o que será então o prédio onde minha amiga mora.
Vai ter de rolar uma enorme reforma coletiva, claro. Milhões de reais gastos na loja de materiais de construção. Pedreiros em tempo integral. Barulho de obra no sábado de manhã... Entre outras coisas que todos nós adoramos.
A outra história é a do prédio onde esta blogueira mora. Inaugurado há ainda menos tempo, já teve os halls de entrada de todas as portarias (uns 10, no total) postos abaixo, praticamente demolidos. Um nojo. Fios aparentes, tapumes (sem nenhum grafite legal, snif), concreto para tudo quanto é canto. Tudo totalmente desnecessário, acho. Os halls antigos eram tão legais...
Daí que tive o seguinte diálogo dia desses:
- As obras da primeira prumada já terminaram. Você viu como ficou bonito? - quis saber um gentil mancebo.
- Não, não vi.
- Nossa, tudo direitinho. Caixa de correspondência assim. Piso assado. Portas de tal e tal jeito. Como deveria ter ficado de verdade antes, sabe?
- Ah, tá.
Ou seja: alguém lá atrás construiu as portarias de qualquer jeito, já ansiando pelo momento de botar tudo abaixo. Só pode ter sido, porque esse papo de "faltou grana para fazer as coisas direito" não vai estar dando para estar colando.
O que me consola, além da esperança de que as coisas finalmente sairão direito depois da reforma (será???), é saber que a grana para a ultrarreforma não vem do meu bolso. E sim daqueles que ainda insistem em comprar apê no coração do cerrado -- e ganham de brinde o boleto de taxa extra para bancar essas brincadeirinhas.
PS.: A foto, claro, é do incrível banco da Life/Google Images.
sábado, julho 25, 2009
Vida de bicho voador
sexta-feira, julho 24, 2009
Ser amada. Ser reconhecida. Ser magra.
Esta semana, um amigo do trabalho comentou que eu parecia estar mais magra.
- Não muito mais magra do que já estive antes, mas um pouco, sim. Obrigada! - respondi.
- Que negócio é esse que mulher tem de agradecer quando a gente fala que ela emagreceu? Todas as mulheres do mundo querem emagrecer, é isso? - ele perguntou num sorriso.
A gente saiu fazendo essa pergunta para as colegas em volta e comprovou: sim, aparentemente, todas as mulheres do mundo (pelo menos as do mundo ocidental) querem emagrecer.
Digo mais. Afinar é algo que se inscreve nos três grandes desejos da mulher contemporânea, quais sejam:
1) Ser amada
2) Ser reconhecida
3) Ser magra
É tão simples. Pense em todas as conquistas que um ser humano do sexo feminino pode querer ter hoje e verá que elas passam por pelo menos uma dessas vontades.
- Não muito mais magra do que já estive antes, mas um pouco, sim. Obrigada! - respondi.
- Que negócio é esse que mulher tem de agradecer quando a gente fala que ela emagreceu? Todas as mulheres do mundo querem emagrecer, é isso? - ele perguntou num sorriso.
A gente saiu fazendo essa pergunta para as colegas em volta e comprovou: sim, aparentemente, todas as mulheres do mundo (pelo menos as do mundo ocidental) querem emagrecer.
Digo mais. Afinar é algo que se inscreve nos três grandes desejos da mulher contemporânea, quais sejam:
1) Ser amada
2) Ser reconhecida
3) Ser magra
É tão simples. Pense em todas as conquistas que um ser humano do sexo feminino pode querer ter hoje e verá que elas passam por pelo menos uma dessas vontades.
quinta-feira, julho 23, 2009
Mais um penduricalho
Tenho três contas de e-mail nas quais preciso ficar de olho quase o dia inteiro, um blog que tento atualizar quase todos os dias e um perfil no Orkut ao qual dedico só um mínimo de atenção.
Dá para ver que já passo tempo suficiente em redes sociais da internet, né? Pois é. Mas me parece que tempo para navegar virtualmente nunca é o bastante. Sempre tem uma coisa nova para a gente aderir. Eu fugi do Multiply, do hi5, do Twitter, mas não consegui ignorar por muito tempo o Facebook.
Me convenceram de que eu precisava de um... e eu entrei. Fiquei impressionada com a quantidade de gente que encontrei -- principalmente amigos que não deram nem pelota para o Orkut.
Não sei se vou ficar no Facebook definitivamente ou só por um período de testes. Acho que a página tem elementos demais, informações demais, penduricalhos demais. Não sei se estou envelhecendo (hehe) ou se tudo lá é realmente excessivo. O fato é que ele deu uma canseira. Mas nem por isso vou deixar de dar-lhe uma chance.
Dá para ver que já passo tempo suficiente em redes sociais da internet, né? Pois é. Mas me parece que tempo para navegar virtualmente nunca é o bastante. Sempre tem uma coisa nova para a gente aderir. Eu fugi do Multiply, do hi5, do Twitter, mas não consegui ignorar por muito tempo o Facebook.
Me convenceram de que eu precisava de um... e eu entrei. Fiquei impressionada com a quantidade de gente que encontrei -- principalmente amigos que não deram nem pelota para o Orkut.
Não sei se vou ficar no Facebook definitivamente ou só por um período de testes. Acho que a página tem elementos demais, informações demais, penduricalhos demais. Não sei se estou envelhecendo (hehe) ou se tudo lá é realmente excessivo. O fato é que ele deu uma canseira. Mas nem por isso vou deixar de dar-lhe uma chance.
quarta-feira, julho 22, 2009
Cocho
Na escola, em frente à cantina, havia uma pia coletiva apelidada de cocho por causa de seu formato. Ela era igualzinha a um desses comedouros usados para animais. Das torneiras, jorrava uma água permanentemente fria, qualquer que fosse a época do ano.
Paulo sabia exatamente o que o líquido naquela temperatura provocava no corpo. Desde que havia mudado de escola, não tinha passado um 5 de outubro sequer sem receber o que os colegas chamavam de "homenagem". Primeiro, uma sessão de ovada com tinta e farinha. Depois, mergulho no cocho. Coisa de menino de quinta série.
Houve, porém, um dia em que o garoto tomou banho sem que fosse seu aniversário. Foi no dia em que escreveu na mão esquerda tudo o que queria dizer para Sofia. Ela estudava três salas à direita da dele e andava com as nerds de vez em quando, mas era até bem bonitinha.
A cagada de Paulo foi não ter ido direto falar com Sofia assim que o sinal do recreio tocou. Ao invés disso, ele foi à cantina comprar chicletes, tic-tacs ou qualquer outra coisa que lhe garantisse o hálito de hortelã na hora de conversar com a menina. No meio da muvuca no balcão, não notou que os colegas maiores armavam emboscadas para os magrinhos como ele.
Para Paulo, reservaram um gesto simples: alguém foi lá e abaixou o elástico da bermuda até os joelhos. Quando olhou para trás e viu quem fez isso, virou bicho. Esqueceu Sofia e os tic-tacs. Logo percebeu que ia ter de brigar sozinho com mais de um garoto. E não quis nem saber: lembrou-se dos filmes de luta que o irmão mais velho via e tentou aplicar uns golpes.
Mas sua valentia não durou muito. Na verdade, foi só um minuto e meio, tempo suficiente para um dos grandões ver o texto escrito em caneta azul entre as linhas da mão esquerda.
- Sofia, eu preciso dizer que você é muito linda. Quero ficar com você desde o dia em que você entrou na escola - leu o brutamontes em voz alta.
- Aaaaaaaaah, que meigo. Diz aí quem é a Sofia, que a gente te leva até ela - respondeu outro.
- Leva ele pro cocho, pô - retrucou o primeiro.
Paulo chutou, berrou e se debateu, mas teve de experimentar de novo o arrepio nos pelos e a dor nas pedrinhas do peito. Maldita água gelada. O bedel só chegou depois que o garoto já estava todo encharcado, com a mão borrada de promessas de amor.
Para os grandões, suspensão de três dias (e eles acharam ótimo).
Paulo, por sua vez, se prometeu duas coisas: 1) Conquistar Sofia bem longe dali (por sorte, a menina tinha faltado à aula naquele dia); 2) Dar o troco.
O tempo passou.
Primeiro, o garoto se matriculou no kickboxing.
Meses depois, encontrou a musa num show de axé e criou coragem para dar-lhe uns beijos ali mesmo.
Não demorou muito, começaram a namorar. Só não contou a história do cocho porque era muito humilhante.
Agora que tem Sofia nos braços, Paulo considera seriamente a hipótese de deixar a vingança de lado.
Paulo sabia exatamente o que o líquido naquela temperatura provocava no corpo. Desde que havia mudado de escola, não tinha passado um 5 de outubro sequer sem receber o que os colegas chamavam de "homenagem". Primeiro, uma sessão de ovada com tinta e farinha. Depois, mergulho no cocho. Coisa de menino de quinta série.
Houve, porém, um dia em que o garoto tomou banho sem que fosse seu aniversário. Foi no dia em que escreveu na mão esquerda tudo o que queria dizer para Sofia. Ela estudava três salas à direita da dele e andava com as nerds de vez em quando, mas era até bem bonitinha.
A cagada de Paulo foi não ter ido direto falar com Sofia assim que o sinal do recreio tocou. Ao invés disso, ele foi à cantina comprar chicletes, tic-tacs ou qualquer outra coisa que lhe garantisse o hálito de hortelã na hora de conversar com a menina. No meio da muvuca no balcão, não notou que os colegas maiores armavam emboscadas para os magrinhos como ele.
Para Paulo, reservaram um gesto simples: alguém foi lá e abaixou o elástico da bermuda até os joelhos. Quando olhou para trás e viu quem fez isso, virou bicho. Esqueceu Sofia e os tic-tacs. Logo percebeu que ia ter de brigar sozinho com mais de um garoto. E não quis nem saber: lembrou-se dos filmes de luta que o irmão mais velho via e tentou aplicar uns golpes.
Mas sua valentia não durou muito. Na verdade, foi só um minuto e meio, tempo suficiente para um dos grandões ver o texto escrito em caneta azul entre as linhas da mão esquerda.
- Sofia, eu preciso dizer que você é muito linda. Quero ficar com você desde o dia em que você entrou na escola - leu o brutamontes em voz alta.
- Aaaaaaaaah, que meigo. Diz aí quem é a Sofia, que a gente te leva até ela - respondeu outro.
- Leva ele pro cocho, pô - retrucou o primeiro.
Paulo chutou, berrou e se debateu, mas teve de experimentar de novo o arrepio nos pelos e a dor nas pedrinhas do peito. Maldita água gelada. O bedel só chegou depois que o garoto já estava todo encharcado, com a mão borrada de promessas de amor.
Para os grandões, suspensão de três dias (e eles acharam ótimo).
Paulo, por sua vez, se prometeu duas coisas: 1) Conquistar Sofia bem longe dali (por sorte, a menina tinha faltado à aula naquele dia); 2) Dar o troco.
O tempo passou.
Primeiro, o garoto se matriculou no kickboxing.
Meses depois, encontrou a musa num show de axé e criou coragem para dar-lhe uns beijos ali mesmo.
Não demorou muito, começaram a namorar. Só não contou a história do cocho porque era muito humilhante.
Agora que tem Sofia nos braços, Paulo considera seriamente a hipótese de deixar a vingança de lado.
terça-feira, julho 21, 2009
Uma menina quase organizada
Hoje não tem mais post (impossível arranjar tempo), mas amanhã vai rolar.
Deixarei um programadinho para as 7h, vejam só que blogueira mais organizada. Hehe.
Deixarei um programadinho para as 7h, vejam só que blogueira mais organizada. Hehe.
segunda-feira, julho 20, 2009
O Menino das Pinturas
Desde que voltei de férias, há um mês e pouco, venho me prometendo fazer e colocar no blog uma entrevista incrível com um cara de Granada, Espanha, cujo apelido é El Niño de Las Pinturas. O nome de batismo é Raúl Ruiz, mas acho que ninguém o chama dessa forma.
Não há como não andar pela cidade andaluza sem prestar atenção em seu trabalho colorido e extremamente realista, que retrata gente de lá mesmo de uma forma muito poética.
O problema é que a agenda apertou demais desde que voltei e não tive tempo para fazer aquele trabalho básico de apuração e elaboração de perguntas. Quando o tempo permite, já estou tão sem paciência para coisas com jeito profissional que acabo deixando tudo de lado. Argh.
Como não quero deixar de compartilhar essa descoberta, coloco essas fotos no ar e umas informações que fiquei sabendo sobre o cara.
A mais impactante delas diz respeito à recepção que o trabalho dele tem na própria cidade de Granada. Os turistas, por exemplo, amam. Tanto que é superfácil achar fotografias (feitas por viajantes) dos trabalhos de El Niño pela internet.
Muitos granadinos adoram-no também. Ajudaram a fazer com que sua criação conseguisse ir além das ruas. Vi, por exemplo, sorveterias, pizzarias e lojas de roupa cujas portas e paredes internas eram decoradas com os grafites feitos pelo artista.
A prefeitura da cidade, por sua vez, é acusada por ele de fazer um jogo ambíguo. Ora premia, como fez em 2002, ora aplica multas por depredação urbana. Uma das mais recentes é relativa a um muro enorme, do lado de fora de uma escola no bairro de Realejo (abaixo), que há anos está sendo trabalhado por ele e um coletivo de grafiteiros com a autorização das donas da escola. Muito bizarro isso.
Para discutir esse e outros conflitos -- que, afinal, devem se repetir entre as pessoas que fazem arte urbana no resto do mundo --, El Niño lançou um manifesto que pode ser lido aqui.
domingo, julho 19, 2009
Baby berra
Reza a lenda que, entre os 25 e os 30 anos, o organismo da mulher vive uma espécie de baile funk hormonal responsável por uma vontade louca e irracional de gerar bebês.
Sempre ri dessa história até o momento em que me peguei não só me emocionando com nenezinhos como também imaginando como seria ter um deles crescendo sob as minhas camisas. Eu, que NUNCA, mas nunca mesmo, fui uma pessoa maternal.
Eu, que sempre me pergunto por que diabos as pessoas insistem em ter filhos e depois reclamam de nunca mais poder fazer certas coisas. Por exemplo, ir a um restaurante que não tenha parquinho ou assistir a algum filme que não seja infantil.
Fiquei um tempo considerável administrando essa tensão entre natureza (o baile funk hormonal típico da faixa etária de 25-30 anos) e cultura (as minhas mil razões para recusar a maternidade) até que...
... Não, não engravidei, caro leitor. Ainda bem.
Na verdade, foi até o dia (há umas duas semanas) em que descobri que um dos vizinhos tem um recém-nascido vivendo em casa. Não sei se é menino ou menina; branco, negro ou de olhos puxados; bochechudo ou fininho. Só sei que o baby berra.
Solta seus bués e buós (bué deve ser choro de fome; buó, de fralda cheia de cocô, ou vice-versa) em horários inacreditáveis. Por volta da meia-noite. Depois, no meio da madrugada. Na hora do almoço. Toda hora é hora, inclusive no fim de semana. E eu ouço tudo porque aqui as paredes têm ouvidos mesmo.
Se eu, que sou vizinha, cansei de bué pra cá e buó pra lá em apenas 14 ou 15 dias, imagine os pais -- que, ainda por cima, não podem ignorar o chamado de um ser humano em tamanho míni.
Pelo menos para uma coisa esses choros serviram: para silenciar o meu personal baile funk. Mr. Catra foi cantar noutro salão. E, pronto, virei uma pessoa não maternal de novo.
sábado, julho 18, 2009
Questão escatológica
Acho ao mesmo tempo nojento e engraçado ver as pessoas que, num restaurante, botam a mão na frente da boca para disfarçar enquanto palitam os dentes diante dos outros.
Tipo assim, quem elas pensam que estão enganando? Elas realmente acham que ninguém está vendo?
Ou quem sabe elas se deem conta da tosquice de tal ato, mas ainda assim se sintam com preguiça demais para se levantar e ir ao banheiro -- onde vão poder fazer o que quiserem sem que ninguém as veja. Não sei. Quem arrisca uma explicação?
sexta-feira, julho 17, 2009
Diálogo do dia
Hoje mais cedo fui fazer exame de sangue. O lugar estava cheio. Lá pelas tantas, ouço:
- Senhora Mariana.
Para me assegurar de que não estava passando na frente de nenhuma xará, perguntei ao mocinho de branco:
- Mariana K. Ceratti, né?
Ele olhou na ficha e disse:
- Eita, menina, sei ler esse nome não.
Peguei o documento emprestado e vi que era a minha vez mesmo.
Aí, me lembrei que há dias não soletro meu nome para ninguém. Tem épocas em que isso acontece diariamente.
- Senhora Mariana.
Para me assegurar de que não estava passando na frente de nenhuma xará, perguntei ao mocinho de branco:
- Mariana K. Ceratti, né?
Ele olhou na ficha e disse:
- Eita, menina, sei ler esse nome não.
Peguei o documento emprestado e vi que era a minha vez mesmo.
Aí, me lembrei que há dias não soletro meu nome para ninguém. Tem épocas em que isso acontece diariamente.
quinta-feira, julho 16, 2009
Tinha começado um post...
... mas tô muito cansada. Hoje não vai mais rolar de escrever.
Também tinha colocado um vídeo do Muse aqui (Supermassive Black Holes), mas ele também deu pau. Espero que esse funcione: Say, Say, Say, MJ e Paul McCartney. Esse duo é fera.
quarta-feira, julho 15, 2009
Miniconto
Da desordem
Eu era uma pessoa calma e organizada. Sabia onde estavam todas as coisas, gostava de acordar cedo e não comia muito doce, porque me enjoava. Aí eu me apaixonei. Fim.
Eu era uma pessoa calma e organizada. Sabia onde estavam todas as coisas, gostava de acordar cedo e não comia muito doce, porque me enjoava. Aí eu me apaixonei. Fim.
terça-feira, julho 14, 2009
Nada fofas
segunda-feira, julho 13, 2009
Procura-se
Não lembro se já falei no blog (acho que sim) da minha adoração por classificados de jornal. Olho quase sempre, não importa a publicação que eu estiver lendo.
Acompanho com interesse os anúncios feitos por uma família que publica com frequência umas ofertas de emprego extensas (uns 10cm de altura) e exigentes, especialmente levando-se em conta o nível da mão de obra aqui em Brasília.
Não sei se trata-se de uma casa que precisa de muitas funcionárias ou se as demandas do ofício são tantas que ninguém acaba durando muito como empregada doméstica/cozinheira do lugar. Vejam só as atribuições do posto (não fiz nenhuma revisão de texto):
"Deve ter vasto cardápio, dominando artes culinárias em geral, saiba fazer pratos individuais estilo francês. Que saiba preparar jantares especiais dos petiscos à sobremesa e mesas de café (...) Se tiver experiência com buffets e cursos, melhor ainda".
"Precisa saber fazer coisas com pouco tempo, pois recebemos visitas inesperadas".
"Cuidará apenas da cozinha como um todo, mas precisa lavar e passar bem".
"Precisa, apesar de ser boa cozinheira, ter perfil de doméstica e querer durar no emprego".
Salário: R$ 1.600. A candidata deve dormir no emprego. Folga do sábado, ao meio-dia, à segunda, às 6h.
Devo acrescentar que o salário oferecido já foi bem menor. E a tripa de anúncio, consideravelmente maior.
Outra coisa: os anúncios antigamente tinham telefone de contato. Acho que rolavam tantos trotes que os contratantes decidiram mudar o método de seleção. Agora, para concorrer à vaga, só aparecendo na casa. De preferência, com currículo na mão.
Algum leitor aí tem experiência de seleção de empregados para residências chiques? Por favor, deixe um comentário na caixinha para me dizer se é assim mesmo que o mercado funciona. Fico louca de curiosidade a cada vez que um anúncio desse tipo sai no jornal.
Ah: na edição de ontem, também vi uma tripa de 7cm com anúncio para contratação de babá. R$ 1.200 por mês. Pelo estilo de texto, tenho quase certeza de que é a mesma patroa que anda atrás de cozinheira. Quem se habilita?
Acompanho com interesse os anúncios feitos por uma família que publica com frequência umas ofertas de emprego extensas (uns 10cm de altura) e exigentes, especialmente levando-se em conta o nível da mão de obra aqui em Brasília.
Não sei se trata-se de uma casa que precisa de muitas funcionárias ou se as demandas do ofício são tantas que ninguém acaba durando muito como empregada doméstica/cozinheira do lugar. Vejam só as atribuições do posto (não fiz nenhuma revisão de texto):
"Deve ter vasto cardápio, dominando artes culinárias em geral, saiba fazer pratos individuais estilo francês. Que saiba preparar jantares especiais dos petiscos à sobremesa e mesas de café (...) Se tiver experiência com buffets e cursos, melhor ainda".
"Precisa saber fazer coisas com pouco tempo, pois recebemos visitas inesperadas".
"Cuidará apenas da cozinha como um todo, mas precisa lavar e passar bem".
"Precisa, apesar de ser boa cozinheira, ter perfil de doméstica e querer durar no emprego".
Salário: R$ 1.600. A candidata deve dormir no emprego. Folga do sábado, ao meio-dia, à segunda, às 6h.
Devo acrescentar que o salário oferecido já foi bem menor. E a tripa de anúncio, consideravelmente maior.
Outra coisa: os anúncios antigamente tinham telefone de contato. Acho que rolavam tantos trotes que os contratantes decidiram mudar o método de seleção. Agora, para concorrer à vaga, só aparecendo na casa. De preferência, com currículo na mão.
Algum leitor aí tem experiência de seleção de empregados para residências chiques? Por favor, deixe um comentário na caixinha para me dizer se é assim mesmo que o mercado funciona. Fico louca de curiosidade a cada vez que um anúncio desse tipo sai no jornal.
Ah: na edição de ontem, também vi uma tripa de 7cm com anúncio para contratação de babá. R$ 1.200 por mês. Pelo estilo de texto, tenho quase certeza de que é a mesma patroa que anda atrás de cozinheira. Quem se habilita?
domingo, julho 12, 2009
Conselho em estilo de mãe
Leitores desse blog (e não leitores também): nunca, jamais, em tempo algum andem de carro sem cinto de segurança. Não importa em que lugar vocês estejam, seja o do motorista ou o do passageiro.
Perdi hoje um colega de trabalho novo demais e gente boa demais para ir embora tão estupidamente. Estava dirigindo, bateu o carro e estava sem cinto. Ninguém merece.
Perdi hoje um colega de trabalho novo demais e gente boa demais para ir embora tão estupidamente. Estava dirigindo, bateu o carro e estava sem cinto. Ninguém merece.
sexta-feira, julho 10, 2009
Lelelelelê uh lelelelelelê uh leleleleô
“Deus criou o homem, o homem criou Nero e Nero criou a Dança da Manivela”
(Jou Batá)
Todo mundo tem uma situação na vida em que gostaria de se transformar num mosquitinho. Eu adoraria ser um — equipado com uma microcâmera de vídeo, de preferência — para ver como se dá o processo criativo de quem toca no ou compõe para o Asa de Águia e o Chiclete com Banana, bandas que são simplesmente veneradas por aqui.
O Asa, a propósito, toca em Brasília amanhã. Vai lotar, claro.
Minha curiosidade se justifica por algumas coisas. Não, eu não sou fã de nenhum dos dois grupos. Não pago ingresso para os shows e não compro CD. Também não adquiro abadá com valor dividido em várias parcelas para ir ao carnaval de Salvador ou a uma micareta. Foi mal, pessoas que têm o adesivo “Sou Chicleteiro” no carro. Minha praia é outra.
Eu só queria saber como, afinal, eles dão conta de escrever letras mais ou menos com o mesmo jeitinho — sempre um tanto inusitadas — há tanto tempo e ainda assim continuarem com o cartaz que têm. É sério: eu sempre me sinto um alien chegando à Terra quando ouço ou leio os versos de Quero chiclete e Dança da manivela, entre muitos outros.
Eu fui perguntar pra ela, meu amor
Se a dança da manivela ela topou (2x)
Dizendo que aqui tá quente
Aqui tá frio
Muito quente, aqui tá frio
Aqui tá quente, aqui tá frio
Muito quente, aqui tá frio
Pega no dedinho dela
Pega no joelho dela
Pega na coxinha dela
Sobe mais um pouquinho
Pega no rostinho dela,
Pega no peitinho dela
Pega no umbigo dela,
Desce devagarinho
Que existam no Brasil e no mundo músicas compostas para dançar sem que se pense muito nelas, isso é óbvio. O que eu não posso é passar por essa vida sem saber como elas são feitas.
Posso fazer isso como profissional? Posso. Mas bom mesmo seria ver tudo acontecer sem representar uma interferência. Daí a vontade de ser um mosquitinho. Com sorte, até ganharia uma melô em minha homenagem. Com coreografia e tudo.
(Jou Batá)
Todo mundo tem uma situação na vida em que gostaria de se transformar num mosquitinho. Eu adoraria ser um — equipado com uma microcâmera de vídeo, de preferência — para ver como se dá o processo criativo de quem toca no ou compõe para o Asa de Águia e o Chiclete com Banana, bandas que são simplesmente veneradas por aqui.
O Asa, a propósito, toca em Brasília amanhã. Vai lotar, claro.
Minha curiosidade se justifica por algumas coisas. Não, eu não sou fã de nenhum dos dois grupos. Não pago ingresso para os shows e não compro CD. Também não adquiro abadá com valor dividido em várias parcelas para ir ao carnaval de Salvador ou a uma micareta. Foi mal, pessoas que têm o adesivo “Sou Chicleteiro” no carro. Minha praia é outra.
Eu só queria saber como, afinal, eles dão conta de escrever letras mais ou menos com o mesmo jeitinho — sempre um tanto inusitadas — há tanto tempo e ainda assim continuarem com o cartaz que têm. É sério: eu sempre me sinto um alien chegando à Terra quando ouço ou leio os versos de Quero chiclete e Dança da manivela, entre muitos outros.
Eu fui perguntar pra ela, meu amor
Se a dança da manivela ela topou (2x)
Dizendo que aqui tá quente
Aqui tá frio
Muito quente, aqui tá frio
Aqui tá quente, aqui tá frio
Muito quente, aqui tá frio
Pega no dedinho dela
Pega no joelho dela
Pega na coxinha dela
Sobe mais um pouquinho
Pega no rostinho dela,
Pega no peitinho dela
Pega no umbigo dela,
Desce devagarinho
Que existam no Brasil e no mundo músicas compostas para dançar sem que se pense muito nelas, isso é óbvio. O que eu não posso é passar por essa vida sem saber como elas são feitas.
Posso fazer isso como profissional? Posso. Mas bom mesmo seria ver tudo acontecer sem representar uma interferência. Daí a vontade de ser um mosquitinho. Com sorte, até ganharia uma melô em minha homenagem. Com coreografia e tudo.
quinta-feira, julho 09, 2009
O amor tudo vence?
Argh
Três ideias de post na cabeça, nenhum ânimo para desenvolvê-las. Ai, credo.
Espero que tudo melhore depois que eu acordar. Beijos.
Espero que tudo melhore depois que eu acordar. Beijos.
terça-feira, julho 07, 2009
Exceção
Michael Jackson era a única pessoa do mundo que podia usar terno preto com meia branca sem ficar ridículo.
Morrem o mito e a exceção da moda...
Morrem o mito e a exceção da moda...
Da materialidade - atualizado
O que faz uma pessoa, num dia de sol e milhões de possibilidades, pegar um metrô para ir visitar tumbas de gente famosa?
Como se fosse possível, né? Porque a essa altura do campeonato os dois já adubaram e readubaram a terra incontáveis vezes.
Essa pergunta me ocorreu antes, durante e depois da visita a um dos cemitérios mais famosos do
mundo: o Père Lachaise, em Paris.
mundo: o Père Lachaise, em Paris.
Ao SMM (senhor-meu-marido) e aos amigos, disse, convicta:
- Vou ver o Jim Morrison e o Oscar Wilde.
Como se fosse possível, né? Porque a essa altura do campeonato os dois já adubaram e readubaram a terra incontáveis vezes.
Na verdade, eu queria ver a muvuca feita em torno da tumba do vocalista do The Doors. Li na adolescência que os fãs dele faziam a maior festa, cantavam as músicas da banda, etc., e fiquei achando que aquilo devia ser um superespetáculo de luxo antropológico.
Quando cheguei ao túmulo, rolou uma certa decepção. Seguranças estrategicamente posicionados cuidavam do silêncio e da ordem no lugar. Nada de violões, nada de gente cantando, nada de desconhecidos bêbados se abraçando ao som de Light My Fire, etc.
O máximo permitido ali era chegar, bater uma ou outra foto e ir embora. Dá para compreender, principalmente depois que a gente vê o resultado dos arroubos dos fãs na sepultura do roqueiro.
Morrison disputa com Oscar Wilde (enterrado sob essa figura meio egípcia) não só o título de habitante da tumba mais concorrida do Père Lachaise, mas também o de jazigo com mais marcas de batom.
É engraçado que alguém queira manifestar assim o seu amor. Afinal, teoricamente, o que se beija não é a boca de Morrison, nem a mão de Wilde, mas uma parede de mármore, né não?
Bom, não. De alguma forma bizarra, os ídolos mortos acabam se materializando nas pedras dos sepulcros. Não tivessem as coisas essa carga simbólica, ninguém ia sair por aí metendo a boca naqueles túmulos cheios de bactérias. Também ninguém se ofenderia com aquele chute que o bispo deu na santa (mas isso é outra história).
Ok, vi o roqueiro e o escritor (ops). Da sepultura do Wilde até a entrada do cemitério, é necessário fazer uma caminhadinha. Perguntei-me por que não dar um alô a outras pessoas: Chopin, Edith Piaf, Sarah Bernhardt, Gertrude Stein, Maria Callas (a tumba é só para constar, já que as cinzas da cantora foram jogadas no Mar Egeu), Abelardo & Heloísa (pense novamente no ciclo de adubação-readubação repetido através dos anos) e por aí vai.
Tirei mais um milhão de fotos, da mesma forma que faria se essas pessoas estivessem na minha frente. É para isso que os turistas vão lá. A gente pode até assistir a um vídeo do Morrison no Youtube ou ouvir um disco inteiro de músicas da Piaf. Mas chegar perto do ídolo (ou o que foi feito dele) em sua versão material, carnal, dá uma emoção ao mesmo tempo estranha e intensa. Fora que ali nenhum astro ou estrela vai dar piti porque você, fã, está perto demais ou fotografando demais ou emocionando-se demais.
Essa história toda volta à cabeça nesses dias em que se conjectura sobre o funeral de Michael Jackson -- da mesma forma como se especulou sobre o artista enquanto ele viveu. Interessante ver como será essa despedida pública sem corpo (já que este será visto apenas no funeral reservado à família). O que ou quem os fãs tocarão e beijarão na falta de uma parede de mármore?
Update às 14h37: mudou tudo, minha gente. A cerimônia começou... e com MJ no meio do povo.
Update às 14h37: mudou tudo, minha gente. A cerimônia começou... e com MJ no meio do povo.
segunda-feira, julho 06, 2009
Wild is the Wind
Hoje achei que fosse conseguir fazer um post grandinho. Mas, como diria uma amiga, não vai estar dando para estar rolando. Aí, me lembrei que esses dias fiz um post sobre a Cat Power e prometi botar um vídeo dela. Bom, essa promessa é fácil de cumprir.
Wild is the Wind é uma das músicas do álbum The Covers Record, de 2000. Antes de ganhar vida na voz da artista norte-americana, a canção já havia sido gravada por Johnny Matthis, Nina Simone e David Bowie. Não conheço as duas primeiras. A do Bowie eu não achei melhor que a da Cat não... digam-me suas opiniões.
Wild is the Wind é uma das músicas do álbum The Covers Record, de 2000. Antes de ganhar vida na voz da artista norte-americana, a canção já havia sido gravada por Johnny Matthis, Nina Simone e David Bowie. Não conheço as duas primeiras. A do Bowie eu não achei melhor que a da Cat não... digam-me suas opiniões.
domingo, julho 05, 2009
Duas coisas que eu odeio...
* Digitar o número do código de barras um a um quando preciso pagar uma conta e o maldito caixa eletrônico não reconhece a sequência de linhas.
* Apagar e-mails, apagar e-mails, apagar e-mails e continuar ouvindo alertas gerais de que a minha caixa de entrada continua cheia.
... e uma que eu adoro
* Depois de acordar no susto, me lembrar que é fim de semana e eu posso dormir o quanto mais eu quiser.
* Apagar e-mails, apagar e-mails, apagar e-mails e continuar ouvindo alertas gerais de que a minha caixa de entrada continua cheia.
... e uma que eu adoro
* Depois de acordar no susto, me lembrar que é fim de semana e eu posso dormir o quanto mais eu quiser.
sábado, julho 04, 2009
sexta-feira, julho 03, 2009
Raquel
Os homens sonham com mulheres lindas, mas se casam mesmo é com as normais. E antes que qualquer pessoa ache que estou começando um manifesto piegas em defesa das pessoas normais -- porque afinal, são elas que vivem de fato uma vida real, namoram, se casam, engravidam, etc. --, eu digo: não é nada disso.
A mulher normal, sinto informar, é aquela "que deu para arranjar".
Nessa mesa bagunçada de almoço de domingo, rodeada por outras mesas bagunçadas, cheias de mulheres, maridos e filhos, fico me perguntando se sou apenas o que deu para ele conseguir. Acho que sim. Ele também foi o que eu consegui. E sinto que não há muita diferença naqueles que vejo no resto do restaurante.
Enquanto luto para dar conta dos espetos que se revezam e as crianças, ainda consigo observar ao redor. Administrar o marido é fácil: basta que ele não abra a boca para falar.
Minha Nossa Senhora da Pipa, quanta gente feia. Não consigo imaginar como pode ter existido o dia em que essas pessoas se olharam, gostaram umas das outras, sentiram tesão, transaram e acharam legal a ideia de botar mais gente feia no mundo.
Eu não me lembro bem como tudo isso aconteceu comigo. Achei que fosse a sequência natural das coisas, sabe? Encontrar alguém que tenha um interesse razoável por você, namorar, casar, financiar um apartamento em 30 anos, fazer um casal de filhos antes dos 40... não sei se li isso em algum lugar ou se alguém me disse que era assim que pessoas normais viviam.
Pois bem: tenho uma aliança, um casal de filhos, um apê financiado, uma vaguinha no governo e acho tudo isso... ah, deixa pra lá.
Preciso que alguém leve os meninos pra brincar no playground. Preciso que esse cara ao meu lado vá embora. Preciso de atrativos físicos. Preciso poder usar as roupas que vejo na revista. Preciso do tempo que perdi conseguindo todas as coisas que consegui.
Quero outras coisas. Outra vida. Voltar para esse mundo de outro jeito. Ah... também acho que quero mais um pão de alho antes de tudo isso.
A mulher normal, sinto informar, é aquela "que deu para arranjar".
Nessa mesa bagunçada de almoço de domingo, rodeada por outras mesas bagunçadas, cheias de mulheres, maridos e filhos, fico me perguntando se sou apenas o que deu para ele conseguir. Acho que sim. Ele também foi o que eu consegui. E sinto que não há muita diferença naqueles que vejo no resto do restaurante.
Enquanto luto para dar conta dos espetos que se revezam e as crianças, ainda consigo observar ao redor. Administrar o marido é fácil: basta que ele não abra a boca para falar.
Minha Nossa Senhora da Pipa, quanta gente feia. Não consigo imaginar como pode ter existido o dia em que essas pessoas se olharam, gostaram umas das outras, sentiram tesão, transaram e acharam legal a ideia de botar mais gente feia no mundo.
Eu não me lembro bem como tudo isso aconteceu comigo. Achei que fosse a sequência natural das coisas, sabe? Encontrar alguém que tenha um interesse razoável por você, namorar, casar, financiar um apartamento em 30 anos, fazer um casal de filhos antes dos 40... não sei se li isso em algum lugar ou se alguém me disse que era assim que pessoas normais viviam.
Pois bem: tenho uma aliança, um casal de filhos, um apê financiado, uma vaguinha no governo e acho tudo isso... ah, deixa pra lá.
Preciso que alguém leve os meninos pra brincar no playground. Preciso que esse cara ao meu lado vá embora. Preciso de atrativos físicos. Preciso poder usar as roupas que vejo na revista. Preciso do tempo que perdi conseguindo todas as coisas que consegui.
Quero outras coisas. Outra vida. Voltar para esse mundo de outro jeito. Ah... também acho que quero mais um pão de alho antes de tudo isso.
quinta-feira, julho 02, 2009
O dia em que circulei no Jet Set
Não sei se você pensa parecido, mas acho que o fato de certos estabelecimentos comerciais terem nomes em inglês (ou alguma tentativa linguística do gênero) faz com que eles pareçam muito mais toscos do que realmente são.
Lembre-se de todos os bares chamados Fulano's e de todas as boates chamadas Star Night (aqui em Brasília há ou havia uma) ou World Class e você saberá do que estou falando.
E de um restaurante chamado New Jet Set, o que dizer?
...............................
Ele existe, fica em Paris e é sensacional -- um pouco pelo serviço atencioso, mais um tanto pela decoração, muito pela gastronomia e mais ainda pela quantidade inenarrável de personagens que frequentam o lugar.
Repare que não me refiro a pessoas: são personagens de verdade. Poderiam estar num filme francês metido a étnico, num conto escrito por um autor marginal, numa tese antropológica ou em todos esses veículos ao mesmo tempo.
A comida é toda baseada nas receitas vindas do Oriente Médio e tem um sabor responsa. Individualmente, os pratos são meio caros, mas dá para provar um pouco de cada coisa sem pagar muito. Basta escolher a opção do dia ou uma das combinações de entrada-prato principal, prato-sobremesa ou entrada-prato-sobremesa, que têm preços supervariáveis.
Escolhi a fórmula prato-sobremesa. Pedi cordeiro e fui muito, muito feliz. Mas fiquei mais contente ainda observando o resto da fauna. Achei incrível a quantidade de tempo que eles passavam por lá, ainda mais num meio de tarde de um dia de semana.
........................
Entre os homens, havia uns executivos aqui, uns caras com jeito de trabalhadores-autônomos-posudos acolá e uns tipos com um jeito mafiosíssimo (pense em barrigões de prosperidade alojados em camisas de manga curta, bigodões e colarzões de ouro).
Entre as mulheres, umas moças lindas e classudas -- uma ou outra com uniforme de comissária de bordo -- e outras com um visual suspeitíssimo.
E o que todos eles faziam, afinal, num horário tradicionalmente morto para qualquer outro restaurante? Fiquei até com dificuldade de chutar. Alguns pareciam estar fechando negócios com os companheiros de mesa. Outros falavam no celular por minutos intermináveis. Outros tinham jeito de quem não estava fazendo nada além de tomar alguma coisa e fumar narguilé.
O New Jet Set tem isso: se você quiser, pode simplesmente chegar lá, sentar num sofazinho comprido no meio de outras pessoas, descolar um narguilé individual, fumar e ir embora. Não sei quanto custa.
..........................................
Já tinha acabado o almoço quando vi entrar uma moça de uns 30 anos, cabelo chanel laranja-cobre e calcinha laranja gigante aparecendo em cima do cós da calça jeans justa.
Ela fez menção de se sentar no sofá comprido reservado aos fumantes de narguilé, mas um homem bigodudo nos seus 50 anos disse a ela em francês:
- Você não pode se sentar aí. O lugar já está ocupado por outro senhor.
Rolou um começo de climão. Mas um dos garçons interveio rapidamente e avisou que o antigo ocupante do lugar já tinha ido embora e que, sim, ela podia se sentar.
Eu não quis ficar olhando muito. Paguei minha parte da conta, observei a rua um pouco e, 10 minutos depois, o senhor "você não pode se sentar aí" e a mulher de calcinha laranja estavam cada um com seu narguilé e no maior tête-à-tête. Davam risinhos como se fossem conhecidos de muito tempo.
Gosto de pensar que as demonstrações de intimidade louca e instantânea entre os dois não acabaram por ali.
..........................................
NEW JET SET
Rue Washington, 14 -- 75008, Paris.
Lembre-se de todos os bares chamados Fulano's e de todas as boates chamadas Star Night (aqui em Brasília há ou havia uma) ou World Class e você saberá do que estou falando.
E de um restaurante chamado New Jet Set, o que dizer?
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Ele existe, fica em Paris e é sensacional -- um pouco pelo serviço atencioso, mais um tanto pela decoração, muito pela gastronomia e mais ainda pela quantidade inenarrável de personagens que frequentam o lugar.
Repare que não me refiro a pessoas: são personagens de verdade. Poderiam estar num filme francês metido a étnico, num conto escrito por um autor marginal, numa tese antropológica ou em todos esses veículos ao mesmo tempo.
A comida é toda baseada nas receitas vindas do Oriente Médio e tem um sabor responsa. Individualmente, os pratos são meio caros, mas dá para provar um pouco de cada coisa sem pagar muito. Basta escolher a opção do dia ou uma das combinações de entrada-prato principal, prato-sobremesa ou entrada-prato-sobremesa, que têm preços supervariáveis.
Escolhi a fórmula prato-sobremesa. Pedi cordeiro e fui muito, muito feliz. Mas fiquei mais contente ainda observando o resto da fauna. Achei incrível a quantidade de tempo que eles passavam por lá, ainda mais num meio de tarde de um dia de semana.
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Entre os homens, havia uns executivos aqui, uns caras com jeito de trabalhadores-autônomos-posudos acolá e uns tipos com um jeito mafiosíssimo (pense em barrigões de prosperidade alojados em camisas de manga curta, bigodões e colarzões de ouro).
Entre as mulheres, umas moças lindas e classudas -- uma ou outra com uniforme de comissária de bordo -- e outras com um visual suspeitíssimo.
E o que todos eles faziam, afinal, num horário tradicionalmente morto para qualquer outro restaurante? Fiquei até com dificuldade de chutar. Alguns pareciam estar fechando negócios com os companheiros de mesa. Outros falavam no celular por minutos intermináveis. Outros tinham jeito de quem não estava fazendo nada além de tomar alguma coisa e fumar narguilé.
O New Jet Set tem isso: se você quiser, pode simplesmente chegar lá, sentar num sofazinho comprido no meio de outras pessoas, descolar um narguilé individual, fumar e ir embora. Não sei quanto custa.
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Já tinha acabado o almoço quando vi entrar uma moça de uns 30 anos, cabelo chanel laranja-cobre e calcinha laranja gigante aparecendo em cima do cós da calça jeans justa.
Ela fez menção de se sentar no sofá comprido reservado aos fumantes de narguilé, mas um homem bigodudo nos seus 50 anos disse a ela em francês:
- Você não pode se sentar aí. O lugar já está ocupado por outro senhor.
Rolou um começo de climão. Mas um dos garçons interveio rapidamente e avisou que o antigo ocupante do lugar já tinha ido embora e que, sim, ela podia se sentar.
Eu não quis ficar olhando muito. Paguei minha parte da conta, observei a rua um pouco e, 10 minutos depois, o senhor "você não pode se sentar aí" e a mulher de calcinha laranja estavam cada um com seu narguilé e no maior tête-à-tête. Davam risinhos como se fossem conhecidos de muito tempo.
Gosto de pensar que as demonstrações de intimidade louca e instantânea entre os dois não acabaram por ali.
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NEW JET SET
Rue Washington, 14 -- 75008, Paris.
quarta-feira, julho 01, 2009
Dance com Mohammed Wardi
Não me lembro bem quando foi o dia em que acordei de saco cheio de todas as músicas que conheço e resolvi tentar algo radicalmente diferente. Nesse dia, digitei "Sudan music" no Youtube e descobri Azibni, de Mohammed Wardi, tocada ao vivo num show em Adis Abeba, Etiópia. Uh!
Curiosamente, não gosto muito das outras canções do artista. Mas essa é especial, principalmente por causa dos violinos. Não tenho a menor ideia do que a letra diz (está em árabe? Também não sei), mas a melodia e a empolgação da galera sugerem que não se trata de uma música de enterro.
O vídeo é meio longo, mas vale a pena. Para saber mais sobre a vida do cantor e professor sudanês, veja duas biografias: uma aqui e outra aqui.
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