Uma mensagem.
Prezada Mariana,
Descobri o seu blog recentemente e acesso todos os dias desde a cidade onde eu moro, (nome omitido), nos Estados Unidos. Sou brasileiro e estou aqui já há 18 anos. Venho por este e-mail falar de uma obsessão algo estranha, mas que me deixou arrebatado. O pior é que minha mulher, também brasileira, descobriu tudo ao fuçar meu computador e está furiosa. A história que vou te contar não ajudou muito a melhorar o nosso casamento, que já não andava lá essas coisas.
Para que não fique toda vaidosa, antecipo que a coisa não tem nada a ver com você. Você já passou, e bastante, da faixa etária que um dia descobri que de fato me interessa. Meu negócio é com L., que achei por acaso num dia em que saí a navegar em busca das minhas meninas. O encanto está no fato de L. ser diferente demais de todas elas. Se eu bem entendi a história, L. não tem nada a ver com essas aí que se encontram aos montes pela rede.
Quem mais hoje, meu Deus do céu, só quer um diário, um DVD pirata, um tocador de MP3 e um amor bobinho de escola? Vai tentar achar alguém assim nos Estados Unidos. Vai tentar achar na web alguém que tenha a ver comigo. Essas meninas de hoje, aqui, principalmente, já chegaram aos 30 – têm desejos e queixas incompatíveis com a própria idade - e nem se deram conta do fato. Só servem para encher a paciência. Para mim, rendem um encontro e tchau.
Desde que descobri L., eu saio e volto do seu blog para me embeber de L. Preciso dela diariamente. Se possível, a cada hora. Pode ver aí no seu contador: as visitas que você recebe desde este fim de mundo na América do Norte só podem ser minhas.
Minha mulher sempre foi ciumenta e tratou de descobrir logo dos meus seis, sete, oito acessos por dia, sempre no mesmo endereço. Tenho a impressão de que, para ela, foi pior do que ver um site qualquer com todas aquelas Barbies que o pessoal daqui adora. Já está falando em separação, em processo e em volta ao Brasil, entre tantas outras coisas sobre as quais estou zero a fim de pensar.
Meu negócio é outro.
Não venho pedir que converse com minha mulher e defenda este seu leitor. Não quero que diga que essa história em nada precisa atrapalhar a boa relação que tenho com ela.
Só preciso que você me diga o quão real L. é.
Ela é sua irmã? Sua sobrinha? É sua vizinha ou filha da sua manicure?
Preciso saber se ela é comprida e magra, ou se é uma brasiliense mignon como outras tantas que vi quando estive na cidade há mais de 20 anos.
Preciso saber se sonha comigo perto dela e quão aberta está para viver uma história livre de convenções. E, ainda que não esteja, ela tem que saber que, de tão longe, alguém a quer.
Por favor, diga-me pelo menos como devo imaginá-la.
Se bem a acompanho, Mariana, imagino que você vai querer publicar esta carta porque a história é, como você gosta de dizer, surreal. Não me oponho. Mas, por favor, não deixe que ninguém mais me identifique. E, se não for pedir demais, corrija algum erro de português que tenha ficado. Esse negócio de ficar tanto tempo tão longe mexe com a cabeça da gente. É algo que, se você ainda não sabe como é, ainda vai saber.
Sinceramente, V.
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E uma resposta.
Prezado V.,
Por mim, você pode imaginar a L. da maneira que quiser.
Ela é de mentira mesmo... Então, tanto faz.
Na condição de autora de todos os personagens deste blog, defini mui democraticamente que todos eles só passeiam, comem, estudam, viajam, vão ao banheiro, catam coquinho no shopping e dormem com quem eu decidir. E você não me parece uma boa pessoa para acompanhar alguém com as qualidades de L.
Sugiro que pare de empatar a vida da sua mulher e de perturbar todas as outras moças da web e vá lavar uma louça. Como dizem os americanos, get a life.
Atenciosamente, Mariana -- a matusalém de 27 anos que te criou.
PS.: quer fagocitar a minha personagem, me chama de velha e ainda pede para fazer revisão de texto? Vai ser cara-de-pau assim lá na casa do chapéu.
5 comentários:
Patética a tentativa.
Alguns gostam de acreditar, entrar na dança. Outros preferem perguntar a veracidade..
Eu
cheguei a acreditar na estranhesa da (su)realidade.
Cara, V. é sem noção demás.
Get a life²
Peraê: agora eu pergunto, também, se é verdade..., pois há uns acessos de alguém dos EUA no post L. = Lorena (?)
confusei
Oh, my God! Esse post mais o meu comentário ajuda mesmo a fazer confusão. Mas o fato é que eu e L temos algumas diferenças básicas a começar pelos 13 anos dela. Diferença que, aliás, muito me agrada também.
"NÃO TEM CARA DE TIOZÃÃÃÃO!!!"
ahuhauhauahuah
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