Gente, alguém viu aquele comercial da Cláudia em que a moça está cozinhando, abre um pote de palmito, fecha o pote, corre para o marido e pede para o rapaz abri-lo pra ela? "Cláudia, independente sem deixar de ser mulher" O que vocês acharam?
Eu já tinha reparado nesse comercial e falado com a Mary Anjos. A mulher tá na cozinha fazendo comida enquanto o cara tá lá, sentadão no conforto do sofá, lendo alguma coisa. Tenho certeza que não foi a intenção dos produtores do comercial, mas a associação mais evidente é entre "sem deixar de ser mulher" com "lugar de mulher é na cozinha". Muito triste pra um país com tradição em propaganda e referência sobre o assunto no mundo inteiro.
Não vi, mas já achei ridículo. Aposto que eles fizeram essa coisa medonha só pra dar o que falar, ser vítima de protestos. Não é possível. Que mulher independente é essa idiota? Bom, se for a leiora da revista Cláudia,que é cafonice pura. Ale Carvalho (Lain)
Eu soube do comercial e até achei engraçado. Mas depois, fiquei pensando... qualquer alusão a posição da mulher hoje pode soar machista, mesmo que a intenção seja exatamente o contrário. Então é melhor não correr riscos, né não? Em todo caso, é bom ter um homem para fazer o trabalho pesado... hehehe... Muito legal teu blog. Beijos. Paola
Acho que neguinho é muito estressado com qualquer coisa que relacione a mulher à cozinha hoje em dia. Me amarrei na propaganda e achei tudo a ver. Ver as coisas com leveza de vez em quando faz bem. Sem ficar elocubrando teorias conspiratórias que denigram o papel da mulher na sociedade. E, sim, mulher cozinha para caralho, dentre outras coisas.
Felipe, não é estress nem teoria da conspiração, mas quando você faz um comercial a nível nacional sobre a mulher, tem que se levar em conta a história recente de luta por direitos iguais na sociedade. A mensagem tem que ser clara, sem segundas interpretações. Os produtores poderiam dizer "Ah, mas o cara do comercial é paraplégico, por isso ele fica lá sentado" ou "Ah, mas no casal do comercial quem manda é a mulher e o cara tinha acabado de fazer faxina sozinho na casa toda e estava exausto descansando no sofá quando sua esposa, acometida de uma pena sem precedentes, resolveu fazer uma gororoba qualquer com um palmito vencido há 5 anos pro escravo do seu marido que não aguentava mais nem levantar o braço." Pode até ser. Mas o comercial deixa dúvidas sobre um assunto delicado e isso não poderia passar despercebido.
Tudo bem, então, deixando a hipocrisia de lado, mulher tem que ficar em casa, esquentando a barriga no fogão e cuidando dos filhos enquanto o homem trabalha, sai com os amigos, vai jogar futebol e final de semana, fica em casa assistindo campeonato brasileiro enquanto a esposa faz faxina na casa. Hipocrisia é a gente viver no século 21, numa aldeia global onde todo mundo se acha moderno, operando botões como se já tivesse nascido sabendo aquilo e dizer que o papel da mulher é fazer comida.
O antropólogo Pierre Bourdieu já nos alertou quanto a "proteção cavalheiresca" que submete a mulher ao seu lugar de ser dominado e que não está apta a realizar uma série de tarefas que são inerentes aos homens dominantes. Quanto mais uma mulher é tratada como uma mulher mais ela assume seu papel de mulher, ou seja, mais ela é convencida de que não consegue dar marcha a ré no carro, de que não consegue carregar uma mala pesada ou realizar qualquer tarefa que pertença ao universo dos homens. O que é um absurdo, portanto mulher moderna sabe abrir uma lata de palmitos e homem moderno não fica protegendo mulher só para se afirmar como homem. Abraços!
7 comentários:
Eu já tinha reparado nesse comercial e falado com a Mary Anjos. A mulher tá na cozinha fazendo comida enquanto o cara tá lá, sentadão no conforto do sofá, lendo alguma coisa. Tenho certeza que não foi a intenção dos produtores do comercial, mas a associação mais evidente é entre "sem deixar de ser mulher" com "lugar de mulher é na cozinha". Muito triste pra um país com tradição em propaganda e referência sobre o assunto no mundo inteiro.
Não vi, mas já achei ridículo. Aposto que eles fizeram essa coisa medonha só pra dar o que falar, ser vítima de protestos. Não é possível. Que mulher independente é essa idiota? Bom, se for a leiora da revista Cláudia,que é cafonice pura.
Ale Carvalho (Lain)
Oi, Mari!
Eu soube do comercial e até achei engraçado. Mas depois, fiquei pensando... qualquer alusão a posição da mulher hoje pode soar machista, mesmo que a intenção seja exatamente o contrário. Então é melhor não correr riscos, né não? Em todo caso, é bom ter um homem para fazer o trabalho pesado... hehehe... Muito legal teu blog. Beijos. Paola
Acho que neguinho é muito estressado com qualquer coisa que relacione a mulher à cozinha hoje em dia. Me amarrei na propaganda e achei tudo a ver. Ver as coisas com leveza de vez em quando faz bem. Sem ficar elocubrando teorias conspiratórias que denigram o papel da mulher na sociedade. E, sim, mulher cozinha para caralho, dentre outras coisas.
Beijo
Felipe, não é estress nem teoria da conspiração, mas quando você faz um comercial a nível nacional sobre a mulher, tem que se levar em conta a história recente de luta por direitos iguais na sociedade. A mensagem tem que ser clara, sem segundas interpretações. Os produtores poderiam dizer "Ah, mas o cara do comercial é paraplégico, por isso ele fica lá sentado" ou "Ah, mas no casal do comercial quem manda é a mulher e o cara tinha acabado de fazer faxina sozinho na casa toda e estava exausto descansando no sofá quando sua esposa, acometida de uma pena sem precedentes, resolveu fazer uma gororoba qualquer com um palmito vencido há 5 anos pro escravo do seu marido que não aguentava mais nem levantar o braço." Pode até ser. Mas o comercial deixa dúvidas sobre um assunto delicado e isso não poderia passar despercebido.
Tudo bem, então, deixando a hipocrisia de lado, mulher tem que ficar em casa, esquentando a barriga no fogão e cuidando dos filhos enquanto o homem trabalha, sai com os amigos, vai jogar futebol e final de semana, fica em casa assistindo campeonato brasileiro enquanto a esposa faz faxina na casa.
Hipocrisia é a gente viver no século 21, numa aldeia global onde todo mundo se acha moderno, operando botões como se já tivesse nascido sabendo aquilo e dizer que o papel da mulher é fazer comida.
O antropólogo Pierre Bourdieu já nos alertou quanto a "proteção cavalheiresca" que submete a mulher ao seu lugar de ser dominado e que não está apta a realizar uma série de tarefas que são inerentes aos homens dominantes. Quanto mais uma mulher é tratada como uma mulher mais ela assume seu papel de mulher, ou seja, mais ela é convencida de que não consegue dar marcha a ré no carro, de que não consegue carregar uma mala pesada ou realizar qualquer tarefa que pertença ao universo dos homens. O que é um absurdo, portanto mulher moderna sabe abrir uma lata de palmitos e homem moderno não fica protegendo mulher só para se afirmar como homem.
Abraços!
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