terça-feira, março 24, 2009

Rosana

Será que eu vou apanhar dos religiosos se eu contar a minha história? Tá bom, vou contar, mas aí você não bota o meu nome de verdade, tá? Inventa um, por favor. Minha história é a seguinte: depois de tentar arrumar namorado de todas as formas possíveis e imagináveis nesta cidade onde ninguém quer nada com nada, resolvi tentar nas igrejas evangélicas.

Uma amiga — que já adotou a igreja — me deu a ideia dia desses, disse que é ótimo. Não que ela esteja namorando, mas pelo menos tem conseguido conversar num nível aceitável com uns meninos. Trocou até telefones, e-mail, MSN, etc. Aleluia, irmãos.

Semana passada, saí com ela para comer um crepe e ela me veio com a sugestão:
— Você podia me acompanhar na semana que vem.
— Mas eu não sou evangélica. Fiz primeira comunhão, rezo Ave Maria…

Ela me interrompeu com um risinho.
— Você já participou de algum “pegue-me”, digo, Segue-me?
— Ah, não. Nunca fui católica a esse ponto. É como eu te disse: fiz primeira comunhão, rezo uma Ave Maria de vez em quando, mas nunca fui assim… fervorosa. Já fui em terreiro de candomblé, comunhão espírita, templo budista…
— Melhor ainda. Assim é que você vai ser acolhida mesmo. Pede um crepe doce para a gente dividir e eu te conto como é.

Em síntese, é o seguinte: em todos os cultos existe um momento em que o pastor pergunta se há pessoas novas por ali. Quem quiser se apresentar se levanta e diz o nome. Depois que todos os novatos já fizeram isso, a banda toca e todos vão cumprimentá-los. Ao que parece, essa hora é decisiva. É quando os meninos veem quem são as meninas novas, e quando as moças avaliam os meninos. A paquera rola a partir daí.

Segundo a minha amiga, é melhor fazer uma produção.
— Vai arrumada, tá? Todo mundo vai. Faz uma escova, bota um saltinho, que o negócio é fino.

Treinei uns sorrisinhos e uns acenos para fazer para a galera, mas posso desistir de tudo isso se tiver um surto de timidez na hora.

Também me esqueci de perguntar se eles fazem questão que a menina seja virgem. Mas… nada de queimar etapas, né? Primeiro, conhecer os meninos. Depois, fazer outras coisas.

Agora, estou cá de escarpin, terninho jeans, lente de contato azul, escova e bolsa Prada made in Feira do Paraguai esperando a minha amiga chegar. Queria fazer xixi, mas não tem banheiro aqui, né? Vou deixar para ir quando já estiver lá.

Eu aproveito para retocar o batom e pedir para Jesus não ficar muito brabo por eu estar indo para a igreja pelos motivos que acabei de te contar. Quer dizer, vai ser bom também ir para orar, buscar uma tranquilidade, né? Mas eu preciso muito de alguém, meu Deus do céu. A situação está séria, minha amiga. Muito séria.

3 comentários:

Anônimo disse...

n se preocupe. vc p o céu, rosana.

Anônimo disse...

Uia... Que história hein?! Mas apanhar tenha certeza que você não vai.

Porém digo mais, hoje tá difícil achar pessoas sérias (homens ou mulheres) também nas igrejas (católicas ou outras), mas também não é impossível!

Silvio Garcia Martins Filho disse...

Hahahahahaha!
Morri de rir com a história.
Acho q tem esse tal de pegue-me aqui perto de casa. Tem uma escola bem do lado do meu condomínio na qual as meninas ou os meninos ficam alojados durante um final de semana. Gosto qdo eles ficam aqui: desfiles do pessoal só de toalhas e brincadeirinhas ingenuas... mas elas, q tb fazem essas coisas, ficam 'orando' de madrugada parecendo q estão exorcizando alguém, pois todas gritam, querendo uma ganhar da outra em altura e em velocidade. A qqer hora parece q vai soar a musiquinha do Sena. Humpft!

Bjos!